Justiça

Natiruts: entenda os lados do debate que foi parar na Justiça

Na data de estreia, a exibição do filme foi suspensa por liminar. O produtor do filme Rafael Morbeck e o advogado da banda Ciro Bueno contaram suas versões

Integrantes  Alexandre Carlo e Luís Mauricio da banda Natiruts -  (crédito: Marcelo Zilio)
Integrantes Alexandre Carlo e Luís Mauricio da banda Natiruts - (crédito: Marcelo Zilio)

A cinebiografia da banda de reggae Natiruts tinha data de estreia marcada para quinta-feira (22/8). Porém, a exibição foi cancelada por uma liminar que suspendeu todas as sessões nas seis capitais onde seria exibido. Ontem, o Correio ouviu o produtor do filme Rafael Morbeck, que relatava estar preparando sua defesa. Rafael disse ter sido surpreendido com a decisão da Justiça e considera que a posição da banda contrária à exibição é um "total absurdo".

De acordo com Ciro Bueno, advogado que representa a banda Natiruts, o motivo da suspensão foi o descumprimento de cláusulas contratuais pela empresa Merun Filmes. “Não houve autorização final, houve o veto pelos integrantes da banda. Então, basicamente, dentre outras obrigações, questões contratuais, ele (produtor) infringiu a cláusula que obrigava a ter uma aprovação prévia. Ele nunca obteve a aprovação da banda. O produtor tinha várias obrigações que ele não conseguiu desempenhar. A banda tinha o direito de veto e, em momento algum, a banda aprovou. Unilateralmente, ele decidiu apresentar o material a outras empresas de exibição sem autorização, o que viola o contrato e direito de imagem da banda", explica.

Em contrapartida, Rafael Morbeck alega ter um contrato válido, firmado com representantes da banda de reggae em outubro de 2018. “A gente chegou a fazer um promocional de 18 minutos que eles aprovaram a estética e a forma como a gente estava trabalhando. O nome do filme já foi no contrato”, afirma. O produtor confirma a participação dos integrantes e ex-integrantes do Natiruts durante as gravações do documentário, pois foram gravados depoimentos de vídeo para posterior exibição. “Eles apoiaram a produção. Cederam entrevistas, eles cederam material de arquivo”, ressalta Morbeck.

Segundo Ciro Bueno, o material para confecção chegou a ser enviado para a produtora, no início do contrato, como entrevistas e trechos de shows. Porém, em nenhum momento foi autorizada a apresentação do resultado final. “O contrato estava expirado. Ele não fez da forma como foi combinado. Foi feito de uma forma até mais precária do que foi estabelecido em contrato. E, de qualquer forma, a banda tinha sempre o direito de concordar ou não, de vetar a exibição. Mesmo tendo o veto, ele quis desrespeitar esse direito de veto e apresentou (o filme) por conta e risco. Não sobrou alternativa à banda senão, judicialmente, pleitear o cancelamento da exibição”, explica Ciro.

Por outro lado, Morbeck expôs uma contrariedade por parte da banda que, mesmo sob contrato de exclusividade, iniciou a gravação de uma outra produção. “A gente começou a gravar o documentário e nosso contrato é de exclusividade. Em algum momento, eles começaram a gravar outro documentário”, revela. Apesar dos desdobramentos, Morbeck ressalta que “não queria começar nenhum tipo de conflito”.

O representante da banda de reggae relatou um descontentamento com o resultado final, o que motivou a suspensão de exibição e publicação sobre Natiruts: o filme. “Antes dessa decisão judicial,  já houve notificações do jurídico da banda com o jurídico da Merun Filmes, inclusive por calls e  e-mails. Em momento algum, ele (o produtor)obteve essa autorização e, mesmo assim, decidiu, de forma antiprofissional, apresentar um trabalho sem ter a necessária aprovação prévia”, destaca o advogado.


 

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postado em 23/08/2024 19:33 / atualizado em 23/08/2024 19:39
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