A possibilidade de uma eventual candidatura à vice-presidente da República, avaliada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), a governadora em exercício, Celina Leão (PL), disse que o plano dela é continuar a carreira política no DF. Ela é candidata natural à sucessão de Ibaneis Rocha. Em entrevista às jornalistas Denise Rothenburg e Ana Maria Campos, no programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — de ontem, Celina destacou que alguns pontos polêmicos do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) podem ser revistos e vetados pelo governador Ibaneis Rocha.
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Há alguns dias, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) nos disse que a senhora é o nome preferido para suceder o governador Ibaneis Rocha (MDB), mas que pode ser um nome maravilhoso para a vice-presidência da República. Como a senhora avalia?
Fico muito grata pela lembrança em cenário nacional feita por uma senadora da envergadura da Damares, mas, meu projeto é local. Acredito que as pessoas saibam disso. Eu tenho uma participação no cenário nacional, mas há outras pessoas que já estão se articulando, inclusive, a própria Michelle Bolsonaro (PL) e outros atores que estão colocados em uma candidatura presidencial, não a minha, que sou vice-governadora e tenho um trabalho muito focado aqui no DF. Agradeço a lembrança, mas o nosso plano, o plano do Progressistas, é a continuidade no DF.
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Isso pode ser uma estratégia de possíveis candidatos? O senador Izalci Lucas (PL) esteve aqui na segunda e, ao ser questionado se seu nome iria para a chapa nacional, ele disse: tomara. Porque ele quer ser candidato.
Acho que é natural as pessoas desejarem o GDF. O próprio senador Izalci foi candidato nas eleições passadas contra o nosso projeto político, mas é natural as pessoas se colocarem como candidatas. Isso faz parte da política e o que vai unir todo o grupo é a capacidade de liderança, articulação e diálogos em torno de um projeto novo. Então, não estou aqui afirmando que esse projeto seria o meu, mas não fico incomodada quando outras pessoas são candidatas. Acho que o que eu preciso estar muito focada é com a qualidade da prestação dos nossos serviços públicos no DF, nas alianças, diálogos e, principalmente, na humildade.
Na semana passada saiu uma pesquisa encomendada pelo PL que colocou a senhora como líder nas intenções de votos para o governo, e mostrou um cenário um pouco embolado com relação ao Senado, tendo a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) liderando, mas a segunda vaga ainda está muito disputada. Como você enxerga isso?
Política não tem vácuo. O governador Ibaneis ou o grupo dele, em um determinado momento, saiu falando que ele não era candidato e isso dá margem para outras pessoas. Acho que a primeira coisa do nosso projeto político é que o governador será sim candidato ao Senado. Eu acredito que Brasília percebe o trabalho do governo. São cinco anos e meio de governo e a cidade já está transformada, muitas entregas estão sendo feitas e eu acho que o governador tem toda uma articulação para compor todos esses personagens que estão nesse cenário, sem tirar o brilho de ninguém.
Ele terá que construir uma aliança encontrando espaço para todo mundo, né?
Com certeza. Acredito que o espaço e os partidos que estarão conosco, vamos construindo através de diálogos e entregas que estamos fazendo. Acho que, no final, isso tudo vai ser convertido. Porque somos um grupo só, o que a esquerda hoje torce é para uma divisão do nosso grupo.
Antes das eleições do GDF temos as municipais. Como vocês vão trabalhar nas eleições do Entorno?
Eu tive uma conversa com o time do Progressistas, com Ciro Nogueira, e temos várias capitais, inclusive que têm como protagonista o PL, PP e Republicanos. Devemos inclusive fazer algumas visitas. Eu, a senadora Damares e a Michelle. A Michelle tem despontado muito, por exemplo, este final de semana ela estava em três prefeituras lançando três candidatas mulheres à prefeita de São Paulo. Eu acho que vamos dar uma repetida da dose, fazendo algumas viagens, igual fizemos no final do segundo turno das eleições. Mas, agora, apoiando candidaturas de mulheres desses três partidos onde tivermos convergência.
Qual sua aposta em relação ao que a Michelle Bolsonaro vai pretender em 2026?
A Michelle é uma pessoa tão encantadora. Quem conviveu com ela, igual eu, que fiquei 30 dias direto com ela, se impressiona com a simplicidade e com a força que ela tem como mulher. Para vocês imaginarem, ela foi para uma campanha eleitoral no segundo turno sem nunca ter passado por Media Training (processo que capacita indivíduos e organizações para lidarem com a mídia). Então, a força e doçura que ela tem é algo absolutamente natural. Ela tem feito a diferença no PL, já filiou não sei quantas mil pessoas, ou seja, ela cresceu no partido. Ela tem condição de estar em qualquer lugar.
Que ela será candidata ninguém tem dúvida?
Acho que ela não pode perder essa oportunidade de deixar um legado e se candidatar a alguma coisa. Para nós seria uma honra.
Na sua opinião, se ela for candidata ao Senado será pelo DF?
Acredito que sim, acredito que ela não seria por nenhum outro estado. E ela tem um apelo muito forte, nasceu em Ceilândia e continua com a mesma simplicidade. Ela está começando uma atividade política, que ela sempre falou com muita firmeza que não queria.
