ESPORTE

Atleta brasiliense representa o Brasil no Mundial de Para-Standing Tennis

Número 1 do mundo, Thalita Rodrigues está empolgada para participar da competição este mês e sonha que a categoria em que compete vire modalidade paralímpica

Os sonhos da paratleta de tênis Thalita Rodrigues, 29 anos, estão cada vez mais próximos de se realizarem. Atual número 1 do mundo no Para-Standing feminino, ela conseguiu os recursos necessários para pagar a passagem aérea e vai representar o Brasil no mundial da categoria, que será realizado em Turim, na Itália, entre 20 e 23 de junho. A jovem brasiliense, moradora de Arniqueiras, arrecadou o dinheiro para arcar com as despesas da viagem por meio de uma vaquinha on-line.

Thalita conta estar empolgada para participar da competição mundial e sonha que a categoria que ela disputa vire modalidade paralímpica. Ela nasceu sem o antebraço esquerdo e competia contra atletas sem deficiência, pois a modalidade era restrita a pessoas cadeirantes.

"O Mundial da Itália terá jogadores de todos os países, então, para a gente é um grande avanço. Nossa categoria está se preparando cada vez mais para conseguir entrar na paralimpíada. Esse é o meu maior objetivo e sonho", ressalta Thalita, que coleciona conquistas na carreira como esportista. Em janeiro deste ano, ela alcançou o segundo lugar em uma competição de duplas do torneio Oceania Para-standing Tennis Championship, na Austrália. No mundial do ano passado, na Itália, a paratleta foi a grande campeã.

Thalita começou a disputar no Para-Standing Tennis, que é apoiado oficialmente pela Federação Internacional de Tênis (ITF) desde 2024. A categoria é para pessoas com deficiência que atuam em pé — a atleta nasceu sem o antebraço em decorrência de uma doença contraída pela mãe durante a gravidez, a rubéola. "No ano passado, houve 40 tenistas da categoria. Neste ano, já são mais de 100. Só está crescendo e eu estou muito feliz. Estou treinando muito, me preparando desde o começo do ano", afirma a paratleta.

Apesar de celebrar o sucesso da arrecadação on-line, Thalita chama a atenção para o fato de que falta patrocínio de empresas ao esporte. "Haverá um torneio em Barcelona, uma semana antes do da Itália. Eles marcaram a data próxima para a galera conseguir ir nos dois. Só que eu não consegui verba para ir e decidi focar só no da Itália", relata a paratleta, que começou a jogar tênis aos 8 anos de idade.

Para Thalita, o tênis ajuda nas habilidades física e mental. "O tênis me deu muita qualidade de vida, por eu estar sempre me movimentando, mas também no âmbito mental, de saber lidar com os problemas, de ter paciência. É um esporte lindo, que representa tudo o que sou hoje", diz. Ela defende que o esporte é uma ferramenta de inclusão. O centro de treinamento da paratleta brasiliense leva o nome dela e fica na Associação Portuguesa de Brasília, em Taguatinga. Lá, Thalita também dá aulas de tênis para crianças e adultos.

Trajetória

A história de Thalita se entrelaça com a de Brasília. O amor pelo esporte ela herdou do avô, Seu Sobral, pioneiro que construiu a primeira quadra de tênis de Brasília. Durante a empreitada, apaixonou-se pelo tênis, começou a treinar e tornou-se atleta profissional. Os ensinamentos foram passados ao filho Oséias, 60, pai de Thalita, que seguiu carreira como treinador. A atleta tem três irmãs que também foram treinadas pelo pai, mas apenas ela transformou o esporte em profissão. 

Aos 10 anos, jogou o primeiro torneio e, aos 18, havia alcançado o top três de sua categoria. Thalita faz parte da geração dourada de tenistas de Brasília e, consequentemente, do Brasil. Treinou ao lado de expoentes como Bia Haddad Maia e Thiago Monteiro, sob o comando do premiado técnico Larri Passos. O gaúcho ficou conhecido por treinar Gustavo Kuerten, o Guga, ícone do esporte nacional e tricampeão de Roland Garros.

A dificuldade em conseguir patrocínio sempre assombrou a carreira da atleta. Thalita perdeu dois grandes torneios, na Turquia e no Egito, por falta de financiamento. A saída para continuar treinando de forma profissional foi estudar fora, como bolsista, em universidades dos Estados Unidos. Representando a Universidade de Toledo, onde formou-se em administração esportiva e marketing, ela jogou na divisão 1 do país.

Aos poucos, a paratleta vai chegando mais perto de realizar o maior sonho: que a categoria de tenistas que representa se torne esporte paralímpico. "Estou muito feliz mesmo de estar representando o Brasil. No primeiro torneio, era apenas eu de brasileira. Agora, são sete. Tem muita gente igual a mim", observa.

"Em meus 22 anos como tenista, enfrentei desafios, frustrações e momentos difíceis, mas tentei sempre não desistir. No mundial da Itália do ano passado, passei por momentos complicados, mudei minha estratégia e conquistei a vitória. Na final, minha determinação me levou à vitória e me tornou campeã. Esse momento marcante em minha carreira me mostrou que, com superação e persistência, é possível alcançar o sucesso. Seguirei firme em minha busca por excelência, mantendo vivo o desejo de vencer e jamais desistindo dos meus sonhos", celebra a brasiliense.

 

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O que é para-standing tennis?

É uma modalidade de tênis adaptada para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. Nessa categoria, os jogadores podem permanecer em pé durante a partida, usando próteses adaptadas e com regras que se adequam às necessidades dos participantes. A categoria conta 400 jogadores de 31 países diferentes.