ENTREVISTA

Excesso de telas prejudica relações entre as pessoas, diz especialista

Ao CB.Poder, a psicóloga Larissa Polejack disse que à medida que as pessoas param de se relacionar com outras elas ficam emocionalmente mais fracas

A tecnologia ajuda bastante as pessoas, mas o uso excessivo dela pode atrapalhar o relacionamento dos usuários fora da ferramenta, alertou a diretora de Atenção à Saúde e professora do Departamento de Psicologia Clínica da UnB, Larissa Polejack, durante o programa CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (6/6). Às jornalistas Sibele Negromonte e Mila Ferreira, a especialista comentou que, atualmente, as crianças estão cada vez mais ligadas a aparelhos tecnológicos.

Larissa Polejack explicou que a tecnologia ajuda no acesso ao conhecimento e no contato com pessoas que estão distantes, algo que durante a pandemia da covid-19 foi crucial, mas, com o tempo, os indivíduos desaprenderam a estabelecer conexões afetivas e relacionais cara a cara com outras pessoas. “Ao mesmo tempo em que a tela nos abre caminhos para outras possibilidades, ela também pode funcionar como um muro que impede a nossa disponibilidade afetiva de estar em relação com os outros no aqui e agora”, descreveu.

De acordo com a especialista, à medida que as pessoas começam a parar de estabelecer conexões afetivas e vínculos, elas enfraquecem e ficam pobres emocionalmente. “Isso tira dos indivíduos a capacidade de resiliência, empatia e cuidado uns com os outros. É muito importante que consigamos dividir e diminuir o tempo de tela — acesso a aparelhos tecnológicos”, pontuou.

A forma como alguns pais entregam celulares e tablets para os filhos muito cedo é um sintoma que mostra a dificuldade dos humanos de disponibilidade afetiva para estar com os outros. “Dá mais trabalho ficar em interação, conversar e colocar limite para uma criança pequena. Aparentemente, é mais fácil entregar um objeto intermediário que vai resolver a situação naquele momento, o que envolve diversas questões. Primeiro, o que estamos ensinando com esse comportamento? Será que estamos conseguindo nutrir aquele ser para se constituir como ser humano? Isso já vinha acontecendo há algum tempo. Antes, as crianças eram criadas pela TV, e agora é pela internet”, finalizou.

Veja a entrevista na íntegra

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 

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