ADOÇÃO

Conheça ONGs do DF que acolhem animais abandonados e promovem adoções

O Correio conversou com representantes dessas instituições, que contaram as histórias de dezenas de cães e gatos que esperam, ansiosamente, por um lar; saiba como adotar

 Maria, Pequena e 
Dentinho são idosos e estão 
disponíveis para adoção na Toca Segura   -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Maria, Pequena e Dentinho são idosos e estão disponíveis para adoção na Toca Segura - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Só quem já teve um bichinho de estimação por perto é capaz de entender e traduzir o poder da presença desses animais. O vínculo de confiança e afeto estabelecido com os pets é quase que imediato — há quem diga, inclusive, que eles são capazes de purificar os ambientes por onde passam. No Distrito Federal, há diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) que resgatam bichos e trabalham com adoção responsável. O Correio conversou com representantes dessas instituições, que contaram as histórias de dezenas de cães e gatos que esperam, ansiosamente, por um lar e ressaltaram a importância de se ter consciência na hora de adotar.  

Na Toca Segura (@TocaSegura), ONG que acolhe, castra e trata a saúde de animais abandonados, preparando-os para que sejam adotados, há, hoje, cerca de 230 cãezinhos disponíveis para adoção. Caramelo, preto ou branco, filhote ou idoso, grande ou pequeno, com dente ou banguela, há, no abrigo, todos os tipos de perfis e personalidades. Proprietária do espaço, Sandra Vieira ressalta, porém, que o processo de adoção é cauteloso. Os interessados respondem a questionários, criados por psicólogos, passam por entrevistas e recebem até mesmo visitas em suas residências, para que a equipe tenha plena convicção de que o pet será bem-recebido em seu novo lar. 

 Caes do Toca Segura - Adoções de Caes - Responsavel Sandra Vieira.
Os pastores Ravena e Sírios foram abandonados juntos e estão disponíveis na Toca Segura (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Consciência

Sandra ressaltou que a impulsividade é inimiga da adoção responsável. Emocionada, contou que desde que iniciou os trabalhos com resgate, há nove anos, vivenciou experiências inimagináveis. "Às vezes, a pessoa adota por impulso, quer naquele momento por algum motivo, e depois percebe que o animal não é exatamente aquilo que ela idealizou. Acontece, inclusive, de as pessoas ligarem de madrugada pedindo para que a gente busque o cão", desabafou. 

Ela indicou que, antes de adotar, o futuro tutor deve avaliar suas finanças, equilíbrio emocional e sua disposição e paciência para lidar com todas as questões que envolvem a criação de um animal. "É a mesma coisa que adotar um bebê, não tem diferença. As pessoas imaginam que não haverá problemas, e aí aparecem as questões", alertou, ressaltando que é preciso haver um estudo da situação.  

 Caes do Toca Segura - Adoções de Caes - Responsavel Sandra Vieira.
Maria, Pequena e Dentinho são idosos e estão disponíveis para adoção na Toca Segura (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Os cães da Toca Segura são expostos em duas unidades da Petz (Epia e Sia), mas também podem ser adotados no abrigo. A protetora explicou que o processo é iniciado após o contato pelas redes sociais da instituição. Os animais somente são entregues aos tutores após estarem prontos, em termos de saúde, e com suas devidas plaquinhas de identificação, importantes em caso de fuga. 

 Caes do Toca Segura - Adoções de Caes - Responsavel Sandra Vieira.
O pitbull Koda, na Toca Segura (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Roberto Lima, protetor de animais e proprietário da ONG Casa Dorothy (@casadorothy), que atualmente abriga cerca de 30 cães, destacou que o tempo disponível para destinar ao pet é um dos pontos principais. "O amor é fundamental, mas a renda familiar é muito importante, porque o animal precisa ter qualidade de vida. Eles precisam de uma ração de boa qualidade, precisam passear, conviver com pessoas e animais, então o tutor precisa ter disponibilidade."

Aos fins de semana e nos feriados, a Casa Dorothy realiza feiras de adoção em várias localidades do DF. Ele relatou que já houve fins de semana em que 11 animais foram adotados. "Adotar é importante tanto para o convívio familiar quanto para o aprendizado. Com os animais, a gente aprende o que é amor de verdade, para além dos bens materiais", afirmou o protetor. 

Polly, um ano
Polly, um ano, no Clube do Gato (foto: Casa Dorothy)

Amor à primeira vista 

Em 2018, a analista de sistemas Karyne Côrtes, 48 anos, esteve no Toca Segura para levar doações. À época, moradora de um apartamento e tutora de dois cães e um gato, contou que não tinha pretensão de acolher mais um animal. No entanto, vivenciou um amor à primeira vista quando esbarrou com Snow, um peludinho de sete anos que, impossibilitado de andar, vivia no local.

"Quando a Sandra me contou a história dele, eu já comecei a chorar, fiquei desesperada por ele. O Snow foi encontrado nos trilhos do trem que passa por trás do Guará, ele não podia andar e foi abandonado lá. Inicialmente, eu tentei achar uma outra pessoa para adotá-lo porque ele tinha uma cadeirinha de rodas e precisava viver em uma casa, mas eu fiquei tão apaixonada que sonhava com ele à noite, até que eu decidi que a família dele era eu", lembrou. 

