O Correio entrou na loja Delta Guns — que no fim de semana foi arrombada por criminosos e teve o arsenal de armas furtado —, em Ceilândia. A reportagem verificou que os autores deixaram um verdadeiro rastro de terror no estabelecimento. As fiações do sistema de monitoramento de câmeras foram totalmente retiradas das paredes e danificadas. Para terem acesso à sala cofre, os bandidos arrombaram duas portas de aço, incluindo uma grade altamente reforçada para a proteção dos produtos. Todas as armas estavam empilhadas em prateleiras e identificadas com o tipo e calibre. Um pequeno cofre também foi arrombado e, de lá, os autores levaram dinheiro.
A investigação sobre o caso está em sigilo pela Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) e é tratada de maneira prioritária. Ao longo desta quarta-feira (12/6), os policiais civis estiveram na região em busca de câmeras de monitoramento que pudessem gravar qualquer ação criminosa.
A entrada na loja Delta foi autorizada pelo proprietário do local, Tiago Henrique Nunes. A contabilização das armas está em andamento. São dezenas, mas ainda não é possível quantificar. Segundo Tiago, a maioria dos armamentos estão em nome da loja e não há fuzis. “Não trabalhamos com fuzis, porque não podemos vender armas de calibre restrito, somente os permitidos. São armas longas, incluindo espingardas e carabinas, revólveres e pistolas. A quantidade não chega a 100”, frisou.
Investigação mostra detalhes do crime
Dias antes do furto, o bando usou documentos falsos para alugar um imóvel localizado a poucos metros da Delta Guns. O contrato foi firmado com uma imobiliária da região e o objetivo era facilitar o acesso à loja de materiais bélicos. Os criminosos quebraram parte da parede e conseguiram entrar por um buraco.
Tiago ressalta que todo o sistema de câmeras foi retirado pelo grupo. “Os fios do alarme mostram que eles puxaram tudo. Pode ter disparado uma hora, mas eles arrancaram tudo.” Ele afirma que a loja dispõe de monitoramento de vigilância durante 24 horas e considera ter prestado todo o recurso necessário para a proteção do local. “O que eu pude fazer, nós fizemos. Seguimos todas as regras e, por duas vezes, fomos vítimas de tentativas de furto”, disse.
Em dois anos, a Delta Guns foi alvo de duas ações criminosas. Em ambas, os autores tentaram invadir o local pelo arrombamento da porta e pelo sistema de ventilação, mas sem sucesso. Meses após a inauguração da loja, Tiago foi vítima de uma quadrilha. Na ocasião, em 2022, bandidos se disfarçaram de policiais civis e, com coletes balísticos, entraram na casa de Tiago e apresentaram um falso mandado de busca e apreensão. “Eles foram direto no cofre onde eu guardava as armas, mas desistiram de levar e foram embora”, completou o empresário.
Apesar do medo, Tiago afirmou que não deixará os clientes na mão. “Tiveram pessoas que compraram conosco e depositaram confiança em nós. Temos vários clientes e não vamos deixá-los na mão. Vamos abrir um outro ambiente para poder devolver e entregar o que os clientes confiaram na gente”, finalizou.