Uma ano após ser inaugurada, Brasília viu nascer um dos mais mais importantes grupos metalúrgicos do país e o maior do Centro-Oeste, o Gravia, fundado pelos irmãos José, já falecido, e Carlos Gravia, que morreu, na madrugada desta quinta-feira (25/7), aos 89 anos.
"Com profundo pesar, comunicamos o falecimento do Sr. Carlos de Jesus Gravia, marido e pai amado, líder que soube inspirar pelo exemplo de ética, dedicação e trabalho", informou uma mensagem compartilhada na rede social da empresa.
Para os entes queridos, Carlos Gravia deixa a lembrança de companheirismo e persistência. "Ele amava ir para fazenda, almoçar com a família aos domingos e estava sempre alegre e brincalhão", contou Geovanna Gravia, 29, neta do pioneiro.
Nos últimos anos, junto a outro neto, ele realizou o sonho de voltar a cultivar uvas para produzir vinho. "No último domingo em família, eles beberam juntos as primeiras garrafas da vinícola Quinta do Gravia", acrescentou Geovanna.
Relação com Taguatinga
Português, o pioneiro passou por São Paulo antes de chegar a Brasília e abrir, em 1961, sua serralheria em um pequeno galpão, em Taguatinga Sul, cidade que cresceu junto ao empreendimento. Na ocasião do aniversário de 60 anos da cidade, o empresário recordou o início dos negócios em entrevista ao Correio. "Tínhamos só um galpão e morávamos de parede e meia com a fábrica. Foi aqui que nasceram todos os nossos filhos", recordou.
Aos poucos se transformando em indústria, a empresa forneceu à capital inúmeras soluções, como brises — elemento que protege o ambiente da incidência de luz — para os edifícios da Esplanada dos Ministérios, esquadrias dos vitrais e suspensão do lustre da Igreja Dom Bosco, estruturas para a sustentação de vitrais da Catedral de Brasília, a estrutura do teto de vidro do Teatro Nacional de Brasília e muitas outras.
O pioneiro acompanhou todo o processo de crescimento de Taguatinga. "Aqui é nossa base, onde mais investimos, onde a maioria dos nossos funcionários mora. É a nossa cidade do coração", disse Carlos Gravia na entrevista.
Legado
Ao Correio, José Humberto Pires, secretário de Governo do DF, referiu-se ao pioneiro como "um homem trabalhador, sério, discreto e muito correto, além de grande empresário", que deixou um legado, não apenas do ponto de vista econômico, mas como pessoa simples e de boa convivência.
Presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire lembrou que o pioneiro foi um grande exemplo de empreendedor visionário e que, juntamente com seu irmão, transformou um pequeno negócio na maior referência em metalurgia do Centro-Oeste, quando ainda pouco existia em Brasília.
"Deixará seu nome marcado na história do DF pela sua contribuição para o desenvolvimento das nossas cidades. O lema 'Nascemos com Brasília, crescemos com o Brasil' simboliza perfeitamente a história de sua empresa", declarou.
A Embaixada de Portugal em Brasília também prestou condolências, por meio de nota publicada no Instagram, destacando a importância de Carlos Gravia como membro da comunidade portuguesa. Foi o empresário e seu irmão José que, em 1962, fundaram a Associação Portuguesa de Brasília — "contribuição para a presença lusa na capital".
Na postagem da Gravia a respeito do falecimento do pioneiro, feita no Instagram, comentários se referiram a ele como "um grande homem" e "um verdadeiro pioneiro". "Muito querido e divertido. Adorava escutar suas histórias contadas e vividas nessas trajetória aqui na terra. Vai ser sempre lembrado pelo seu legado na história de Brasília", disse uma seguidora.
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