Brasília, com seu urbanismo icônico e paisagens singulares, é mais do que a capital do Brasil. A cidade é um palco de histórias afetivas que se entrelaçam por gerações. Pais e mães, que um dia foram crianças correndo pelos parques e explorando o quadradinho, hoje perpetuam essas memórias com seus filhos. Desses espaços, destacam-se o Parque Ana Lídia e o Jardim Zoológico. O Correio ouviu relatos de pessoas que mantêm vivas as tradições nesses pontos emblemáticos.
O Parque Ana Lídia é um lugar mágico onde o riso dos pequenos preenche o ar. Alfeu de Oliveira Filho, 45 anos, tem lembranças dos passeios de domingo com seu pai. "Assim como ele, sou apaixonado pela minha cidade. E estar no parque me faz sentir, de fato, em Brasília. Ele gostava muito de nos levar para termos esses momentos, seja na Água Mineral além de outros locais em Brasília, cidade que ele amava", relembra Júnior.
Agora, Júnior leva a filha, Maria Fernanda, 10, para reviver aqueles dias. "Ela foi a primeira vez ao parque com 1 ano de idade, para uma sessão de fotos. Sempre é muito especial vir aqui e viver isso com ela, pois não tem como não lembrar de quando eu era pequeno. Acho que é algo que também vai ficar marcado para ela". Alfeu costuma compartilhar com Maria Fernanda histórias de quando visitava o local com seu pai. "Ela não conheceu o avô, então, sempre tem curiosidade", diz.
Conexão
A história da professora Flávia Pinheiro, 52, mineira de Belo Horizonte, também é interligada ao Ana Lídia. "Meus avós maternos vieram para cá no início da construção de Brasília. Na infância, minhas férias foram aqui em Brasília — no Parque da Cidade, em clubes, no shopping, nos gramados das quadras, onde brincava. Na adolescência, minha mãe decidiu que iríamos morar em Brasília. Aqui casei e tive dois filhos", recorda. "Ia muito com minhas tias no parque. Amava brincar no foguete, era uma diversão quando fazíamos o passeio. Meus avós moravam na 312 Norte. Pegávamos um ônibus na W3 e, depois, subir a pé até o parque era uma diversão", completa.
Agora, com os filhos adultos, percebe que ambos gostam de passear por lá. "Eles ainda frequentam o Parque da Cidade. Amam correr e fazer caminhadas. Gosto de contar para eles que eu também fazia isso. Assim, vão criando laços, vínculos afetivos, uma identificação com o espaço e com a cidade", destaca. "Acho que quando nós trazemos isso para a rotina, essas lembranças nos conectam com nossas raízes e com o nosso próprio crescimento. É bom voltar e ver que você teve uma história naquele espaço e que você pode repassar isso para futuras gerações", reflete.
Meio ambiente
Pela primeira vez, Erica da Silva, 38, leva a filha mais nova, Lara, 2, para conhecer o Parque Ana Lídia. Ela sempre adorou Brasília, desde pequena, e quer mostrar as belezas e atrações da capital para Lara. "É legal trazer as crianças para cá, é um ponto turístico pouco valorizado", comenta.
Mas o lugar favorito de Érica quando criança era o Jardim Zoológico de Brasília. Em breve, vai apresentar os animais para Lara. "Amava o Zoo e espero passar esse sentimento para ela", adianta a chefe de cozinha.
E Zoológico de Brasília é, sim, uma oportunidade de criar memórias que vão perdurar por anos. A advogada Erika Lenehr, 56, frequenta o espaço desde menina. "Amava brincar com minha irmã e meus primos nos imensos gramados do Zoo, além de ver os elefantes, os quais sempre adorei. Sempre levei meus filhos, Bruna e Pedro, para visitá-lo. É muito gratificante você poder ir com seus filhos a um local importante da sua infância, onde você também brincou", ressalta.
Com os filhos adultos, a moradora do Lago Norte faz os passeios com uma família maior. "Ir ao Zoológico na companhia das minhas netas é fantástico. É uma sensação de amor muito grande, é o filho do teu filho, você vê a continuidade da tua existência. Ir na companhia das minhas netas e dos meus filhos, ver eles ali, brincando com seus filhos, é uma continuidade do legado", emociona-se.
"Aprendi com os meus pais que a natureza deve ser respeitada, preservada em todas as suas formas. Passei isso aos meus filhos e hoje eu vejo eles passando isso para as minhas netas", complementa a advogada, em alusão ao Zoo.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso
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