Há quase seis anos vivendo com Karyne, o cachorrinho passou por duas cirurgias para reconstrução dos joelhos e hoje é capaz de correr e brincar, apesar da artrose que desenvolveu em decorrência dos maus-tratos sofridos. "A gente vê lá no abrigo tantos cães adultos e saudáveis que estão só esperando uma família e as pessoas escolhem os filhotes. Eu fiz um Instagram para o Snow (@principe.snow) justamente para divulgar a adoção de animais adultos. Ele tinha em torno de 7 anos, fará 13 em setembro, e está aqui, brincando, fazendo a fisioterapia dele, dormindo e comendo bem. Ele é a paixão da minha vida, eu não sei o que é ficar sozinha em casa, porque aonde eu vou eles vão atrás", declarou. 

O pequeno Snow tinha cerca de 7 anos quando foi adotado. Para a tutora, é importante a conscientização acerca da adoção de cães adultos
O pequeno Snow tinha cerca de 7 anos quando foi adotado. Para a tutora, é importante a conscientização acerca da adoção de cães adultos (foto: Arquivo pessoal )

Felinos são companheiros 

Há cerca de 12 anos, a ONG Clube do Gato (@clubedogatobrasil) atua proporcionado lares temporários para que os gatinhos permaneçam enquanto não são adotados. Segundo Cecília Prado, integrante da instituição, essa é uma forma de observar o animal de perto. "Com o modelo de lar temporário, a gente consegue entender o temperamento de cada um e identificar questões de saúde de forma mais rápida. Isso permite que nos conheçamos melhor cada um dos gatos", explicou. 

Beatriz, 2 meses
Beatriz, 2 meses, no Clube do Gato (foto: Clube do Gato )

Desde que foi fundado, o Clube do Gato já viabilizou a adoção de 1,8 mil gatos, de forma direta. Cecília contou que, na capital, há muitas pessoas que, apaixonadas por gatos, desempenham bons papéis de tutores. Aos que têm interesse em ter um felino, ela alertou que, no caso de quem mora em apartamentos, é necessário que as janelas sejam teladas e que as casas não tenham rota de fuga. O ambiente também precisa ser preparado para receber os gatos. "Existe uma cultura de criar os gatinhos soltos na rua, mas não necessariamente o seu vizinho quer ter o gato, então já aconteceram várias tragédias por causa disso, e nós alertamos que a segurança do animal é muito importante." 

Neji, 1 ano, cego de um olhinho e FELV+
Neji, 1 ano, cego de um olhinho, na Casa Dorothy (foto: Clube do Gato )

Cerca de 90% da renda para manter o projeto vem de recursos obtidos com a venda de "produtos do bem" — a instituição tem uma loja virtual, em que comercializa produtos como canecas ilustradas, com lucro revertido integralmente para a ONG. Os outros 10% vêm de doações. Para adotar pela instituição, é necessário preencher um formulário disponibilizado no site da ONG (www.clubedogato.org.br) para que o processo seja iniciado. "Dois gatinhos é a quantidade ideal, porque eles interagem muito um com o outro, a maioria dos nossos adotantes têm dois gatinhos", disse Cecília. 

 

Saiba antes de adotar:

» Animais demandam tempo, você precisará brincar e levá-los para passear. 

» Os gastos são reais! Rações, vacinas e remédios custam dinheiro. 

» Animais não são descartáveis. Assim como os humanos, os bichos se apegam e podem apresentar quadros de depressão quando se sentem sozinhos. 

 

 

Saiba antes de adotar

» Animais demandam tempo, você precisará brincar e levá-los para passear. 

» Os gastos são reais! Rações, vacinas e remédios custam dinheiro. 

» Animais não são descartáveis. Assim como os humanos, os bichos se apegam e podem apresentar quadros de depressão quando se sentem sozinhos. 

  • Medina, 2 meses, no Clube do Gato
    Medina, 2 meses, no Clube do Gato Foto: Clube do Gato
  • Beatriz,
2 meses, no Clube do Gato
    Beatriz, 2 meses, no Clube do Gato Foto: Clube do Gato
  • Neji, 1 ano, cego de um olhinho, no Clube do Gato
    Neji, 1 ano, cego de um olhinho, no Clube do Gato Foto: Clube do Gato
  • Liza, 
dois anos, na Casa Dorothy
    Liza, dois anos, na Casa Dorothy Foto: Casa Dorothy
  • Polly, 
um ano, na Casa Dorothy
    Polly, um ano, na Casa Dorothy Foto: Casa Dorothy
  • O pitbull Koda, na Toca Segura
    O pitbull Koda, na Toca Segura Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • Os pastores Ravena e Sírios foram abandonados juntos e estão disponíveis na Toca Segura
    Os pastores Ravena e Sírios foram abandonados juntos e estão disponíveis na Toca Segura Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • O pequeno Snow tinha cerca de 7 anos quando foi adotado. Para a tutora, é importante a conscientização acerca da adoção de cães adultos
    O pequeno Snow tinha cerca de 7 anos quando foi adotado. Para a tutora, é importante a conscientização acerca da adoção de cães adultos Foto: Arquivo pessoal
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postado em 13/08/2024 06:00 / atualizado em 13/08/2024 07:02
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