A 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Águas Claras aceitou a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tornou réu o ex-médico Lauro Estevão Vaz, de 64 anos, acusado de matar a própria mãe em um incêndio criminoso no apartamento onde ela vivia, em Águas Claras, no dia 31 de maio.
A decisão foi proferida na sexta-feira (26/7) pelo juiz André Silva Ribeiro, que também determinou a conversão da prisão temporária do réu em preventiva. De acordo com as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o incêndio que vitimou Zely Curvo, de 94 anos, foi intencional e teve como foco a maca em que a idosa permanecia deitada.
Conforme revelado com exclusividade pelo Correio, Lauro Estevão deixou o apartamento cinco minutos antes do incêndio. Imagens do circuito interno de segurança do prédio mostram que, às 7h57, a namorada de Lauro saiu do apartamento da sogra e foi até a garagem do residencial Monet. Pouco depois, Lauro também desceu, deixando o local acompanhado de sua companheira.
Durante as investigações, testemunhas relataram que o ex-médico frequentemente deixava a idosa sozinha por longos períodos e não arcava com os custos de uma cuidadora. Zely era acamada e incapaz de se movimentar desde que sofreu um AVC.
Testemunhas também afirmaram à polícia que Lauro, enquanto responsável por gerir os recursos financeiros da mãe, no valor de R$ 12 mil mensais, utilizava esses recursos para suas próprias despesas pessoais. O Correio procurou a defesa do ex-médico, que informou que se manifestará apenas no processo.
Indiciamento e crime
No inquérito concluído pela PCDF, os investigadores dizem que o incêndio foi criminoso e teve como foco a maca em que a idosa, morta pelas chamas, passava o tempo inteiro deitada. Lauro foi indiciado por feminicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, uso de fogo, e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima — e fraude processual.
A PCDF destacou que ele está preso temporariamente e foi apresentado o pedido para a conversão da prisão em preventiva. De acordo com a delegada-chefe adjunta da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), Elizabeth Cristina Frade, caso seja condenado, Lauro pode pegar até 30 anos, pelo crime de feminicídio, acrescido de um terço da pena, por se tratar de uma vítima maior de 60 anos, além de mais dois anos, por fraude processual.
"Entre outros elementos, foram analisadas as imagens do dia dos fatos, sendo possível constatar que Lauro sai da residência em horário coincidente com aquele que vizinhos do apartamento afirmam que teria iniciado o cheiro de fumaça, às 8h", afirmou a delegada.