"Honestino Monteiro Guimarães, presente!" Essa frase foi dita várias vezes, em meio a muita emoção, durante a cerimônia organizada pela Universidade de Brasília (UnB), ontem, quando foi concedido o título de geólogo post mortem ao líder estudantil visto pela última vez em outubro de 1973. O seu desaparecimento é atribuído ao regime militar no Brasil (1964-1985) e teria ocorrido após a sexta prisão do homenageado.
O caso de Honestino, de acordo com lideranças estudantis e grupos de Direitos Humanos, marca uma época de repressão e perseguição a opositores aos governos eleitos sem o voto popular até José Sarney assumir a presidência há 39 anos. Passadas décadas sem que se saiba, até hoje, o que houve com o estudante, a universidade reconheceu seu direito à graduação.
"A entrega desse título tem uma importância histórica para a UnB. É um resgate da nossa história. A universidade volta a lembrar o período da ditadura militar, quando foi violentada, perdendo vidas de pessoas que defendiam a democracia", destacou a reitora Márcia Abrahão. "Para mim, é ainda mais significativo. Sou geóloga e tenho muitos colegas aqui, na solenidade, que respeitam a história de Honestino. É algo que marcou e continua marcando nossa trajetória. Pedimos desculpas à família de Honestino", ressaltou ao Correio.
Cerimônia
Autoridades, ex-parlamentares, lideranças estudantis e parentes do homenageado compareceram ao evento. Sebastião Lopes Neto, primo de Honestino Guimarães recebeu o título em nome do familiar. "Nossa família foi massacrada e a perda dele é irreparável. Achamos que a homenagem aconteceu tarde, mas que sirva de lição para outras universidades do país seguirem o mesmo caminho", salientou.
Honestino Guimarães nasceu em Itaberaí (GO) em 1947, mudou-se com sua família para Brasília em 1960. Sua trajetória foi marcada pela defesa da democracia, dos direitos estudantis e da autonomia universitária.
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