No início do ano que vem teremos eleições para presidente da Câmara. Eu ouvi de um integrante do Republicanos, partido do vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), que se ele obtiver o apoio do Progressistas para a candidatura dele à presidência da Câmara, o Republicanos aprova a candidatura da senhora ao GDF. Como está essa relação?
Eu tenho muito carinho pelo Marcos Pereira. É uma pessoa que tem uma história na vida pública, foi ministro e tem toda a envergadura para esse cargo. Mas, isso passa pela Câmara, deputados e pelos partidos. Hoje, eu me encontro como vice-governadora, então não estou participando diretamente dessas articulações. Eu gostaria muito que eles se entendessem para terem uma candidatura única, para não saírem rachados, mas acredito que uma condicionante não seria de eleição. É claro que a relação dele comigo é muito próxima e a gente sempre torce para que eles se entendam, mas acho que não é legítimo eu, que não estou na Câmara como deputada, falar quem o Progressistas iria apoiar.
Mas o apoio do Republicanos é um caminho natural, né?
Acredito que sim, é a base do governo, tem participação no governo, tem nomes fortes.
Talvez isso seja uma moeda de troca que do lado do Republicanos já está dada, né?
Eu acho que não é condicionante. Eu acho que uma situação não tem relação direta com a outra. Pode até facilitar uma segunda situação, mas torcemos para que eles cheguem a um acordo.
Você falou muito sobre entrega. Qual é a principal entrega que falta para os próximos dois anos?
Estamos entregando uma nova cidade. Seja na parte de infraestrutura, programas sociais, habitação agregando moradias e educação. Agora, Hélvia Paranaguá deve anunciar com o governador Ibaneis, na semana que vem, uma informatização total da secretaria e a digitalização do sistema da nossa Secretaria de Educação. E isso também na saúde. O que precisamos melhorar e não vamos ver a curto prazo é a saúde, porque estamos na construção de hospitais, mais três hospitais, oito Unidades Básicas de Saúde (UBSs), contratação de médicos e profissionais. Acredito que terminando de ajustar isso, melhoramos a saúde.
Existem muitas reclamações sobre a falta de profissionais na saúde. Como essa questão está?
Para falarmos de saúde, precisamos entrar um pouco na estruturação da saúde no Brasil inteiro. Porque enfrentamos durante um ano e meio a falta de anestesistas, pois não havia esse profissional. Fizemos concurso público com 188 vagas, mas ninguém tomou posse. Abrimos o credenciamento e todas as empresas que quisessem se credenciar, nós credenciamos, foram três. Para vocês terem noção do que isso significou, em 10 dias paramos 140 pessoas de cirurgias eletivas, que estavam paralisadas por conta da falta de anestesistas, que agora conseguimos resolver. Qual situação que caminha para o mesmo problema da falta de profissionais são os pediatras. Na conversa de hoje com a ministra da Saúde Nísia Trindade e o ministro da Educação Camilo Santana, falamos que precisamos que exista uma estratégia de oferta para capacitar mais residências para médicos de pediatria e anestesistas. E isso foi identificado pelo próprio ministério e falaram que, semana que vem, vai haver uma grande reunião para ampliar essas vagas.
Nessa semana o Ministério Público pediu explicações sobre os atendimentos aos pacientes oncológicos. Eles dizem que está tendo uma demora grande e sabemos que para quem tem câncer o tempo é fundamental. Poderia explicar isso?
Já estamos em execução de uma grande obra lá no Hospital de Base, e até o final de agosto iremos instalar um outro acelerador para fazer esse tratamento. Isso vai dobrar a capacidade de atendimento na nossa rede pública. Também estamos reformando o Centro de Infusão, também no Hospital de Base. Tivemos um problema no Hospital Oncológico, porque a empresa que ganhou a licitação não conseguiu entregar a obra. Há um planejamento de construção do hospital, mas até ficar pronto há ações sendo feitas.
Mudando de assunto, como ficará o PPCUB?
Ainda não recebemos o projeto. A Câmara deve encaminhar ao GDF. Acredito que o governador terá muito bom senso e irá vetar todas essas emendas que trazem prejuízo à nossa cidade e que podem ter alguma reação no tombamento. Acredito que quando ele chegar, vai olhar isso com muita cautela e com muita responsabilidade.
Alguns desses pontos polêmicos que são colocados por críticos e deputados podem ser revistos? Esse projeto ainda não é o final?
Não é o projeto final. Ele já até anunciou três vetos, como é o caso dos motéis na W3. Tenho certeza que ele vai fazer isso com muita responsabilidade. Ele vai chegar, olhar e discutir com vários técnicos. Temos uma boa equipe na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e acredito que vão tomar o melhor caminho para a cidade.
No seu ponto de vista existe alguma questão que pode ser revista?
Acho que tudo aquilo que fere a questão bucólica e de sermos um patrimônio da humanidade. Somos a única capital moderna que é tombada. Acho que devemos ter esse zelo, mas também precisamos de atualização. O PPCUB vai dar a sensação de uma cidade moderna, mas também atualizada. Vamos poder ver um Conic melhor e uma área da W3 também. Acho que algumas coisas são necessárias.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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