Homenagem

Amigos e familiares homenageiam a vida de Maria Cláudia Del'Isola

Em atividade realizada no parque que leva o nome da jovem morta em 2004, a associação idealizada pela mãe, Cristina Del'Isola, faz programação diversa com música e dança

Para guardar no peito e celebrar em união. Homenagear aqueles que não estão mais aqui é uma forma, para muitas pessoas, de lidar com o luto. Mais do que isso, encontram nessa dor um caminho que dê suporte para que outros indivíduos não conheçam essa mesma tristeza. Hoje, Maria Cláudia Del'Isola, morta de maneira brutal em 2004, completaria 39 anos. Familiares, amigos e muitos que não a conheceram fizeram questão de manter a memória da jovem viva, em uma reunião no parque que leva seu nome, na entrequadra 113/112 Sul.

Por volta das 10h deste domingo (21/7), uma grande programação se iniciava no espaço. Lá, as opções de lazer eram diversas e contagiantes. Adoção de pets, capoeira, dança e muita música. De fato, uma celebração em homenagem a Maria Cláudia. Para a mãe, Cristina Del'Isola, 66, o maior alimento de sua vida até aqui é a lembrança que mantém da filha, mesmo após as duas décadas desde o seu assassinato. 

Cada forma de expressar a perda de um ente querido se faz de modo especial, principalmente nos corações de mães. “Essa homenagem é algo que fazemos todos os anos. A gente faz dessa data um momento único, indo a uma comunidade, a uma instituição. Nesses locais, preparamos de forma silenciosa uma manhã ou uma tarde especial”, detalha Cristina. 

Em 2024, no entanto, o pensamento foi um pouco diferente do habitual. A ideia, com a proximidade dos 20 anos da morte da filha, era que a ação deste fim de semana servisse de exemplo para a realização de um trabalho voltado ao acolhimento. Cristina é responsável pela criação da associação Maria Cláudia pela Paz, que ajuda outras vítimas de violência contra mulher. Na companhia da mãe, o grupo de ação também ajudou no suporte das atividades. 

“Hoje, nós queríamos tornar esse dia especial. Temos refletido sobre essas dificuldades vividas neste mundo desprovido de luz. Queríamos proporcionar algo no parque que leva o nome dela, mas que homenageasse todas as mulheres vítimas de violência. Para nós, é um bálsamo ter o nome da Maria Cláudia aqui. Mas, na verdade, ela está aqui em nome de todas as Marias vítimas de violência. Esse espaço era o local ideal para essa energia e confraternização”, relata a mãe. 

Esse dia também é importante para Maria Fernanda Del'Isola, 41, irmã mais velha de Maria Cláudia. De certa forma, a mãe encontrou no auxílio ao próximo um jeito de lidar com o luto. Um pouco diferente de Cristina, a primogênita tentou ressignificar a dor a partir de outra perspectiva. “Ela quer (a mãe) simbolizar essa data com essa energia. Eu acho que internalizei essa tristeza. Tenho um coração um pouco mole, não sou tão forte quanto ela. Centralizei meu luto nos meus dois filhos, renovei a vida”, finaliza. 

A família viveu, há dois anos, a perda de Marco Antônio Del’Isola, marido de Cristina e pai de Maria Fernanda. Até hoje, o processo de luto não tem sido fácil. Mas a ideia de poder reencontrar os dois grandes amores de sua vida é tudo o que lhe mantém de pé. Todos os que foram e aqueles que continuaram. Essa é a prece de Maria Fernanda: estar com eles novamente.

Morta em casa

O crime aconteceu em dezembro de 2004 e foi considerado um dos assassinatos mais bárbaros do Distrito Federal. Bernardino do Espirito Santo Filho era caseiro da família de Maria Cláudia Del'Isola, enquanto Adriana de Jesus Santos, sua namorada, trabalhava como empregada doméstica na mesma residência.

A vítima foi abordada pelo casal antes de sair para a faculdade, agredida com um soco e obrigada a informar a senha do cofre. Depois, foi estuprada, esfaqueada e morta com um golpe de pá na cabeça. Seu corpo foi enterrado debaixo da escada principal da casa e encontrado três dias depois.

Durante três dias, a família de Maria Cláudia acreditava que a jovem estivesse desaparecida. Somente em 12 de dezembro eles descobriram que a filha mais nova estava morta e enterrada dentro da própria casa. Os assassinos recebiam ajuda dos patrões para criar o filho único do casal.

 

  

 

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