Um articulado esquema criminoso voltado à prática de extorsões comandado por presos lotados no Instituto Penal Plácido Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro, foi desvendado pela Polícia Civil do DF (PCDF).
Nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (20/6), os investigadores cumpriram mandados de três prisão preventiva e de 10 busca e apreensão na capital federal e em dois estados.
De dentro da cadeia, o núcleo formado por detentos do regime semiaberto consistia em aplicar o conhecido golpe do “falso sequestro” em vítimas de todo o país. As apurações começaram depois que um idoso, morador de Taguatinga Norte, foi alvo do grupo, em outubro do ano passado. O homem permaneceu no celular sob ameaça dos autores por 20 horas.
Além da ligação anunciando um falso sequestro, a rede criminosa contava com diversos núcleos, liderada por três autores, que detinham de um aprofundado conhecimento em informática. Segundo as investigações, eles utilizavam disso para esconder os rastros na internet.
Entregas
Delegado à frente do caso, Thiago Boeig, adjunto da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) afirma que os líderes eram responsáveis pela compra de dados de potenciais vítimas em “painéis” disponíveis na internet e depois repassavam os dados para seus comparsas entrarem em contato com as vítimas.
Por ligação, quando os criminosos conseguiam convencer alguma vítima, eles repassavam as informações aos líderes que mantinham grupos de “entregadores” no estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre, Mato Grosso do Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Distrito Federal.
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As vítimas, então, eram orientadas a colocar cartões bancários e objetos de valores em sacola, que, posteriormente, eram recolhidas pelos “entregadores”. Esses faziam saques e transferências, enquanto as vítimas ainda eram mantidas na linha sob ameaça dos autores presos.
Ao fim, os entregadores ainda remetiam os objetos de valor e joias para uma agência dos Correios, em Niterói/RJ, onde eles eram recolhidos pelos líderes do grupo.
Liderança
O principal líder do grupo já havia sido preso pela Polícia Civil do Estado de São Paulo dentro do sistema prisional do Rio de Janeiro, em 2007, enquanto extorquia vítimas de São Paulo. Segundo a PCDF, o autor se especializou nesse tipo de golpe e criou essa variação do golpe com apoio local, aprendeu a ocultar os rastros na internet e ainda criou uma empresa de revenda de joias para destinar os objetos recolhidos na residência das vítimas.
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Em um dos grupos criados pelos golpistas era divulgado um manual de como excluir rastros deixados na internet. “Apesar de toda sofisticação, após diversas diligências de alta complexidade foi possível identificar 10 integrantes do grupo, dentre eles os presos responsáveis pelas ligações, os “entregadores” do Distrito Federal e todos os líderes”, afirmou o delegado.
Após a conclusão investigação, os líderes da organização criminosa tiveram suas prisões preventivas decretadas pela 1ª Vara Criminal de Taguatinga, que também determinou o sequestro valores e expediu 10 mandados de busca e apreensão cumpridos em Santa Maria, no DF, Florianópolis/SC e Rio de Janeiro.
Os autores irão responder pelos crimes de extorsão, organização criminosa e lavagem de capitais, podendo ser condenados até 31 anos de prisão, já os valores sequestrados revertidos para sanar o prejuízo causado as vítimas.
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