Em meio ao festival de comidas típicas presentes nas festas juninas, o arrasta-pé das quadrilhas — com seus comandos de balancê, avancê e anarriê — são o espetáculo esperado pelo público que frequenta as quermesses.
No Distrito Federal, dezenas de grupos se apresentam em competições que têm a missão de manter e preservar as tradições e o brilho de uma das maiores manifestações culturais do Brasil. Três entidades se encarregam de unir as agremiações da capital e Entorno, organizá-las e promover os campeonatos: União Junina, Federação das Quadrilhas Juninas e a Liga das Quadrilhas.
O Correio conversou com o presidente de cada uma dessas organizações para saber mais sobre o trabalho que desempenham e a agenda das competições deste ano, além da história do envolvimento dos gestores com a festa de São João.
Cultura nordestina
Mais conhecido como Júnior, Joanivaldo Pereira do Nascimento, 50 anos, passou a comandar a União Junina neste ano, mas a história dele com quadrilhas vem desde os 16, quando Samambaia mal tinha casas e energia elétrica, e ingressou no primeiro grupo. Antes disso, o contato com a cultura nordestina já vinha de antes, dentro de casa, com a família, originária do Piauí, e que se deslocou para Brasília em busca de melhores condições de vida, com essa tradição na bagagem. "No Piauí, lembro das pessoas, mesmo humildes, trocando gentilezas em formas de comidas típicas e se reunindo em volta de fogueiras. Eu achava aquilo muito bonito. As famílias confraternizaram", recorda ele, que chegou ao quadradinho com 14 anos.
Em 1992, Júnior fundou o grupo Chapéu de Palha, do qual também é presidente até hoje. Já na União Junina, cuida da agregação de 18 grupos, que, juntos, somam cerca de 900 quadrilheiros, fora as equipes técnicas, sem as quais os espetáculos não ocorrem. A entidade foi fundada em 2015.
"A quadrilha junina também é um caminho para os jovens da periferia por meio da arte e da tradição. Muitos tiveram a vida transformada pelo movimento junino. Isso é que me dá satisfação de trabalhar com quadrilhas todos esses anos", afirma Júnior.
Sem perder a essência
Robson Vilela, 40, é presidente da Federação de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno, da qual são filiados 15 grupos, com um total de cerca de 1,2 mil quadrilheiros, também sem contar as equipes técnicas. Filho de um mineiro com uma piauiense, é nascido e criado na mais nordestina das cidades do DF: Ceilândia.
Fusca, como é mais conhecido, começou a dançar em quadrilhas aos 15 anos, no grupo Sanfona Lascada, do qual se tornou presidente em 2008. "Era comum ver grupos ensaiando nos bairros de Ceilândia, além de outras manifestações culturais de origem nordestina", diz, ao lembrar dos tempos da infância. "E a federação surge para preservar e manter vivas as tradições. É fazer a quadrilha sem perder a essência", explica Vilela.
Além das competições regionais do DF e Entorno, a entidade também envia grupos para competições em outras unidades da federação, como no Piauí, Paraíba e Pará. O grupo Sabugo de Milho é o atual campeão da competição de Tocantins. A Paixão Cangaço é vice do mesmo campeonato.
Da quebrada para o Brasil
A Liga das Quadrilhas do DF e Entorno (LINQ-DFE) tem 22 grupos filiados, totalizando 2,3 mil quadrilheiros. Márcio Nunes, 39, o presidente da entidade, é de Ceilândia. A primeira quadrilha dele foi a Chamego do O, referência ao Setor O de Ceilândia, a quebrada de Márcio. A Chamego do O encerrou suas atividades em grande estilo, em uma última apresentação no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, nas Olimpíadas de 2016. Nunes era presidente do grupo desde 2006.
Em 2012, virou diretor de eventos da Liga das Quadrilhas. Dois anos depois, chegaria ao cargo de presidente pela primeira vez. Atualmente, segue no mandato de presidente, que começou em 2019. Márcio também deve a sua paixão à origem nordestina da família. "Minha mãe é paraibana e meu pai, baiano. Então, sempre tive contato com o universo da cultura nordestina. E sempre teve festa junina em casa e na rua onde eu morava", recorda.
A atuação de Márcio já ultrapassa as divisas do Distrito Federal. Ele ajudou a fundar a entidade que representa as quadrilhas juninas do Mato Grosso e, em janeiro, tornou-se vice-presidente da Confederação Brasileira de Entidades de Quadrilhas Juninas.
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