Investigação

Inquérito vai apurar lesão corporal seguida de morte em caso de influencer

A modelo Aline Ferreira morreu após aplicar a substância PMMA (polimetilmetacrilato) nos glúteos, em uma clínica de estética de Goiânia; a dona da clínica foi presa em flagrante

Goiânia — A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) vai abrir um inquérito para apurar o crime de lesão corporal seguida de morte no caso da influencer Aline Ferreira, 33 anos. A modelo morreu após aplicar a substância PMMA (polimetilmetacrilato) nos glúteos, em uma clínica de estética de Goiânia. A dona do local e responsável pelo serviço é Grazielly Barbosa, foi presa em flagrante e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (4/7).

Grasielly responde por três crimes: exercício ilegal da profissão, execução de serviço de alta periculosidade e indução do consumidor ao erro. Segundo a delegada-adjunta da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), Débora Melo, um novo inquérito será aberto para apurar o delito de lesão corporal seguida de morte. “Estamos aguardando o laudo necroscópico, que está sendo feito no IML de Brasília. O resultado preliminar dizia a causa da morte a esclarecer. Precisamos saber se há como comprovar o vínculo do procedimento e a morte”, explicou.

Ao longo dos dias, os policiais vão colher novos depoimentos e fazer novas diligências. Alguns celulares foram apreendidos, incluindo o de Giselly. De acordo com a delegada, os aparelhos passarão por perícia e poderão revelar outras pessoas envolvidas. “Queremos saber como a autuada comprava esses produtos, se tinha alguém que ajudava, por exemplo.”

Falsa biomédica

Nas redes sociais e para os pacientes, Grazielly dizia ser biomédica. À polícia, ela alegou ter cursado três períodos de medicina em uma faculdade do Paraguai, mas havia trancado o curso há 3 anos.

“Ela afirmou que fez cursos livres na área da estética, mas isso será apurado. De qualquer forma, mesmo se ela fosse biomédica, não poderia injetar qualquer substância, uma vez que a função só pode ser feita por um médico”, afirmou a delegada.

Grazielly foi presa nessa quarta-feira (3/7). Policiais civis e agentes da vigilância sanitária estiveram na clínica para averiguar a situação do estabelecimento e notaram um alto fluxo de pacientes. “Nossa intenção era ver as questões de legalidade do local, até porque não esperávamos encontrá-la lá, porque a família da vítima havia falado que a autuada teria diminuído o contato com os parentes e até desativado as redes sociais. Mas, ao fiscalizarmos, notamos diversas irregularidades”, acrescentou.

Morte

Aline Ferreira soube do serviço prestado por Giselly por meio de indicações de terceiros e saiu de Brasília para ir até à clínica, em 22 de junho. De acordo com a polícia, ela fechou um pacote fechado no valor de R$ 3 mil por três sessões para colocar 90ml do gel nos glúteos. Na primeira, ela colocou 30ml.

No mesmo dia do procedimento, Aline passou mal, segundo os familiares. Quatro dias após a intervenção estética, ela passou mal e desmaiou. Foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, em 28 de junho, sofreu uma parada cardíaca. Os familiares decidiram pela transferência da modelo para um hospital particular do DF, mas, em 30 de julho, ela teve outra parada cardíaca. Na terça-feira, não resistiu e morreu. A causa do óbito foi uma infecção generalizada.

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