A segunda etapa das obras na Avenida Hélio Prates tem trazido transtornos aos comerciantes da região. Lojistas que atuam diariamente no Taguacenter e no Mercado Norte reclamam que a movimentação reduziu de forma drástica desde que os retornos de acesso ao local foram fechados para a reforma. Segundo os proprietários dos negócios, a poeira, que tornou-se parte do cenário, também tem feito com que os clientes evitem o local, além de causar prejuízos por danificar mercadorias.
A Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (SODF) informou que 55% dos serviços previstos em contrato para esta etapa estão concluídos, e a previsão é que ela seja finalizada em dezembro deste ano. A obra para requalificação da via foi dividida em três etapas, e a última ainda está em fase de elaboração do projeto, sem previsão para ser iniciada. "Estamos aproveitando o tempo seco, sem chuva, para avançar na execução dos serviços. No momento, há obras de drenagem, pavimentação, instalação de meios fios, construção de calçadas e reforma de estacionamentos em andamento no trecho situado entre os postos de combustível Pit Stop e Melhor', informou a secretaria, em nota.
Transtornos
O Correio esteve nos comércios para conversar com os lojistas. Gabriela Miguel da Silva, 33 anos, é atendente na loja Embalagens Avenida, localizada às margens da Hélio Prates. Ela alegou que, incialmente, a obra foi recebida com alegria pelos comerciantes e moradores, mas que a demora para finalizar os trabalhos gerou mais malefícios do que melhoras para a região. "É muita terra e poeira, os produtos estragam, a gente tem que ficar trocando as embalagens. Muitos comércios estão fechando em Taguatinga, principalmente aqui no Taguacenter. Nós estamos sendo prejudicados e queríamos as providências. Queremos saber onde está a placa que informa o início da obra e quando está prevista para terminar", desabafou.
Carlos Duarte, 48, é proprietário das lojas Donna Decor e Donna presentes. Trabalha no mesmo local há 35 anos e se disse desmotivado com o cenário em que os empreendimentos encontram-se atualmente. "Eles tiraram os acessos para entrar no Taguacenter, interditaram os retornos e, agora, as pessoas não conseguem chegar às lojas com facilidade. Isso reduziu demais a nossa clientela e, há um ano, nós estamos enfrentando sérios problemas com o número de vendas", lamentou. Carlos contou que, recentemente, fez um levantamento para comparar os número de vendas e concluiu que, de 2022 para 2024, o valor movimentado caiu em 70%.
No Mercado Norte, Carlos Henrique Gomes dos Santos, 42, proprietário do Armarinho Rodrigues, teme que o cenário continue negativo após o término das obras. "Com os retornos fechados e o acesso dificultado, os clientes que saiam da Ceilândia, do Guará e do Sudoeste não vêm mais. A gente perdeu cerca de 40% da clientela, e pode ser que eles nem voltem depois que a obra terminar, porque eles encontraram outros locais. Essa é uma preocupação. Nós temos compromissos e despesas, não estávamos programados para isso", relatou.
Desde 2013 no Taguacenter, a loja de Luciene Viana da Silva, 42, nunca registrou um movimento tão baixo como agora. Ela reclamou que os funcionários passam o expediente tentando remover a poeira dos produtos e que algumas mercadorias, como itens de decoração e flores, não são recuperados. "Os buracos também atrapalham demais. As pessoas caem porque não tem calçadas — eu já caí, inclusive. Não tem estacionamento para os clientes, todos precisam rodar muito até achar um lugar para estacionar o carro", lastimou.
Com relação ao estacionamento da Quadra 1, a Secretaria de Obras informou que, para minimizar os impactos aos comerciantes, metade do espaço está disponível para uso dos clientes. O acesso é feito pela contramão, na altura do Posto Melhor. Segundo a pasta, essa forma de acesso foi combinada com os lojistas da região. "Assim que concluirmos os serviços na primeira metade do estacionamento, essa parte será liberada para uso. A outra metade, por sua vez, será interditada para a continuidade dos serviços", explicou.
Sobre os atrasos, a secretaria destacou que há algumas interferências técnicas que atrasam a execução dos serviços, tais como adutora de água da Caesb, cabos ópticos das empresas de telefonia e rede de energia da Neoenergia. "Essas interferências, muitas vezes, precisam ser removidas. Esses serviços não são executados pela Secretaria de Obras. Por essa razão, a previsão é que o estacionamento seja liberado em 60 dias". A pasta pediu, ainda, desculpas aos comerciantes pelos transtornos causados pelas obras na região.
Em abril do ano passado, o GDF entregou a primeira etapa das obras na avenida. A fase contou com investimento de R$ 20,2 milhões e revitalizou trecho de aproximadamente 2,5 km de extensão. Na ocasião, somado aos novos pavimentos e calçadas, foram entregues bancos para a população, estacionamento organizado, via marginal e faixa de rolamento em pavimento rígido, além de rede de águas pluviais.
Saiba Mais
-
Cidades DF Corpo de jovem desaparecido é encontrado em decomposição no DF
-
Cidades DF Justiça converte em preventiva prisão de feminicida que matou mulher a facadas
-
Cidades DF Homem que mantinha 20 pássaros silvestres em cativeiro é preso
-
Cidades DF Frio: Ibaneis abre ginásio para abrigar população em situação de rua no DF