BRASÍLIA

Protesto em Brasília reúne centenas de venezuelanos contrários a Maduro

Manifestantes se concentram próximo a Torre de TV e clamam pela derrota do chavista da eleição deste domingo (28/7)

Centenas de venezuelanos se reuniram na tarde deste domingo (28/07), na capital federal, próximo a Torre de TV, para protestar contra o ditador Nicolás Maduro. O ato ocorre no mesmo dia em que a Venezuela vai às urnas para eleger um novo representante ou manter o atual presidente que já está no poder há mais de 10 anos. Maduro faz parte do chavismo, uma ideologia política que comanda a Venezuela há mais de 25 anos.

O Correio conversou com uma das organizadoras do protesto. Katiusca Alcala Nunez, de 45 anos, veio para o Brasil no ano de 2014 para fugir da pobreza que atinge a Venezuela. Com medo da situação financeira piorar, ela decidiu deixar tudo para trás e recomeçar a vida no país vizinho.

Formada em enfermagem, ela sonha em voltar para a terra natal caso o principal rival de Maduro, Edmundo González Urrutia, ganhe as eleições. “Mas eu como profissional que sou, tenho vontade de voltar para atuar na minha área de formação e cuidar do meu povo, que tanto precisa da gente”, destacou.

Questionada sobre o motivo de organizar o protesto, Katiusca afirma que por não conseguir votar, ela e alguns amigos decidiram se concentrar no centro de Brasília para dar apoio aos “irmãos venezuelanos” que estão votando neste momento. Ela ainda destaca com firmeza que Maduro irá perder. “A gente está muito feliz e esperançoso de que esse governo vai sair e, que teremos, um novo governo”, frisou.

Alcala Nunez acredita que a democracia voltará com a eleição de González e diz que “as expectativas estão muito boas”. Ao ser perguntada do motivo de torcer por uma vitória de Edmundo nas urnas, ela argumenta que é uma boa oportunidade de novas pessoas demonstrarem políticas diferentes daquelas que a Venezuela está acostumada há cerca de 25 anos.

A principal pesquisa que avalia as condições de vida na Venezuela, a Encovi, no último levantamento de 2021, destacou que 94,5% da população venezuelana está em algum nível de pobreza — e 76,6% estão na extrema pobreza.

Por conta do nível alto da pobreza, Katiusca acredita que mesmo com um possível novo governo, González levará um certo tempo para reerguer a Venezuela. “Porque durante esses 25 anos em que ela passou sob o chavismo, é tipo uma doença que demorou muito para ser tratada. Então, a gente acha que vai demorar, mas quando essa ferida for tratada e curada , estaremos prontos para voltar e reconstruir nossa Venezuela”, contou emocionada.

Katiusca disse que sente saudade de casa e não vê a hora de retornar. Ela disse que mesmo com moradia e emprego aqui no Brasil, as coisas não são as mesmas quando se está no lugar que nasceu.

A venezuelana contou que se encontrasse pessoalmente com Maduro, diria que que o trabalho desenvolvido por ele não deu certo. “Eu agiria com respeito, porque todos somos seres humanos. Eu diria obrigado e diria que (ele) fez um trabalho que não deu certo. E que deixe que outro entre em seu lugar para fazer um novo trabalho”, contou Katiusca.

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