Preservação ambiental

Com ajuda da Inteligência Artificial incêndios são combatidos no DF

Com quatro câmeras instaladas na Torre de TV Digital e usando a IA, projeto identifica focos iminentes de queimadas no DF, possibilitando que o Corpo de Bombeiros atue de forma pró-ativa para evitar incêndios de grandes proporções

A idealizadora do projeto Priscila e sua equipe.  -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
A idealizadora do projeto Priscila e sua equipe. - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O combate aos incêndios ganhou uma forte aliada: a Inteligência Artificial. Há um ano, o projeto Sem Fogo-DF disponibiliza a tecnologia para o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) localizar previamente e apagar as queimadas, contribuindo com a preservação do meio ambiente. Com o auxílio de câmeras instaladas na Torre de TV Digital, a nova ferramenta identifica os sinais de queimadas em um raio de 15km a 25km. 

O programa foi criado a partir de uma parceria do departamento de ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB), da Giga Candanga — uma associação filantrópica de desenvolvimento científico e tecnológico, e é financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) a um custo de R$ 700 mil.

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Câmeras de ampla visão na Torre de TV Digital detectam focos (foto: Divulgação/ projeto SemFogo-DF)
 

Ao sinal de fumaça e de fogo, as quatro câmeras instaladas na Torre de TV Digital, no Setor Habitacional Taquari, captam as imagens disponibilizadas em tempo real para o Corpo de Bombeiros Militar (CBM-DF). De acordo com a coordenadora do projeto, a professora do Departamento da Ciência da Computação na UnB, Priscila Solis, as câmeras têm grande capacidade de captação de imagens e vídeos em diferentes zooms.

 

 02/08/2024 Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press.  Sem gogo - DF - Monitoriamento contra incendios. Responsavel Priscila e sua equipe.
Professora da UnB, Priscila Solis coordena o Sem Fogo-DF (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Ao localizar queimadas precocemente, a Inteligência Artificial notifica os bombeiros sobre a iminência de incêndio no local. "A corporação possui uma interface gráfica na qual notifica em vermelho os eventos que detectam fogo. Clicando neste evento, eles têm acesso à câmera que monitora a área do incidente e passa por uma avaliação da IA que identifica nas imagens formatos de fumaça caracterizando possíveis incêndios. Os bombeiros podem mexer na câmera para ver mais de perto o local do fogo e avaliar a sua magnitude", detalha Sollis. 

 

Ajustes

No ano passado, os primeiros resultados do projeto mostraram que o fogo precoce conseguia ser detectado, mas, em alguns momentos, o sistema errava. Neste ano, para melhorar a precisão, a equipe do projeto realizou alguns ajustes. Os resultados melhoraram, e o sistema se mostrou mais confiável.

"Na primeira etapa, são coletadas duas imagens da câmera, espaçadas em 1 minuto. As imagens são subdivididas em diversos quadrantes de duas imagens que são utilizados no processo de detecção. Isso permite a identificação de padrões do movimento. Na segunda etapa, o sistema move as coordenadas da câmera para aproximar a imagem (via zoom) no quadrante que possui alta probabilidade de haver fumaça, permitindo uma maior assertividade do sistema", explica o pesquisador na Associação Giga Candanga Paulo Angelo Alves Resende.

Conforme a coordenadora do projeto, a detecção de fumaça não é um processo trivial. "Um dos grandes avanços do projeto foi constituir um Dataset — base de dados conforme o algoritmo da IA — inédito do Cerrado brasileiro. Esse Dataset poderá ser útil para futuras pesquisas e desenvolvimento de outros projetos de pesquisa que usam a Inteligência Artificial", destaca.

Meio ambiente

A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o CBMDF têm acesso à plataforma que exibe os incêndios que ocorrem no DF desde julho de 2023, quando o projeto começou. Carolina Schubart, coordenadora do Programa de Prevenção a Incêndios Florestais (PPCIF), que faz parte da Sema, explica a importância deste projeto para o meio ambiente. "É muito eficiente. Pelas câmeras acompanhamos a dinâmica do incêndio em tempo real e em que estágio está. Conseguimos ter um tempo de resposta mais rápido, isso é um grande ganho", declara.

A Sema está preparando um outro projeto para expandir o sistema. A ideia é apresentá-lo ao Fundo Único de Meio Ambiente (Funam), trazendo mais recursos para a aquisição de mais câmeras. "Ainda estamos elaborando com a UnB a melhor forma de concluir o projeto para apresentá-lo à Funam para conseguir a aprovação", ressaltou Schubart ao revelar que os idealizadores procuram financiadores para ampliar e dar continuidade ao programa.

Até agosto deste ano foram atendidas 1.361 ocorrências de incêndio pelo CBMDF. Segundo a corporação, o projeto tem contribuído com o combate ao fogo na capital. "Toda ferramenta que contribua de forma mais eficiente e que confira maior proteção ao meio ambiente é bem-vinda, então, somos gratos pela oportunidade de participar desse projeto", disse a corporação em nota.

 * Estagiário sob a supervisão Márcia Machado

 

Raio X dos incêndio

Janeiro: 176

Fevereiro: 187

Março: 157

Abril: 206

Maio: 249

Junho: 208

Julho: 214

  • Professora da UnB, Priscila Solis coordena o Sem Fogo-DF
    Professora da UnB, Priscila Solis coordena o Sem Fogo-DF Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
  • Câmeras de ampla visão na Torre de TV Digital detectam focos
    Câmeras de ampla visão na Torre de TV Digital detectam focos Foto: Divulgação/ projeto SemFogo-DF
  • Em período de seca, focos de incêndio são comuns no DF
    Em período de seca, focos de incêndio são comuns no DF Foto: Ed Alves/CB/DA.Press
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postado em 06/08/2024 06:11
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