Com a chegada da seca, de julho a setembro, desponta nos galhos dos ipês a floração amarela, a queridinha de muitos brasilienses e visitantes da cidade. Nativos do Cerrado, além de contribuir com o meio ambiente, chamam a atenção de quem transita pelas vias e Entrequadras. Patrimônio natural de Brasília, a presença deles em um ambiente tão castigado pela baixa umidade colore a paisagem propiciando uma vista exuberante.
- Os ipês voltaram! Uma época que encanta Brasília
- Bióloga cria aplicativo para mostrar localização dos ipês do DF
- Floração do ipê-roxo está no auge em Brasília
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) estipulou a meta de alcançar o plantio de 1 milhão de ipês no DF e que, até o final deste ano serão mais de 20 mil novas mudas colocadas em solo, que se somarão às 270 mil já plantadas. A instituição afirma que todas as regiões administrativas receberão novas mudas nos próximos meses. Reforço que contribuirá para enfeitar a cidade e deixá-la mais bonita.
O período exato de floração do ipê amarelo pode variar de acordo com a região e as condições climáticas. "Há um relógio interno que controla as árvores e responde a fatores como fotoperíodo (quantidade de luz solar) e temperatura", explica o Engenheiro Florestal Dálio Ribeiro. No caso do amarelo, ele se desenvolve melhor em climas tropicais e subtropicais, com temperaturas variando entre 18° e 27°.
Apreciadores
Cristiano de Oliveira, 38 anos, é um grande apreciador da árvore e está ansioso para vê-la completamente florida. Motorista de caminhão, ele vem diariamente para a cidade para trabalhar, e relata que, sempre que possível, para um tempo para apreciar os ipês que colorem Brasília durante o inverno. “Como eu trabalho com o caminhão, às vezes não dá tempo. Mas, de vez em quando, venho passear em Brasília nos finais de semana e aí a gente presta atenção e tira fotos. É muito bom vê-los colorindo a cidade”, afirma.
A fase em que as flores dos ipês começam a cair é a preferida de Cristiano. "Tanto o chão quanto as copas das árvores ficam com as mesmas cores", compara o caminhoneiro acrescentando que fica admirado com a aparência do eixinho sul durante o período, que permanece colorido ao longo dos meses de julho e agosto.
Outro admirador da espécie é Antônio José dos Santos, 29. O pintor mora em Águas Lindas (GO), mas vem a Brasília quase todos os dias para trabalhar. Ele explica que não costuma tirar muitas fotos das árvores, mas que gosta de parar para apreciar a beleza delas.
“Quando eles florescem é lindo, quando eles não estão floridos a paisagem não tem nem graça. A cidade fica mais alegre, fica tudo diferente, mais enfeitado, uma paisagem mais exótica”, afirmou o pintor.
Floração e preservação ambiental
O engenheiro Florestal Dálio Ribeiro avalia que, além de ser um símbolo de beleza natural, o ipê amarelo também contribui para a preservação ambiental. “As folhas do ipê absorvem o gás carbônico e liberam o oxigênio, combatendo a poluição e contribuindo para um ar mais puro nas cidades”, detalha e completa. "As raízes profundas da árvore previnem a erosão do solo, especialmente em áreas inclinadas, e ajudam a reter a água da chuva, evitando o escoamento superficial."
Segundo o especialista, os ipês também servem para atrair polinizadores como abelhas e beija-flores, auxiliando na reprodução de diversas plantas. "Seus frutos alimentam aves e pequenos mamíferos, criando uma cadeia alimentar próspera", completa.
A floração dos ipês no período de seca é explicada por Dálio. "É um mecanismo de sobrevivência. Com a falta de água, as árvores se incentivam a produzir mais flores, para assim gerar mais frutos que oferem sementes que, quando chegar a época das chuvas, poderão ser germinadas", conclui.
* Estagiários sob supervisão de Márcia Machado
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br