A Sala Martins Pena é o primeiro espaço do Teatro Nacional Claudio Santoro a ser reformado na obra promovida pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para reinaugurar um dos mais importantes espaços culturais do país, fechado desde 2014. Devido à complexidade da reforma e à necessidade de preservar o patrimônio tombado, a reforma foi dividida em quatro etapas. A Sala Martins Pena e seu foyer foram escolhidos para a fase inicial. A reforma completa incluirá também a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.
A obra consiste na modernização do equipamento público e na sua adequação às normas vigentes de segurança e acessibilidade. Na Martins Pena foram construídas duas saídas de emergência para o público. O restauro do teatro visa, sobretudo, manter as características originais do monumento, preservando a memória do patrimônio histórico, como os painéis de Athos Bulcão e os jardins de Burle Marx, conforme as diretrizes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“O Teatro Nacional é o maior equipamento cultural do país. São 500 mil metros quadrados destinados às artes e ter ficado tanto tempo fechado acabou causando sérios danos de manutenção”, pontua o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón. “Por isso, atualizamos o projeto e está sendo realizado um trabalho de restauro profundo com muito cuidado”, completa.
A primeira etapa da reforma está recebendo investimento de R$ 70 milhões, financiada pelo GDF, por meio da Secec-DF. A empresa Porto Belo, contratada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), está executando a obra com mais de 100 operários.
Repaginando
Aos poucos, a Sala Martins Pena, que ficou conhecida como o palco preferido dos artistas locais pela aproximação do palco com a plateia, vai retomando características marcantes e tomando novas formas. Após a conclusão das demolições, alvenaria e estrutura, os andaimes foram retirados, revelando o piso de concreto que está sendo preparado para receber 480 novas poltronas, 73 a mais que anteriormente. As novas poltronas, fabricadas na mesma tonalidade das originais, são feitas de material antichamas, substituindo o antigo tecido inflamável.
Os dutos de ventilação estão sendo instalados entre os assentos para atender ao novo sistema de ar-condicionado, com a área técnica localizada embaixo dos patamares da plateia. Novas luminárias foram instaladas no teto, e os banheiros foram reformados, recuperando os revestimentos originais de granito. A próxima etapa envolve a instalação das louças.
Os camarins estão sendo renovados, preservando as bancadas de pias, os mármores originais e os portais das portas. No caminho para o foyer, o corredor foi concretado e um novo banheiro e recepção foram construídos para atender ao público.
"O foco agora está na instalação de equipamentos e acabamentos, em conformidade com as diretrizes do Iphan", afirma Carlos Spies, diretor de Edificações da Novacap. "O sistema de ar-condicionado está sendo restaurado para ser mais moderno e cumprir as novas normas pós-pandemia, que exigem troca de ar nos ambientes", exemplifica.
Estruturas
As duas novas saídas de emergência da Sala Martins Pena estão prontas e agora passarão pela aplicação do revestimento. Também foram concluídos os fossos dos elevadores, o reservatório de incêndio com capacidade para 350 mil litros de água e as salas de geradores, que atenderão todo o teatro. Ainda estão em execução parte das instalações elétricas e hidráulicas e as intervenções de pintura e recuperação de infiltrações na fachada do foyer.
“O teatro foi fechado justamente pela questão dos sistemas de incêndio e segurança, que não atendiam às normas. Em razão disso, as intervenções estão sendo feitas para adequá-lo”, explica o diretor de Edificações da Novacap. “A Sala Martins Pena não tinha saída de emergência e foram criadas duas com dois túneis que saem no estacionamento para ter uma evacuação rápida do público”, observa.
Outra questão primordial na obra foi a inclusão da acessibilidade. Para isso, estão sendo implantados elevadores — que darão acesso do subsolo até o Espaço Dercy, no mezanino —, banheiros acessíveis e espaços específicos para pessoas com deficiência entre os espectadores.
“A plateia foi refeita com a angulação que permitisse a acessibilidade. Estamos assegurando isso, porque é uma sala importante para o público e que é um xodó dos atores e atrizes do Distrito Federal. O formato dela coloca o público muito próximo do palco, como se fosse um paredão de pessoas”, destaca o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec-DF.
Com informações da Agência Brasília
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