Uma viagem no tempo e no espaço para entender Brasília enquanto patrimônio histórico. É essa a experiência que as crianças e adolescentes da rede pública de ensino do Distrito Federal têm ao participar da imersão pela história e geografia do Distrito Federal no Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG-DF). O projeto "DF: Seu povo, sua história" existe há 30 anos e derivou de um acordo de cooperação entre o instituto e a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF). Ao todo, cerca de 120 mil crianças já foram atendidas pelo programa. O objetivo principal é promover o estudo e a divulgação do patrimônio, inspirando futuras gerações a respeitarem e valorizarem a herança cultural e patrimonial da capital do país.
"O acordo de cooperação com a Secretaria de Educação foi renovado em 2023. É um programa muito eficiente na colocação da história de Brasília e do incentivo ao interesse das crianças na cidade enquanto história e patrimônio nacional e mundial", declara Paulo Castelo Branco o presidente do IHG-DF no biênio 2023-2024.
"A educação patrimonial é o eixo transversal dessa atividade", destaca Denise Mota, uma das quatro docentes responsáveis pela imersão. Ao todo, o instituto conta com quatro professores, sendo dois de história e dois de geografia. As crianças têm contato com esse conhecimento que é necessário para criar identidade e sensação de pertencimento", acrescenta a professora.
Por ano, cerca de 5 mil alunos são recebidos para a imersão, que ocorre na sede do IHG-DF, localizada na quadra 703/903 Sul. Semanalmente, o instituto recebe de dois a três grupos para o curso. A maioria dos alunos recebidos são do quarto e quinto ano de escolas públicas do DF, mas o curso também é aberto para estudantes de escolas particulares, de universidades e também turistas.
Primeiramente, os estudantes são direcionados ao auditório no subsolo do instituto onde ocorre a parte teórica. "Na aula, são trabalhadas noções de geografia e história do Distrito Federal desde a Pré-história, mantendo no eixo os processos de transferência da capital até a inauguração de Brasília", explica a professora Denise.
Após a aula teórica, os alunos são guiados para o museu, onde é feita uma conexão do que foi trabalhado na aula com os objetos disponíveis no acervo, que conta com quadros, fotos, móveis, esculturas, vestimentas e réplicas de ambientes, como a casa de Juscelino Kubitschek em Diamantina, Minas Gerais, cidade onde nasceu.
O atendimento às crianças e adolescentes é o cerne do programa "DF: Seu povo, sua história", mas este também contempla aulas voltadas aos professores. "O curso de formação continuada acontece semestralmente e é voltado aos professores da Secretaria de Educação, mas pode ser aberto também a outros profissionais. Essa foi uma demanda que partiu dos próprios professores", ressalta o professor do IHG-DF, Luiz Gustavo Reis. "Outros profissionais, como jornalistas e turismólogos, também podem se inscrever para fazer o curso como convidados e também terão o certificado emitido", completa a professora Denise Mota.
Base curricular
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas para a educação infantil, ensino fundamental e médio no Brasil, estabelece que, entre os 9 e 10 anos, a criança deve compreender o território onde vive. A BNCC também traça diretrizes referentes ao ensino sobre a história e geografia de cada unidade federativa. "O currículo do DF diz que, a partir do quarto ano, a criança já deve começar a aprender geografia e história. A maioria das crianças que recebemos são do quarto e quinto ano. Ajudamos os alunos a entenderem noções de tempo, de processos, de tudo que aconteceu e culminou na transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília e a própria noção de formação desse território", detalha a professora Denise Mota.
Melhorias
As escolas interessadas devem entrar em contato com o IHG-DF e agendar a ida dos alunos. De acordo com o secretário-geral do instituto, Hugo Studart, um dos gargalos que impedem mais grupos de participarem da imersão é o transporte dos alunos, que geralmente acontece por ônibus fretado. "Nos últimos anos, temos percebido o aumento no interesse das escolas em trazer os alunos. No entanto, nem sempre é possível fretar ônibus", lamenta Studart.
Segundo o secretário-geral, um convênio foi firmado recentemente entre o IHG-DF e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) com o objetivo de melhorar os serviços oferecidos pelo instituto. "O convênio nos dará margem para contratar mais pessoal e explorar melhor o enorme potencial do IHG-DF como difusão da história de Brasília", salientou Hugo Studart. "A parceria também nos dará a possibilidade de multiplicar ainda mais a visitação de estudantes, proporcionando transportes às escolas que não tenham condições de fretar ônibus", complementa. "Além disso, também conseguiremos contratar mais gente de forma a ampliar o atendimento aos turistas que queiram apenas conhecer o museu", finaliza.
O IGH-DF
Fundado em 3 de junho de 1960 por Juscelino Kubitschek, o Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG-DF) tem entre as principais finalidades discutir e divulgar a cultura brasileira, contribuindo para sua identificação e para o seu desenvolvimento; preservar memórias das tradições nacionais; agregar materiais e documentos que testemunhem os primórdios e a evolução da capital federal e mantê-los em exposição permanente; promover e realizar cursos de diferentes níveis, entre outras atribuições.
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