Entrevista

"Direita quer manter a maioria", afirma senador Izalci Lucas

Ao CB.Poder, o parlamentar destacou que o partido trabalha com o objetivo de tornar Bolsonaro elegível para 2026. Caso contrário, o plano B é que o ex-presidente indique um nome. O parlamentar também fez críticas à saúde pública no DF

O senador foi entrevistado por Ana Maria Campos (C) e Adriana Bernardes -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O senador foi entrevistado por Ana Maria Campos (C) e Adriana Bernardes - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O senador Izalci Lucas (PL) afirma que a expectativa no partido é que Jair Bolsonaro concorra à Presidência da República, em 2026. Para ele, há fatores que podem influenciar a situação do ex-presidente, que está inelegível, como as composições do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além do resultado da eleição americana que, na análise do senador, reflete no Brasil. Os comentários foram feitos às jornalistas Ana Maria Campos e Adriana Bernardes no programa CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília desta segunda-feira (8/7).

O senhor pretende mesmo ser candidato mais uma vez ao governo do DF? 

Vim com esse objetivo para o PL. Lógico que você não impõe nenhuma candidatura agora. Todos sabiam que essa era realmente a minha pretensão. Estamos de segunda a segunda trabalhando para isso. Até porque eu não estou na política por carreira, mas fui para o Senado para mudar a lei e executá-la. 

Qual o desafio do próximo governador?

Imenso. Eu vi aqui o debate do PPCUB (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília) e, realmente, é importante não fazer muitas concessões para não perdermos esse patrimônio da humanidade que somos hoje. Mas em volta de Brasília está tudo largado, é invasão para todo lado. Saúde, nem se fala. Estamos em uma situação caótica com relação à saúde da família, que é, para a saúde, uma solução. Oitenta por cento dos problemas na saúde você resolve com a atenção primária, se você realmente tem um bom acompanhamento, que nós não temos hoje. Temos que ter um olhar imediato para a saúde, até porque não faltam recursos.

O que falta na gestão? O que o senhor mudaria?

A área da saúde, por exemplo, não tem nada informatizado, não tem controle de estoque de medicamentos, não há integração entre os hospitais, as Upas e as UBS. Quantas cirurgias são desmarcadas porque falta um anestesista ou falta um esparadrapo ou falta qualquer coisa. Precisamos fazer uma revolução na educação, começando pela educação infantil que é a base. Precisamos implementar a educação integral, a educação profissional. De todos os jovens que saem do ensino médio, hoje, somente 20% vão para a faculdade e os outros 80% ficam por aí iguais a zumbis.

A senadora Damares Alves esteve aqui, disse ser uma alternativa da direita ao governo do DF e sugeriu que Celina Leão deveria progredir a um projeto de governo nacional. Como o senhor avalia esse cenário?

Acho que a Celina tem o perfil e até torço para isso, que ela vá para um projeto nacional e libere aqui alguns votos, pois temos muitos eleitores em comum. A Damares é conservadora e foi eleita com votação expressiva. Evidente que ela tenha uma missão também, porque o projeto da direita conservadora é manter a maioria. Hoje, está acontecendo no Brasil uma distorção completa e o Senado não reage. Muitas prerrogativas nossas estão sendo tiradas ou desconsideradas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e a única instituição que pode realmente colocar um freio nisso é o Senado Federal. A Damares tem todas as condições e ela vai decidir, mas eu acho que ela tem um papel mais importante antes de sair candidata ao governo.

O nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é apontado como um possível candidato à Presidência da República apoiado pelos conservadores. Como o senhor acha que vai ser definido esse candidato ou candidata, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível?

Evidente que a nossa expectativa é que ele se torne elegível. Até porque, na eleição passada, o presidente atual também estava inelegível, estava preso, inclusive. Temos uma série de componentes que podem mudar isso, como a composição do Supremo, a composição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as eleições americanas, que também têm reflexos no Brasil. Mas estamos trabalhando muito no sentido de torná-lo elegível, porque, realmente, vejo Bolsonaro como imbatível na eleição de 2026. A direita vem crescendo muito e acredito que, se Bolsonaro ficar elegível, ele terá todas as condições de ganhar a eleição. Agora, o PL também já tem o plano B, caso ele não seja o candidato. Ele (Bolsonaro) indicará o candidato como o Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), o próprio Caiado, que terão que trabalhar nesse sentido.

Está acompanhando as eleições no Entorno do DF? Haverá muitos candidatos?

Tenho acompanhado e o nosso objetivo é realmente fazer o maior número de prefeitos e vereadores aqui no Entorno, pelo PL. Não vamos ter candidatos em todas as cidades, pois estamos fazendo composição em alguns municípios. Mas queremos fazer o maior número de vereadores possível. Temos alguns municípios em que a tendência é o PL fazer o prefeito. Onde não tem prefeito, estamos trabalhando em uma composição de vice, mas sempre buscando eleger o maior número de vereadores, que têm um papel fundamental.

Veja a entrevista:

 

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postado em 09/07/2024 02:00
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