A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) realizou testes com alguns alimentos e constatou que o pão de forma e o mel de própolis podem causar alterações no teste de bafômetro. A revelação ocorreu durante entrevista coletiva realizada ontem pela PMDF, o Comando de Policiamento de Trânsito (CPTRAN), o Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) e o Batalhão de Policiamento de Trânsito.
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Os experimentos com o mel de própolis e duas marcas de pão de forma foram realizados pelo major da PMDF, Wanderson Roldão. No caso do pão de forma, a variação é momentânea, pois, caso o teste seja refeito de três a quatro minutos após o indivíduo ingerir o alimento, o resultado do exame aponta negativo. No primeiro teste, utilizando o pão, o etilômetro — bafômetro — marcou 0,17 miligramas de álcool por litro de ar expelido (mg/l). Três minutos após a cobaia ingerir o alimento, o aparelho apontou 0,0mg/l.
Com o mel de própolis, o teor alcoólico do primeiro teste foi de 0,87mg/l. Cerca de 2 minutos depois, baixou para 0,16mg/l. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o condutor deve responder criminalmente caso o resultado do teste de bafômetro seja igual ou superior a 0,3 mg/l de álcool presente no organismo.
A respeito da variação dos exames de bafômetro, os condutores que consumiram pão de forma podem ficar despreocupados, de acordo com o major Roldão. O tempo de conversa entre o agente de segurança e o motorista já é suficiente para retirar qualquer vestígio alcoólico que esteja presente na mucosa da boca do indivíduo. “A pessoa que tenha ingerido o alimento, por exemplo, pode comunicar ao policial. Caso álcool em concentração pequena, o próprio teste identifica isso e não haverá autuação nesse contexto. Vamos esperar alguns minutos e refazer o exame para que o resultado seja justo”, observou.
Fermentação
A nutricionista Gabi Nogueira explicou que não há álcool adicionado nos pães de forma. “O que aparece é devido ao processo de fermentação orgânica para evitar mofo e proliferação de fungos.”
Outros alimentos também apresentam um teor alcoólico, segundo a especialista. “Kombucha é uma bebida fermentada que é um conjunto de bactérias e leveduras. Kefir, por ser um leite fermentado também com leveduras, dependendo da quantidade, pode sim apresentar certo teor alcoólico. E vinagre: os quatro tipos (balsâmico, branco, tinto e maçã) também provêm de fermentação, malte, milho, cana-de-açúcar, vinho”, destacou. Ela ainda disse que isso pode variar de acordo com a metabolização de cada indivíduo.
A especialista contesta a ideia de que algumas comidas cortam o efeito do álcool e burlam o teste. “O que pode ocasionar é retardar os efeitos. Seria muito simples se, após a ingestão de álcool, consumir o alimento e ele logo ser absorvido. Tanto que, dependendo do quantitativo de álcool ingerido, demora em média até 24 horas para ser eliminado do organismo”, descreve.
Atualmente, o teste possui uma margem de erro de até 0,04mg/l, a fim de aferir o equipamento. “Até esse limite o indivíduo é liberado sem autuação. A busca é feita para descobrir quem são as pessoas que estão dirigindo sob efeito alcoólico, por isso a avaliação é feita a partir do ar do pulmão e não daquela concentração que pode haver na mucosa da boca. Então já temos essa percepção e o sentido é justamente promover justiça", enfatizou Roldão.
Infração
De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), dirigir sob influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência, bem como recusar-se a ser submetido a teste, são infrações de trânsito de natureza gravíssima que geram sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e valor de R$ 2.934,70.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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