recursos hídricos

"O Descoberto não vai secar", afirma presidente da Caesb

Luís Antônio Reis nega desabastecimento de água do DF nos próximos anos e afirma que dezenas de biólogos, químicos e outros cientistas se dedicam ao monitoramento das reservas da capital do país

Para Luís Antônio Reis, presidente da Caesb, a previsão é que haja um aumento na disponibilidade de produção de água  -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Para Luís Antônio Reis, presidente da Caesb, a previsão é que haja um aumento na disponibilidade de produção de água - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Luís Antônio Reis, afirmou ao Correio que o Reservatório do Descoberto não vai secar. Reis rebateu o artigo de Henrique Leite Chaves, hidrólogo, doutor em hidrossedimentologia, professor e coordenador do Laboratório de Manejo de Bacias Hidrográficas da Universidade de Brasília (UnB), que prevê a redução considerável da disponibilidade de água à população do Distrito Federal. "Conclusões alarmistas", destacou o presidente da Caesb.

Reis ressaltou que a empresa estatal conta com dezenas de biólogos, cientistas, químicos, engenheiros e outros tantos profissionais que se dedicam ao estudo dos recursos hídricos. "Sabemos que o Descoberto não vai secar e ponto", declarou. "Na reportagem, o professor diz ter feito o estudo durante a crise hídrica de 2017 e 2018. De lá para cá, muita coisa mudou. Naquele período, captávamos 5.500 L/s no Descoberto; hoje, captamos 3.700 L/s, mesmo com o aumento da população. Buscamos outras formas de captação, para garantir a segurança hídrica", esclareceu. 

Investimentos

O aumento na disponibilidade de produção de água se deve à implantação de outros sistemas, como o de Corumbá IV, em Goiás; à interligação destes sistemas e à diminuição de perdas. "Então, acredito que as conclusões do professor estejam desatualizadas, mesmo reconhecendo que estamos passando por mudanças climáticas. O fato é que empresa trabalhou, investiu e mitigou essa crise. Além disso, temos propostas de investimentos, de hoje até 2028, de R$ 2,8 bilhões", disse Luís Antônio Reis.

Em relação à interligação dos sistemas, o presidente da Caesb explicou que o objetivo é a ampliar a segurança hídrica da população do DF. "Por exemplo, se faltar água na parte norte da região, temos condição de tirar água do Corumbá, 'jogar' para o Lago Sul, Asa Sul ou Asa Norte e transferir para Sobradinho. A obra ligando o Balão do Periquito, no Gama, ao Jardim Botânico já está em curso e fica pronta em fevereiro do ano que vem".

Com investimento de quase R$ 92 milhões, a ampliação do fornecimento de água do Sistema Corumbá-Jardim Botânico vai beneficiar mais de 340 mil moradores do Setor Habitacional Tororó, Lago Sul, São Sebastião e Jardim Botânico, além de aliviar o sistema Torto/Santa Maria, responsável pelo abastecimento de 11% da população do DF. Também estão em construção o Sistema de Abastecimento de Água Norte e a interligação do Sistema Descoberto-Cruzeiro. "Vale destacar que o Corumbá foi feito para produzir água e gerar energia", finalizou, contrapondo ao professor da UnB, que afirmou que o reservatório foi feito apenas para gerar energia. 

Pouca água

O especialista Henrique Leite Chaves afirmou que, até 2040, o Reservatório do Descoberto pode estar seco e que a região passará de um clima subúmido para o semiárido. Segundo o professor da UnB, essas conclusões estão em um artigo que foi encaminhado para os órgãos responsáveis pela gestão hídrica da capital, mas que até hoje ele não obteve retorno. A Caesb negou ter recebido qualquer documento desta natureza. 


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postado em 02/07/2024 06:00
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