A QSB 12/13 de Taguatinga Sul, às margens da Samdu, é um endereço da região que tornou-se referência de produção cultural: o Mercado Sul. O início da história dos pavilhões de pequenos prédios é ligada ao que o nome sugere. Na década de 1960, o local abrigava um pequeno centro comercial, que perdeu força diante do crescimento de outras áreas da cidade, de acordo com o pernambucano Aguinaldo Algodão, 55 anos, bonequeiro que trabalha no local, atualmente.
"O beco da cultura surgiu no início dos anos 1990, quando o bonequeiro Afonso Miguel, o Fofão, vindo do Piauí, não tinha onde ficar. Hospedamos ele em uma casa, aqui nesse beco", conta. "Ele montou uma oficina de bonecos, que foi aberta para a comunidade, e foi com ela que teve início o movimento cultural do Mercado Sul", detalha.
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A partir daí, segundo Aguinaldo, o beco se transformou. "Vários projetos foram criados, que chamaram a atenção de outros artistas, de outros movimentos, que começaram a frequentar e ocupar o local", relata o bonequeiro.
Ele conta que participa do movimento cultural do Mercado Sul desde o início. "Sempre trabalhei na área de teatro de bonecos e mamulengo, desde os 13 anos, e vim para Taguatinga a convite de um amigo, em 1984", recorda. "Me apaixonei pelo DF, por conta do horizonte amplo que ele tinha, bem diferente de outras cidades, que eram bem 'apertadas'. No ano seguinte, me mudei de vez", destaca.
Legião cultural
De acordo com Aguinaldo Algodão, o amor por Taguatinga surgiu por causa das amizades criadas. "Quase todas estão concentradas aqui. Além disso, conheci um grande polo de cultura, com poetas, músicos, entre outros", destaca. "Com meus amigos, conseguimos criar uma legião cultural. O teatro de bonecos, por exemplo, se fortaleceu muito no DF", avalia.
Opinião parecida tem o agente cultural Juraci Moura, 49, que trabalha no Mercado Sul desde 2010. "Daqui, surgem os grupos que permeiam a cultura do DF. A bonecaria e o artesanato com papelão estão muito fortes no Mercado Sul, por exemplo", ressalta.
Ele comenta que criou um grupo para difundir a cultura por meio de oficinas de pandeiro. "Pesquisei sobre o instrumento feito de papel e passei a ser um luthier do pandeiro de papel do Mercado Sul. Também desenvolvi essa tecnologia para outros instrumentos e criei o projeto Som de Papel, que é um trabalho de produção de instrumentos, em escolas e comunidades, por meio de papelão e saco de cimento", detalha Juraci.