Velório

'Ela estava crescendo na carreira', conta familiar, em velório de modelo

Segundo os tios de Aline Ferreira, a notícia de seu falecimento foi recebida com choque. Jovem morreu após realizar procedimento estético, em Goiânia

Com roupas brancas e sob forte comoção, amigos e familiares se despediram de Aline Ferreira, que morreu aos 33 anos, após realizar um procedimento estético, em Goiânia. O velório ocorreu na manhã desta quinta-feira (4/7) e contou com cerca de 60 pessoas. A jovem morreu por infecção generalizada depois de passar por um preenchimento no glúteo com a substância polimetilmetacrilato (PMMA), contraindicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aplicação nas nádegas.

No Templo Ecumênico do Cemitério do Gama, cidade onde a jovem nasceu e cresceu, sua tia, Maria José Alves, 55 anos, disse não se conformar com a notícia da morte. "Não aceito que foi uma fatalidade. Essa mulher (biomédica que fez o procedimento) sabia dos riscos e mesmo assim prosseguiu nesse preenchimento. Tudo por ganância". Segundo ela, faltou fiscalização. "Não foi a primeira vez que esses crimes ocorreram e, infelizmente, não será a última", lamentou.

Bastante emotivos, muitos familiares e amigos preferiram não se manifestar; a sogra de Aline desmaiou durante o velório. Reinaldo Soares Batista, 64, também tio da jovem, contou que ela sempre teve o sonho de ser modelo. "Estava crescendo na carreira e o objetivo era continuar trabalhando como influencer, conquistando mais espaços", disse. Maria José acrescentou que Aline desejava fazer trabalhos para a TV. Além disso, a jovem foi descrita como uma mãe muito dedicada e amiga dos filhos.

O procedimento ocorreu em 23 de junho na clínica de estética Ame-se, localizada em Goiânia, e de propriedade de Grazielly da Silva Barbosa, que foi presa na quarta-feira (3/7) pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO). Segundo parentes de Aline, ela retornou para Brasília e, dias depois, começou a se sentir mal, com febre e dor de barriga. Quatro dias após a intervenção estética, ela desmaiou. Foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, em 28 de junho, sofreu uma parada cardíaca. Os familiares decidiram pela transferência da modelo para um hospital particular do DF, mas, no domingo (30/6), ela teve outra parada cardíaca. Na última terça-feira (2/7), ela não resistiu e morreu.

Com pouco mais de 45 mil seguidores, Aline trabalhava como modelo fotográfica e firmava parcerias e contratos com diversas marcas de roupas, biquínis e centros de beleza. A morte da influencer pegou todos de surpresa, entre familiares, amigos e aqueles que a viram crescer no Gama. Casada, ela tinha dois filhos, frutos de outro relacionamento. No perfil oficial da jovem, uma publicação com uma mensagem de pesar foi deixada. "A família e amigos lamentam profundamente esta perda tão dolorosa e irreparável. Aline era uma menina sonhadora e sempre sorridente, e é assim que devemos lembrar dela. Pedimos a Deus que conforte o coração de todos."

Investigação


Ao Correio, amigos e conhecidos da jovem falaram que ela permaneceu de repouso e de bruços. Por isso, a suspeita de que a infecção tenha relação com o produto utilizado pela médica, presa por crimes contra as relações de consumo durante uma operação conduzida pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) de Goiânia com a Vigilância Sanitária do estado. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que a clínica foi interditada por falta de alvará sanitário e de apresentação de responsável profissional com habilitação técnica. Já o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região (CRBM-3) esclareceu, em nota oficial, que não foi encontrado nenhum registro em nome de Grazielly da Silva Barbosa.

A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) informou que só dará mais detalhes sobre a prisão em coletiva de imprensa marcada para esta quinta (4/7). A reportagem tentou contato com a defesa, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

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