As ruas pedregosas, desniveladas e cobertas por poeira são dor de cabeça aos moradores de alguns pontos do Sol Nascente e Pôr do Sol. No início do ano, fortes chuvas arrancaram a pavimentação de diversas dessas vias. Agora, com a seca, há relatos de que a ausência do asfalto dá lugar ao pó intenso, o que tem contribuído para o surgimento de doenças respiratórias naquelas áreas.
O Governo do Distrito Federal (GDF) executa, atualmente, obras em diferentes trechos da região administrativa, a cargo da Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (SODF). A pasta informou que as intervenções são de urbanização — drenagem, pavimentação, meios-fios, calçadas, sinalização vertical e horizontal. O órgão destacou o asfaltamento em ruas dos condomínios Pinheiro e Santa Rosa.
A secretaria explicou, em nota enviada ao Correio, que as obras na região são amplas. Devido a isso, foi realizado processo licitatório para a contratação da empresa responsável pela elaboração dos projetos de infraestrutura. Essa definição encontra-se na fase de declaração da companhia vencedora. "Com o projeto em mãos, aí, sim, será a vez de realizar licitação para a contratação de empresa responsável pela execução das obras", acrescentou o documento. Moradores pedem a ampliação das obras em outras áreas da região.
Sobre os transtornos causados pela poeira, a pasta informou que, enquanto não houver urbanização definitiva, seguirão sendo feitas ações de manutenção. Esse trabalho será desenvolvido com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e com a administração regional do local.
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Reivindicações
O Correio visitou ruas e quadras da localidade e ouviu moradores. Edson Batista, 44 anos, líder comunitário do Sol Nascente, faz reivindicações, há 22 anos. Ele contou que, apesar das melhorias em alguns pontos, outros ainda sofrem com a falta das obras definitivas. "Na época das chuvas, as enxurradas vêm muito forte e causam buracos. A administração vem e passa as máquinas, mas as ruas ficam com muito pó e a comunidade acaba sofrendo", protestou.
O vigilante Joeldison Vasconcelos, 42, mora na Chácara 128 há mais de 10 anos. Ele disse ser "uma verdadeira luta" o longo processo de reivindicações. "Mais de 10 mil pessoas vivem neste setor. Na época da seca, é muita poeira e a população vive doente", lamentou.
Na última quinta-feira, obras de pavimentação foram iniciadas na vizinhança da chácara 117, no Trecho 2. O secretário de Obras, Valter Casimiro, afirmou que essa urbanização não é simples, pois o local se encontra em região com grande sensibilidade ambiental. Os moradores estão próximos à Área de Proteção Ambiental do Planalto Central, vinculada a Áreas de Preservação Permanente.
A secretaria acrescentou que a região se caracteriza por ter o chamado "solo mole", o que atrapalha a pavimentação das ruas. "Técnicos da Secretaria de Obras, da Codhab e da Administração Regional realizaram vistoria técnica, etapa que antecede a elaboração de projeto de drenagem e pavimentação para esta região', informou a pasta. O órgão pediu desculpas e paciência aos comerciantes e moradores, e assegurou estar empenhado para viabilizar os asfaltamento.
Outra questão apontada pela secretaria é de que, pela legislação, apenas áreas regularizadas ou passíveis de regularização podem receber obras de infraestrutura. Devido a isso, no caso da Chácara 117, somente após a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab) normalizar a situação daquele local, a pavimentação poderá ser realizada.
"É atividade complexa, que demanda estudos de viabilidade, mas que precisa estar em constante processo de atualização. Existem ruas e condomínios situados em área de preservação ambiental, o que dificulta o processo de regularização, mas estamos superando o desafio", disse o secretário.
Ilusão
Em algumas ruas do Pôr do Sol, os moradores tiveram que pavimentá-las com concreto usinado. Essa é a situação da Chácara 133, no trecho 2 do Sol Nascente. Apesar do empenho para se barrar a poeira, os buracos no asfalto improvisado são aparentes.
O pintor Jamil Ribeiro, 54, mora na quadra 701 do Pôr do Sol há 18 anos. Ele reclamou que os moradores pedem pavimentação, e alegou que as obras são executadas somente para tapar, superficialmente, os buracos. "Não adianta eles virem aqui, apenas quando chove, para tapar os buracos. No início do ano, até os quebra-molas a enxurrada levou", comentou.
Ribeiro disse que a população tem organizado manifestações, a última há 15 dias. Como retorno do governo pelos protestos, receberam a informação de que a previsão para a pavimentação é que será finalizada em quatro anos.
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