Levar alegria, cultura e brilho das tradições das festas juninas aos idosos em casas de longa permanência. Foi com esse objetivo que os brincantes da quadrilha Mala Véia, a mais antiga em atividade no Distrito Federal, percorreram institutos e organizações filantrópicas da capital com apresentações e vivências culturais entre os meses de julho e agosto deste ano. Ao todo, 210 idosos foram contemplados nas instituições Bezerra de Menezes (Sobradinho), Lar dos Velhinhos Maria Madalena (Núcleo Bandeirante), Casa da Vovó (Plano Piloto), Associação São Vicente de Paulo (Taguatinga), Casa do Candango (Sobradinho) e Vila do Conde (Arniqueiras). A última ação ocorreu no último sábado (3/8).
“O nosso principal objetivo foi proporcionar alegria e entretenimento aos idosos que estão acolhidos nessas instituições. Essas ações foram muito gratificantes. Os residentes nos receberam com muito carinho, alegria e entusiasmo. Acho que as danças e as músicas típicas dos festejos juninos despertaram as memórias e proporcionaram momentos de diversão e descontração. Acredito que conseguimos cumprir a nossa missão de promover a interação social, vivenciar a cultura popular e contribuir para o bem-estar emocional dessas pessoas idosas”, relatou o idealizador do projeto e presidente da quadrilha Mala Véia, Stéfano Felipe Borges.
A ação foi realizada pelo Instituto Latinoamérica, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e o Governo do Distrito Federal (GDF). Além das apresentações, os idosos participaram de encontros de saberes sobre o movimento junino, que foram conduzidos pela educadora social Rosilda Flor. “Para todos nós, foi um grande desafio. Quando chegamos, tínhamos em mente uma coisa, mas quando fomos fazer, nos deparamos com várias vertentes. Tivemos contato com idosos com pouca mobilidade e algumas dificuldades de memória, e o grande desafio foi como chegar e falar para essas pessoas. Gente com tanta vivência, bagagem e vida. Tocamos essas pessoas através do amor, compreensão, carinho e cuidado. A cada casa visitada, sentimos a recepção carinhosa através do olhar e do toque das pessoas”, explicou Rosilda.
Ações que aqueceram o coração. Após participar da ação, os brincantes destacaram os sentimentos que tiveram com a troca. “Como quadrilheira, foi ótimo interagir com esse público. Sentimos de perto a alegria deles ao nos verem dançando para eles e com eles. Para a gente, foi muito emocionante ver que o projeto cumpriu com o dever”, destacou a quadrilheira Elidiane Borges.
“Foi uma felicidade enorme e uma honra levar a cultura do movimento junino para os idosos, que às vezes não têm muita autonomia para estar lá presentes, para vislumbrar o que é o movimento junino, o que são os festivais e o que os temas podem tratar. Eu acho que o movimento é isso. A cultura é isso. É sobre transpassar qualquer barreira, seja de idade, localidade ou logística. Levamos o amor, a paz, a união e os valores através da cultura", afirmou o noivo da Mala Véia, Ramon.
“Eu acredito que um projeto como este faz total diferença na vida das pessoas. Eu acho que deveria haver mais esse olhar de cuidado com o próximo e de levar a dança. A gente está acostumado a dançar nos arraiais e a estar no movimento junino, e não tem esse olhar para fora. Foi uma experiência muito linda e incrível. Amei participar. Com certeza, saímos com um olhar diferente. Com pensamento diferente e olhar para a inclusão. Neste projeto, vivenciamos na prática o que é inclusão”, refletiu o quadrilheiro Genilson da Conceição.
“Foi, de longe, uma das coisas mais maravilhosas que a Mala Véia fez em 2024. Ver o sorriso dos idosos foi surreal de bom, e ter o contato próximo foi incrível. Espero que possamos fazer mais isso”, concluiu o quadrilheiro Diogo Gomes.
Ao final das apresentações, os idosos também foram convidados a participar da quadrilha e puderam sentir a emoção dos festejos juninos. “Todo mundo tem direito de dançar e de se alegrar. Quando a gente chegava e perguntava se queriam dançar, alguns diziam ‘não posso, porque não levanto’, mas isso não foi problema; os nossos dançarinos iam até lá e incluíam essas pessoas, conduzindo-as. Entre tantos depoimentos, teve o de uma senhora que me tocou muito. Ao final da apresentação, ela disse: ‘Depois de tantos anos, eu até dancei’. Isso enche os nossos corações de amor”, compartilhou a educadora Rosilda Flor.
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História da Mala Véia
A quadrilha Mala Véia foi criada em 1980 em Ceilândia com a intenção de resgatar, vivenciar e divulgar a cultura popular nordestina em Brasília. O grupo traz na essência uma temática estilizada, que desenvolve a sua dança de quadrilha junina de forma contextualizada, em que os passos têm seu significado para o tema adotado. Atualmente, o grupo conta com 35 casais e 20 pessoas na equipe de apoio.
Ao longo de sua trajetória, a Mala Véia já conquistou diversos títulos, sendo três vezes campeã do Distrito Federal pela Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno (LinqDFE), campeã do concurso SEST/SENAT 2005, do concurso regional de Brasília, evento promovido pelo SESI e Rede Globo em 2001, e já conquistou o título de Campeã do Brasil pela Confederação Brasileira de Entidades Juninas, em 2006.
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