Os casos de feminicídio em Brasília aumentam assustadoramente. O patriarcado, machismo e padrões de dominação também se baseiam no caráter estrutural que potencializa a violência e objetifica a mulher. Ainda hoje, a desigualdade entre os sexos desencadeia o feminicídio! Há uma omissão, e precisamos refletir sobre a negligência que sustenta essas mortes, repensando as políticas para a proteção e prevenção da violência contra as mulheres. Afinal, os números nos mostram que elas não estão funcionando! Precisamos de redes integradas, inserir os homens nos programas de prevenção; precisamos de formação e inserção no mercado de trabalho para as mulheres, e de creches e escolas para as crianças! Precisamos ouvir os gritos de socorro dessas mulheres! O feminicídio é uma forma de demonstrar poder e domínio do sexo masculino sobre o sexo feminino. A violência é uma forma de demonstrar poder e controle sobre os nossos corpos! Esse domínio gera opressão, uma relação desigual, uma cosificação, hierarquizando as relações, fortalecendo o machismo e o patriarcado, descortinando uma sociedade que fortalece a desigualdade. O aumento dos casos de feminicídio mostra o quanto estamos falhando, e como precisamos de políticas efetivas que rompam com esse ciclo. As medidas protetivas precisam de fiscalização, ou correm o risco de se tornarem inefetivas. O crescimento de ideias conservadoras insere a mulher em lugar de subalternidade, gerando ainda mais violência e opressão, colocando o homem em papel hegemônico em relação à figura feminina, aumentando e potencializando o número de feminicídios. Quando uma mulher é assassinada, a sociedade falhou; todos nós falhamos. E somos responsáveis também! Precisamos de políticas públicas que promovam a igualdade de gênero valorizando a mulher! A figura masculina não pode ser a detentora de nossa vida e morte. Oito mulheres foram assassinadas este ano até agora no DF; estes números não podem ser tratados como fenômenos, mas sim como resultado da desigualdade e silenciamento que sustentam todas essas mortes! Afinal, até quando vai ser necessário sensibilizar para que essas mulheres sejam ouvidas?
"Estamos pedindo socorro
Não temos forças pra lutar
Que a nossa voz possa ser ouvida
AnteS da morte nos levar."
Neusa Maria
Psicóloga especialista em saúde mental,
Cofundadora dos projetos Eu Me Protejo e Renascer.