SOLIDARIEDADE

Casa Azul, que atende 2 mil pessoas em vulnerabilidade por dia, pede ajuda

Instituição que ajuda pessoas em vulnerabilidade passa por sérias dificuldades financeiras

A organização sem fins lucrativos Casa Azul Felipe Augusto, que há anos dedica-se a combater as desigualdades sociais no Distrito Federal, está enfrentando sérios problemas financeiros. Ao Podcast do Correio, a presidente da entidade, Daise Lourenço, explicou que a instituição atende, diariamente, 2 mil pessoas, de 6 a 25 anos. Na conversa com a jornalista Adriana Bernardes, ela também informou que a Casa Azul também encaminha mulheres vítimas de violência doméstica ao mercado de trabalho.

Fundada há mais de 33 anos, em outubro de 1989, após uma tragédia familiar, a organização atua nas comunidades de Samambaia, Riacho Fundo II, São Sebastião e Vila Telebrasília. Daise contou que a Casa Azul está enfrentando uma situação financeira complicada, sobrevivendo com poucos recursos encaminhados pelo Executivo local, além de parceiros.

"Hoje, nós recebemos do governo R$ 410 por mês por criança, mas isso não é suficiente. É necessário o dobro desse valor. Dentro da parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), temos que cumprir algumas exigências impostas pelo governo, como a contratação de pedagogo, psicólogo, assistente social, cozinheiro, porteiro, entre outros. Com os valores que recebemos, 83% é destinado apenas para essas demandas. O restante é utilizado para alimentação, serviços de terceiros, combustível, gás", detalhou Daise.

A presidente da organização contou que ela e os demais membros da organização estão "se virando nos 30" para manter os funcionários e o funcionamento das unidades. Em um exemplo da grave crise vivida pela instituição, ela contou que, em uma unidade da Casa Azul, o governo repassou um valor de R$ 27 mil para alimentação. Dividindo esse montante por 600 crianças — considerando duas refeições por dia por criança e 22 dias úteis — o valor resultante foi de R$ 0,86.

"Não dá para comprar nada com esse valor. Mesmo assim, oferecemos uma alimentação super saudável. Temos arroz, feijão, e não faltam proteínas, legumes, saladas, biscoito e pão. É quase um milagre conseguirmos manter isso, e isso se deve muito à nossa rede de parceiros. No entanto, perdemos muitos parceiros com a pandemia. Após a pandemia, tivemos uma grande diminuição no apoio de pessoas físicas e jurídicas, além dos parceiros que nos ajudavam em projetos", lamentou. "Eu não tenho recursos para pagar água, luz, gasolina. Estamos buscando recursos, outros projetos e fazendo uma campanha de arrecadação para aumentar o número de colaboradores", citou.

Mercado de trabalho

Em 2024, 545 adolescentes foram encaminhados pela Casa Azul ao mercado de trabalho — ao todo, mais de 20 mil pessoas passaram por suas unidades. Além do apoio aos jovens e auxílio a crianças, a instituição também oferece suporte a mulheres vítimas de violência doméstica. O foco no apoio às vítimas, segundo Daise, ocorre porque Samambaia — onde se localiza uma das unidades da organização — é a segunda região administrativa com mais casos de violência contra a mulher.

"Nós sentimos a necessidade de projetos voltados às mulheres, capacitando-as para sair daquele vínculo de violência. Por termos uma sede em Samambaia, sentimos o dever de oferecer esse suporte, para que essas mulheres pudessem ser empoderadas e reescrever suas histórias, alcançando autonomia financeira", explicou.

Entre os cursos oferecidos pela Casa Azul para capacitação estão artesanato, resina, bijuteria e confecção de bolsas. Há também cursos voltados para mulheres não empreendedoras, previstos para agosto. "Para este ano, temos o objetivo de capacitar 1.225 mulheres e, para isso, estamos desenvolvendo projetos no Riacho Fundo, além da continuação do projeto em Samambaia", completou Daise.

Segundo a instituição, as crianças e adolescentes acompanhados pela Casa Azul são encaminhados pelos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). "Em 2018, uma equipe da área psicossocial fez um levantamento, criando um mapa de vulnerabilidade, que mostrou que a maior parte das crianças atendidas eram vítimas de violência sexual e drogas. Deste público, a conclusão foi que 80% (das crianças a partir dos 6 anos) conseguiram entrar no mercado de trabalho", celebrou.

 

Como ajudar 

Pix:
(61) 99169-4944

Informações:
(61) 99168-6481 / 3359-2098

Site:
casazulfelipeaugusto.org.br

 

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