Apesar de ser um terreno fértil para o surgimento de artistas de diferentes linguagens, o Distrito Federal enfrenta o problema do abandono de espaços culturais públicos que ajudaram a construir a cena artística da capital. Um deles é o Cine Itapuã, na Praça Lourival Bandeira, mais conhecida como Praça do Cine Itapuã, no Gama.
- Profissionais do teatro falam sobre desafio de produzir no DF
- Organização Box Cultural retoma o comando do Cine Brasília
- Artista pede a volta do Teatro da Praça, que agitou a cultura de Taguatinga
Há um ano, o Correio foi à região administrativa para ver de perto a situação do equipamento cultural. À época, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) disse ao jornal que havia concluído o telhado e que esperava a autorização do Corpo de Bombeiros (CBMDF) para avançar nas obras. No entanto, de lá para cá, a situação pouco mudou. O espaço, que poderia ser utilizado para manifestações de artistas da cidade, como foi por muitas décadas, até o fechamento do local, em 2005, continua sem funcionar.
Carla Geórgia, presidente do Conselho Regional de Cultura do Gama, diz que o Cine Itapoã é pauta presente nas reuniões mensais com a comunidade para debater políticas públicas. O equipamento é uma reivindicação histórica da cidade.
"Queremos que seja revitalizado atendendo a demanda atual da comunidade cultural, que não seja somente uma sala de cinema, mas sim um espaço público capaz de agregar diversas linguagens artísticas, visto que, em nossa cidade, praticamente todos os equipamentos públicos culturais estão em situações precárias de funcionamento, impossibilitando que o Gama cresça artisticamente", aponta Geórgia.
Berço de artistas
Em Taguatinga, é o Teatro da Praça que precisa de investimentos para colocá-lo novamente a serviço da comunidade. O último registro de atividades no local, pertencente ao Complexo Cultural da Escola Industrial de Taguatinga (EIT), no centro da cidade, foi em outubro de 2019. Marconi Scarinci, vice-presidente do Conselho Regional de Cultura de Taguatinga, lembra que foi no teatro que surgiram diversos artistas importantes da região, além de ser palco para espetáculos, shows e exibições cinematográficas. Já se apresentaram no Teatro da Praça nomes como Cássia Eller, Zeca Baleiro, Lô Borges e Arrigo Barnabé, entre outros.
"Taguatinga tem carência de espaços culturais, e o Teatro da Praça é fundamental por ser bem localizado", observa Marconi. De acordo com ele, uma geração importante de artistas se formou no local, que poderia ser mais uma oportunidade de acesso à cultura para a juventude, pois o equipamento fica na mesma área de uma escola da região. O vice-presidente do conselho fala dos anseios da entidade em relação ao espaço. "Primeiro, precisamos de uma reforma urgente. Além disso, é necessário que haja uma política cultural, com editais de fomento para o Teatro da Praça, para que o local seja utilizado e exista de fato", finaliza.
Patrimônio
A reforma total do Teatro Nacional Cláudio Santoro é uma novela que se arrasta há cerca de 10 anos. Além de ser a maior casa de espetáculos da capital da República, o teatro, no coração da cidade, é um dos símbolos modernistas da arquitetura de Brasília, com obra assinada por Oscar Niemeyer e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Atualmente, está em reforma a Sala Martins Pena. O presidente do Conselho de Cultura do DF (CCDF), Luiz Felipe Vitelli, diz que espera pela conclusão e quer ver o resultado. "O que a gente espera, na verdade, é que o teatro volte a funcionar plenamente, com todos os espaços disponíveis para a comunidade. Queremos que seja algo progressivo. Concluída a Martins Pena, que comecem as obras nas outras partes do espaço", enfatiza.
Luiz Felipe ressalta ainda que a importância do Teatro Nacional vai além do Plano Piloto. "Queremos as periferias dentro do teatro também. O nosso sonho é que ele volte a receber grandes espetáculos", completa.
Planejamento
A Secretaria de Cultura informou que há um projeto em andamento para o Cine Itapuã. Segundo a pasta, o valor estimado da reforma é em torno de R$ 7 milhões. O processo está na fase de instrução de licitação. Entretanto, não há um prazo definido para o início das obras.
Sobre o Teatro Nacional Cláudio Santoro, o órgão diz que primeira etapa da reforma, que contempla a Sala Martins Pena e o seu foyer, será entregue no início do ano que vem. De acordo com a secretaria, por se tratar de uma obra de restauro, na qual o cronograma é elaborado juntamente com o andamento das obras, não é possível afirmar com precisão a data final para entrega de todas as salas.
Em março, a Secretaria de Governo havia informado ao Correio que a elaboração de um projeto de reforma ampla do Teatro da Praça seria concluída em maio. No momento, a pasta diz que o projeto arquitetônico tem previsão de conclusão para o fim deste mês.
Sobre o orçamento, a Secretaria de Educação (SEEDF), responsável pelo equipamento público, informa que somente após a conclusão do projeto de arquitetura será possível produzir as demais peças técnicas necessárias para licitar a obra. A SEEDF adianta que o esforço é para que ocorra a licitação, bem como a execução da obra, no segundo semestre de 2024.
Saiba Mais