Da enorme quantidade de pessoas negras encarceradas à hiperssexualização da mulher negra, constata-se que as agressões racistas são cotidianas. Abordagens mais recentes que estudam os efeitos dessas vivências têm utilizado a classificação de estresse pós-traumático de base racial para se referir aos impactos da violência. Sintomas dessa condição incluem a sensação de impotência, irritabilidade e a percepção contínua de perigo, sentimentos experimentados coletivamente em vista da sua frequência e do fato de vivermos em um país de construção colonial e racista.
Ansiedade crônica, depressão e autoestima e autoeficácia diminuídas estão entre os impactos psicológicos resultantes da discriminação. Efeitos físicos incluem pressão alta, risco maior de doenças cardíacas e diabetes. Em relação aos aspectos sociais, nota-se a dificuldade de acesso à moradia, a oportunidades econômicas, ao estudo e à participação social. Todos esses elementos, que vão se sobrepondo, prejudicam drasticamente a saúde da população negra brasileira. Sem processos intencionais e conscientes de combate ao racismo, a tendência é que isso se perpetue.
Glícia Maria Feitoza de Paula, psicóloga clínica, conselheira do Conselho Regional de Psicologia (CRP/DF) e membra da Frente de Mulheres Negras do DF
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