Nos primeiros seis meses de 2024, o número de acidentes com escorpiões no Distrito Federal aumentou mais de 4%, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), foram 1.442 ocorrências notificadas, enquanto no primeiro semestre de 2023, houve 1.384 registros.
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Os dados seguem uma tendência de crescimento observada em todos os acidentes causados por animais peçonhentos na capital federal. De acordo com o Boletim Epidemiológico Anual, produzido pela Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde da SES-DF, entre 2022 e 2023, houve um aumento de 23% nesses acidentes, com 5.096 casos envolvendo escorpiões de um total de 6.289, somando-se os dois anos. Entre 2022 e 2023, as notificações de escorpiões cresceram 33,54%, sem registro de óbitos.
Não existe uma única explicação para o crescimento, mas um fator preocupante e que altera o comportamento desse animal é a mudança climática. "Os períodos mais quentes e chuvosos são os de maior deslocamento do escorpião. A mudança climática, associada a essa característica natural, faz com que o escorpião passe mais tempo em atividade. Atualmente, percebemos a presença dele o ano todo", alerta Kenia Cristina de Oliveira, diretora da DIVAL.
Em 2023, escorpiões causaram quase 82% dos acidentes na capital, com Planaltina (429), Taguatinga (288) e Ceilândia (280) liderando em pedidos de socorro. O relatório da Dival ressalta que as aparições ocorrem tanto na estação seca como na chuvosa. Na segunda, os dados demonstram um pequeno aumento, porque em vez de se deslocar, o escorpião tende a procurar esconderijos seguros, que, muitas vezes, estão dentro de residências. Crianças e idosos são mais vulneráveis pela dificuldade de identificar o escorpião e relatar os sintomas.
Ambiente
O crescimento urbano desorganizado, a ocupação irregular do solo e o acúmulo de entulho e lixo próximo a áreas residenciais fornecem um ambiente propício à proliferação de escorpiões. No DF, a espécie mais comum é Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo. Sua reprodução é partenogenética, ou seja, de forma assexuada. Também podem ser encontrados na fauna do cerrado o escorpião de patas rajadas (Tityus fasciolatus) e o escorpião preto (Bothriuru sp).
"Os escorpiões não atacam o ser humano intencionalmente. Na maioria das vezes, o acidente acontece quando o indivíduo encosta no animal, e ele inocula veneno para se defender", explica Kenia. Esses aracnídeos têm como predadores naturais algumas aves, répteis (como lagartos e lagartixas), anfíbios e algumas espécies de aranhas.
"Quando retira-se entulho ou realiza-se tratamento químico para afastar o escorpião, o efeito pode ser o contrário. O escorpião não morre com inseticidas", avisa a especialista. Fazer dedetização é importante, desde que sejam tomadas medidas prévias de cuidado para vedar conexões do imóvel com ambientes externos, por onde o escorpião pode entrar. "Tampar aberturas de esgoto, soleiras, ralos de banheiros e fossas sépticas é imprescindível. Por onde passa barata, passa escorpião", sintetiza. Queimadas em terrenos baldios também atiçam a movimentação do animal.
Prevenção
A diretora da Dival recomenda que as pessoas façam inspeções domésticas regulares. A picada desse animal pode provocar acidente leve, moderado e grave, dependendo do volume de veneno inoculado e da imunidade da vítima.
Tampar ralos quando não usados, manter quintais limpos, eliminar fontes de baratas, e não deixar roupas no chão são algumas das medidas preventivas. Ao mexer em entulhos ou jardinagem, deve-se usar luvas grossas, botas e calças para cobrir o corpo.
"A criação de galinhas não é indicada para o controle de escorpiões, porque elas são animais com hábitos diurnos e não são bons predadores, nesse caso", completa Kenia.es ou amarrações, e muito menos succionado.
Ao encontrar um escorpião em ambiente doméstico, o mais adequado é tentar isolar o animal colocando um balde ou caixa por cima dele e ligar para a Dival, no 160, que irá coletá-lo. Todo cuidado é pouco, porque a aproximação faz o aracnídeo atacar. "Não orientamos tentar matar o escorpião, mas, se isso for necessário, deve ser com uma vassoura, ou outro objeto que distancie a pessoa do animal. Também não orientamos pegar com pinça", conclui.
Atendimento
Se avistar um escorpião, ligue para a Vigilância Ambiental no 160.
Caso seja picado, procure uma unidade que disponha de soro antiescorpiônico:
» Hospital Regional da Asa Norte
» Hospital Regional do Guará
» Hospital Regional de Brazlândia
» Hospital da Região Leste (Paranoá)
» Hospital Regional de Ceilândia
» Hospital Regional do Gama
» Hospital Regional de Santa Maria
» Hospital Regional de Planaltina
» Hospital Regional de Sobradinho
» Hospital Regional de Taguatinga
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