Brasília será palco da primeira edição da Expovitis Brasil 2024 — Feira Nacional de Viticultura, Enologia e Enoturismo, que vai reunir grandes produtores de vinho do país, de 19 a 21 de julho, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF. Ao CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — o presidente do evento, Ronaldo Triacca, afirmou que o mercado da viticultura está crescendo no Distrito Federal. Na entrevista aos jornalistas Roberto Fonseca e Mila Ferreira, o empresário avaliou que o vinho brasiliense tem qualidade e compete no mercado nacional.
O que é a vitivinicultura? Esse é um mercado crescente no DF?
Com certeza, é muito promissor. A vitivinicultura é toda a produção do vinho, desde a uva até a garrafa. Brasília está vindo com muita força porque temos um clima espetacular, desde que seja no inverno. Justamente no período que é mais aprazível se degustar um bom vinho, estamos aqui com as nossas vindimas em Brasília diferentes de outras regiões tradicionais do mundo do vinho. Geralmente relacionamos a produção de vinhos com regiões frias, mas, nessas regiões tradicionais do mundo do vinho seja o Velho Mundo, seja em outros locais famosos, é praticamente impossível produzir no inverno, porque a uva matura no verão. Em Brasília, temos um clima de inverno ameno, muito peculiar, altitude em torno de mil metros, que propicia grandes amplitudes térmicas, e isso é muito benéfico para os compostos fenólicos da uva.
Qual o tamanho da produção vinícola no DF?
Temos entre todos os produtores do DF, em torno de 60 hectares de vinhedos de uvas viníferas, porque há uma diferença genética. As uvas viníferas são oriundas do Velho Mundo. As vitis labruscas são de origem americana, que são essas que compramos no supermercado, com as quais se faz geleia e vinhos de mesa. Brasília, hoje, tem bastante vinhedos de uvas de mesa, mas de uvas vinícolas para vinhos finos em torno de 60 a 65 hectares e no Entorno (Ride) também há muitas vinícolas e mais de 70 a 80 hectares. A região está crescendo muito. Com certeza, vai se tornar um polo importante para o vinho brasileiro.
Qual é a expectativa de negócios com a qual vocês estão trabalhando? Que tipo de produto vai ser oferecido ao produtor?
É uma feira que contempla toda a cadeia e haverá equipamentos, como trator para vinhedo, e outros, para vinícolas. Com certeza, teremos linhas de crédito também para o produtor rural, para o produtor de vinhos e para o dono de vinícolas. São mais de 70 vinícolas. Também é interessante porque levaremos empresários da parte de supermercados, de restaurantes e para quem quer fazer um tour na feira.
Como funciona a Vinícola Brasília?
A Vinícola Brasília nasceu de uma necessidade de 10 produtores de vinho, que produziam outros produtos agrícolas também, porque a parte mais cara é a vinificação. A ideia foi unir essas famílias que se conhecem há muitos anos, para juntar forças e baratear a parte mais cara do processo. A vinícola, hoje, está em um porte médio, digamos assim. Em nível nacional, é uma capacidade de vinificação em torno de 400 mil litros por ano.
Como está o cenário? Quantas fazendas e empresas participam?
Temos em torno de 15 propriedades, algumas já recebendo e outras se preparando para o enoturismo. Como estamos em Brasília e tudo remete à capital federal, estamos chamando de eixo dos vinhedos. A ideia é consolidar esse nome. Hoje, se você for ao PAD-DF, por exemplo, é possível encontrar placas às margens da BR, indicando onde estão essas vinícolas, para consumidores e amantes de vinho.
Que tipo de experiências estarão disponíveis para produtores e consumidores na Expovitis?
Para o consumidor final, teremos palestras sobre vinho e saúde, sobre as oportunidades para se aprofundar no mundo do vinho. Cito, por exemplo, a Associação Brasileira de Sommeliers, que oferece cursos para quem quer conhecer um pouco mais desse encantador e milenar mundo do vinho. Outro ponto importante no mundo do vinho, que nos preocupa, é o contrabando, que se acentuou bastante, principalmente em países vizinhos. Teremos profissionais em nível federal, que estarão debatendo sobre essa questão bem peculiar e predatória do mercado, porque entra muito vinho contrabandeado no Brasil, principalmente nas fronteiras do Paraguai e da Argentina.
Qual a expectativa para mercado futuro da vitivinicultura no DF?
Sou muito otimista quanto a isso. Sou produtor e estou aumentando a área de produção também, sempre que possível. Vejo como uma atividade muito promissora. O vinho que Brasília está produzindo hoje é um vinho que chega ao mercado com qualidade. Conseguimos competir com outras vinícolas do país. Ainda há um certo preconceito com o vinho nacional, mas esse preconceito está acabando. Da pandemia para cá, houve uma valorização, um sentimento de pertencimento do brasileiro, principalmente do brasiliense, pelos vinhos nacionais.
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