CB.PODER

"Eu considero o PPCUB um crime contra Brasília", diz Rollemberg

Em entrevista, o ex-governador Rodrigo Rollemberg alertou sobre os riscos que o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) podem gerar na cidade

Rollemberg acredita que seu governo focou em preservar a cidade e que, ao fim de sua gestão, entregou uma Brasília mais democrática e preservada do que a que recebeu -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Rollemberg acredita que seu governo focou em preservar a cidade e que, ao fim de sua gestão, entregou uma Brasília mais democrática e preservada do que a que recebeu - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Enquanto o atual governo defende que o plano tem sido amplamente discutido e ajustado ao longo de 12 anos, há uma forte oposição preocupada com os possíveis retrocessos que tais mudanças podem trazer. A preservação de Brasília, tanto em sua escala bucólica quanto em outras características urbanísticas e ambientais, continua sendo analisada para um desenvolvimento sustentável e respeitoso da capital do Brasil. Ao programa CB.Poder — parceria entre Correio e a TV Brasília —, desta terça-feira (16/7), o ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg, atual secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), fez duras críticas ao Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB). Ele classificou o plano como um "crime contra Brasília" e alertou sobre os riscos que ele representa para a cidade.

Rollemberg destaca a importância de entender Brasília em suas quatro escalas, conforme planejado por Lúcio Costa. "Eu considero esse PPCUB um crime contra Brasília. É importante a gente compreender Brasília nas suas quatro escalas. Uma das escalas de Brasília é a escala bucólica. Quando você coloca a possibilidade de construir residências ou aumentar muito a ocupação na orla do Lago Paranoá, você está contribuindo para destruir essa escala bucólica de Brasília", afirmou em entrevista aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Samanta Sallum.

Ele também criticou a proposta de permitir a construção de hotéis e motéis em áreas anteriormente residenciais na Asa Norte. "Quando você permite a construção de hotéis ou motéis em áreas, anteriormente, residenciais na Asa Norte, você também está contribuindo para danificar a qualidade de vida do Distrito Federal", completou Rollemberg.

O ex-governador sublinhou a importância de preservar Brasília, não apenas por seu status de cidade tombada, mas porque merece ser preservada pela sua qualidade de vida e características únicas. "Eu entendo que Brasília não pode conviver com retrocessos. Nós tivemos uma conquista muito grande, eu diria uma conquista civilizatória, no nosso governo, ao democratizar o acesso à orla do Lago Paranoá para todos. Eu recebo cumprimentos por isso. Nós não podemos abrir mão da qualidade de vida que temos em Brasília. Brasília não é preservada por ser tombada. Brasília é tombada porque merece ser preservada".

Ao ser questionado sobre a longa discussão do PPCUB, que atravessa várias gestões e já dura 12 anos, Rollemberg justificou a falta de avanços durante seu mandato como uma decisão de combate à ocupação irregular e de democratização do acesso às áreas públicas. "Nós combatemos todo tipo de ocupação irregular, não apenas no plano piloto, mas em todo o Distrito Federal. Nós democratizamos o acesso às áreas públicas. Ao abrir a orla do Lago Paranoá para o usufruto do conjunto de toda a população, a gente garantiu uma conquista civilizatória de ocupação dos espaços urbanos e de preservação dessa escala bucólica prevista por Lúcio Costa", contou.

Rollemberg acredita que seu governo focou em preservar a cidade e que, ao fim de sua gestão, entregou uma Brasília mais democrática e preservada do que a que recebeu. "Preservamos muito por essas questões que, no nosso entendimento, eram fundamentais para a preservação da cidade e entregamos. A cidade preservada é muito mais democrática do que quando recebemos", concluiu.

* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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postado em 16/07/2024 18:49 / atualizado em 16/07/2024 18:51
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