Falsa biomédica cursou três períodos de medicina no Paraguai

Grazielly Barbosa, responsável por aplicar PMMA (polimetilmetacrilato) no glúteo da influencer Aline Ferreira, que morreu aos 33 anos, vai responder pelos crimes de exercício ilegal da profissão, execução de serviço de alta periculosidade e indução do consumidor ao erro.

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor de Goiás detalhou os passos da investigação em coletiva nesta quinta à imprensa - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Goiânia — Grazielly Barbosa, responsável por aplicar PMMA (polimetilmetacrilato) no glúteo da influencer Aline Ferreira, 33 anos, não é formada em nenhum curso superior. Ela foi presa pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) de Goiânia por crimes contra as relações de consumo, após Aline morrer em decorrência da intervenção estética.

Em depoimento prestado à polícia, Grazielly alegou ter cursado três períodos de medicina em uma faculdade do Paraguai, mas havia trancado o curso há cerca de 3 anos. A mulher se intitulava como biomédica aos pacientes e nas redes sociais, o que é uma inverdade, segundo a PCGO. “Ela afirmou que fez cursos livres na área da estética, mas isso será apurado. De qualquer forma, mesmo se ela fosse biomédica, não poderia injetar qualquer substância, uma vez que a função só pode ser feita por um médico”, afirmou a delegada-adjunta da Decon, Débora Melo, em coletiva de imprensa promovida na manhã desta quinta (4/7).

Aline passou pelo procedimento na clínica de estética Ame-se,de propriedade de Grazielly, em 23 de junho (foto: Reprodução/Instagram @linefrreira)

 

Grazielly foi presa nessa quarta-feira (3/7). Policiais civis e agentes da vigilância sanitária estiveram na clínica para averiguar a situação do estabelecimento e notaram um alto fluxo de pacientes. “Nossa intenção era ver as questões de legalidade do local, até porque não esperávamos encontrá-la lá, porque a família da vítima havia falado que a autuada teria diminuído o contato com os parentes e até desativado as redes sociais. Mas, ao fiscalizarmos, notamos diversas irregularidades”, acrescentou a delegada.

Morte

Aline passou pelo procedimento na clínica de estética Ame-se, localizada no bairro Alameda P 2, Setor dos Funcionários, em Goiânia, e de propriedade de Grazielly, em 23 de junho. O estabelecimento funciona desde novembro de 2023 e aparece como situação cadastral “ativa” no site da Fazenda. No local, segundo familiares e amigos, a influencer foi submetida ao procedimento de aplicação de PMMA no glúteo, um preenchedor em forma de gel.

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  Consultório de Grazielly Barbosa, onde Aline Ferreira fez procedimento estético. A influenciadora morreu dias depois Material cedido ao Correio
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  Consultório de Grazielly Barbosa, onde Aline Ferreira fez procedimento estético. A influenciadora morreu dias depois Material cedido ao Correio
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  Consultório de Grazielly Barbosa, onde Aline Ferreira fez procedimento estético. A influenciadora morreu dias depois Material cedido ao Correio
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  Consultório de Grazielly Barbosa, onde Aline Ferreira fez procedimento estético. A influenciadora morreu dias depois Material cedido ao Correio
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  Consultório de Grazielly Barbosa, onde Aline Ferreira fez procedimento estético. A influenciadora morreu dias depois Material cedido ao Correio
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  Caso da modelo Aline Ferreira, coletiva na delegacia do consumidor em Goiânia. Delegada Debora Melo Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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  Modelo e influenciadora Aline Ferreira Reprodução/Instagram @linefrreira

De acordo com os parentes de Aline, a influencer retornou para Brasília e dias depois começou a se sentir mal, com febre e dor de barriga. Quatro dias após a intervenção estética, ela passou mal e desmaiou. Foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e, em 28 de junho, sofreu uma parada cardíaca. Os familiares decidiram pela transferência da modelo para um hospital particular do DF, mas, em 30 de julho, ela teve outra parada cardíaca. Na terça-feira, não resistiu e morreu. A causa do óbito foi uma infecção generalizada.

Ilegalidade

Ao Correio, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que a clínica de Grazielly foi interditada pela vigilância sanitária por falta de alvará sanitário e de apresentação de responsável profissional com habilitação técnica.

A reportagem também procurou o Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região (CRBM-3) para saber se a biomédica Grazielly Barbosa tem o registro profissional, documento necessário para atuar na profissão. Em nota oficial, o Conselho esclareceu que não foi encontrado nenhum registro em nome de Grazielly da Silva Barbosa. “O CRBM-3 informa ainda que possui um canal de denúncias no site, acessível a qualquer pessoa que queira formalizar a sua denúncia”.

Darcianne Diogo +

postado em 04/07/2024 10:55 / atualizado em 04/07/2024 12:19