O esquema de entrega de celulares dentro do Complexo da Penitenciária da Papuda e as tratativas para a facilitação de fuga de presos orquestrado por um policial penal beneficiava inúmeros detentos vinculados ao Comboio do Cão e lotados no Centro de Detenção Provisória (CDP). Entre os possíveis presidiários favorecidos está Luiz Gonzaga da Rocha, conhecido como Juninho, um dos líderes da organização criminosa. Juninho responde pelo duplo homicídio de João Paulo e Vinicius, ocorrido em maio de 2020, em frente ao Golden Park Hotel e a Boate Dubai Show, em Samambaia.
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Juninho foi preso em outubro do ano passado, após uma investigação coordenada pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (DRACO) do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor). O criminoso estava na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim (RN), quando foi detido.
Após a prisão de Willian Peres e Fabiano Sabino, vulgo FB, Juninho teria sido o escolhido para assumir o posto de um dos chefes do Comboio do Cão. Em 2020, foi autor de um dos homicídios de repercussão na época. Aliado a Israel Gonçalves Silva, o mais conhecido Bagdá e também membro da facção, Juninho assassinou, a sangue frio, dois homens em frente à boate.
À época, as vítimas conversavam com amigos e estavam próximas aos carros estacionados no local, quando Luiz e Bagdá efetuaram diversos disparos de arma de fogo. Três dias depois do duplo homicídio, o dono da Boate Dubai, Tiago Cunha Morais, 33, foi morto. De acordo com informações da Polícia Civil, o crime foi queima de arquivo, uma vez que ele presenciou o duplo homicídio.
Beneficiado
Meses depois do duplo homicídio, Bagdá foi assassinado por rivais e Luiz saiu do DF em fuga. Juninho ficou foragido até outubro de 2023, quando foi capturado na praia do RN. Recambiado para a capital, foi para a Papuda e, atualmente, está lotado no CDP, onde aguarda julgamento.
Nessa quarta-feira (10/7), os policiais da Draco prenderam o policial penal Elismar Pereira de Sousa. De acordo com a PCDF, o policial chegava a receber R$ 20 mil por cada celular entregue nas celas onde estão os presos da facção. Os investigadores comprovaram ainda que Elismar receberia cerca de R$ 150 mil (por preso) para facilitar a fuga.
“Na casa dele (do policial), encontramos bilhetes com dizeres da facção criminosa, que continham mensagens dos detentos contendo informações detalhadas sobre valores de mercadorias ilícitas no sistema prisional”, detalhou o delegado Jorge Teixeira, adjunto da Draco.
Quanto à facilitação de fuga, o delegado ressalta que haviam tratativas iniciais sobre isso, mas sem esquema montado, como data, hora e modo de ação. Preso, Elismar poderá ser responsabilizado pelos crimes de corrupção passiva, introdução de aparelho telefônico de comunicação móvel sem autorização legal em estabelecimento prisional, prevaricação, promoção ou facilitação de fuga de pessoa legalmente presa e integração em organização criminosa.
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