Áreas verdes são essenciais para a qualidade de vida da população, seja como espaço de lazer, seja pela garantia de ar e água de melhores qualidades. As unidades de conservação (UCs) sob responsabilidade do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), órgão executor de políticas públicas ambientais e de recursos hídricos do Distrito Federal, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, somam 520 mil hectares de áreas protegidas.
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Christian Della Giustina, doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), enumera alguns dos benefícios da existência desses espaços para a população da capital. "Evita ilhas de calor, proporcionando conforto térmico. A infiltração da água da chuva no solo evita enchentes e abastece as nascentes, garantindo segurança hídrica", diz o especialista.
Outro aspecto comentado por Giustina é a beleza cênica das áreas verdes na zona urbana. Como exemplo, ele cita o Parque Olhos d'Água, na 214 Norte. "Esses espaços também são pontos de encontro da comunidade. A população não os abandona, usa para fomentar as relações sociais, o que fortalece o sentimento de pertencimento", observa.
Por outro lado, Giustina aponta a falta de cuidado com as UCs do DF. "Dos cerca de 80 parques de Brasília, poucos funcionam como deveriam. Em muitos faltam estrutura, como trilhas, segurança, iluminação e programas de educação ambiental, problemas que são mais observáveis nas unidades localizadas nas regiões periféricas da cidade".
Conservação
Na capital, 86 unidades de conservação estão sob a gestão do Ibram, que informa que mais de 90% do Distrito Federal é composto por áreas protegidas. Além das UCs, o DF é coberto por Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que não são de proteção integral, mas têm proteção ambiental. Em algumas podem conter até cidades e empreendimentos, mas dentro dos parâmetros ambientais de preservação.
Na Asa Norte, o Parque Ecológico Olhos D'Água é um exemplo de UC bastante frequentada pela comunidade. Com arborização, pistas para caminhada e trilhas, o parque também abriga nascentes em plena zona urbana. O servidor público Rafael Moura, 39 anos, é um dos frequentadores do local. Ele mora próximo à unidade e diz usar o espaço, em média, três vezes por semana. "É um ponto de encontro e toda a comunidade ajuda a área. Brasília já é arborizada, mas o parque tem uma concentração maior de árvores", observa Moura, que também destaca o fato de não haver circulação de veículos no parque.
O engenheiro Paulo Sérgio de Marco, 72, vai ao parque semanalmente com a esposa, Luiza Sobral. Para ele, a área serve para descansar e fazer caminhadas. "A qualidade de vida aumenta muito. Porque você sai da zona urbana conturbada e vai para o sossego, para o contato com a natureza", reflete.
Recentemente, Isabel Ashiuchi, 21 anos, passou a observar pássaros com binóculos. A estudante de veterinária confessa que não visitava muito os parques do DF, mas agora, com o novo hobbie, isso deve ocorrer com mais frequência. O Parque das Garças e o Jardim Botânico também estão na lista de destinos dos apreciadores do meio ambiente. "É importante ter esse contato com a natureza e não deixar o espaço urbano tomar conta de tudo. Espaços assim também são importantes para regular o clima. Amo o fato de que o Plano Piloto tem árvores para todo canto, não só dentro dos parques", afirma.
Reservas
As reservas biológicas consistem em outro tipo de unidade de conservação, diferente dos parques, que são abertos a visitações e atividades recreativas e turísticas dentro dos seus limites. Já as reservas biológicas, por sua vez, têm acesso mais restrito, geralmente para pesquisas científicas e programas de educação ambiental, sempre mediante autorização prévia.
Estão sob gestão do Ibram as reservas biológicas do Cerradão, do Gama, do Guará e do Rio Descoberto. "Onde existe uma importância ambiental muito grande, por conta da fauna, da flora e de recursos hídricos, cria-se a reserva para que aquela área tenha mais proteção e se evite qualquer dano ambiental, seja pelo ser humano ou por espécies invasoras", explica Rôney Nemer, presidente do instituto.
"As reservas são importantes para preservar um futuro melhor para todos, para a qualidade do ar, da água e do ambiente como um todo", acrescenta Nemer.
Nelson Rodrigues é integrante do Guardiões do Meio Ambiente, grupo de ambientalistas que luta pela preservação do Cerrado no DF. Ele chama atenção para a importância das unidades de conservação como medida para a preservação das espécies da fauna e das nascentes. "A ocupação desordenada vem acabando com os poucos pedaços de Cerrado que ainda resistem", analisa.
Nelson também defende a criação de túneis para a passagem de animais silvestres em regiões cortadas por rodovias para evitar que animais sejam atropelados em estradas no DF. "A fauna é a mais prejudicada com a ocupação desordenada. Os animais acabam indo para a zonas urbanas em busca de alimento ou fugindo de queimadas", explica.