As festas de fim de ano têm uma programação diferente em Taguatinga. Enquanto o futebol está de férias, o futsal amador é entretenimento certo para a cidade com o Torneio Arimateia. Tradição das ruas há décadas, o campeonato organizado por José de Lima Téia, o Arimateia, atrai talentos do mundo da bola e é xodó do público para acompanhar os 21 dias de evento gratuito no Taguaparque.
Mas quem viu a megaestrutura do ano passado, que reuniu 150 mil pessoas ao longo das três semanas de competição, não imagina o começo, lá em 1979. O pontapé inicial foi na rua de casa, em Taguatinga Norte, quando o jovem Arimateia organizou um campeonato com a ajuda dos pais. O prêmio pelo qual os times competiam era uma garrafa de refrigerante e dois pães com mortadela, as traves eram pedras improvisadas e os uniformes eram raiz, feitos com panos de chão pintados. Não precisava de mais, a diversão era certa e o sucesso veio junto.
- Leia também: Confira a programação da festa do aniversário de 66 anos de Taguatinga
- Leia também: Mercado Sul, em Taguatinga, é referência em produção cultural
A quantidade de participantes foi dobrando e a última edição reuniu 104 equipes. Fora das ruas ou das quadras, o público acompanhou o crescimento e a estrutura precisou seguir junto. A competição migrou para o Taguaparque há 13 anos, pensando em acomodar mais gente nas arquibancadas e fazer da final um grande espetáculo, sempre no primeiro domingo do ano. O segredo para tudo dar certo? A cidade.
"Taguatinga é minha vida. Foi aqui que construí tudo. Sem esse lugar não existiria Arimateia. Já chamaram para fazer em outros lugares, até na Esplanada, mas prefiro ficar no meu cantinho", conta o idealizador do torneio. "Não teria como sair daqui, Taguatinga é corpo e alma do nosso campeonato, não seria a mesma coisa se fosse em qualquer outra sede. As pessoas vivem isso, tem uma sintonia especial", complementa.
Nascido em Dores do Turvo, em Minas Gerais, Arimateia veio para a capital com a família em 1962 e logo criou laços com Taguatinga, antes mesmo da lei oficial de criação da cidade. Do campeonatinho de infância organizado junto do pai até o sucesso que seguiu, já são mais de 40 anos proporcionando alegria para a galera.
"Conseguimos fazer algo marcante para a cidade, isso é lindo. Sou muito abraçado por quem vive aqui, sou taguatinguense de coração, eu amo esse lugar, é a cidade céu para mim e minha família. Organizar tudo é uma responsabilidade, o torneio custa na casa de R$ 1 milhão, mas ver tudo quanto é gente nas arquibancadas é emocionante", reflete. "É o povo que ajuda a fazer acontecer, então trazer esse tipo de evento para eles é uma sensação de gratidão e felicidade, ainda mais passando essa mensagem de alegria no período de Natal e Ano Novor", celebra Arimateia.
Lar de craques
Além da diversão, o torneio ainda serve como palco para o surgimento de novos craques do futebol brasileiro, como os candangos Endrick, do Palmeiras; e Reinier, ex-Flamengo. O atual campeão nacional jogou pelo time do Valparaíso, enquanto o rubro-negro vestia as cores do Guará.
"Fico muito emocionado em ver que algo que surgiu lá atrás, de uma brincadeira, se tornar uma maneira, mesmo que indireta, de ajudar esses jovens a realizar sonhos. O torneio também é feito por eles, pela cidade e pelas comunidades. É isso que faz tudo valer a pena e espero sempre ver esses sorrisos", diz. "Mal posso esperar pelas próximas edições, sempre aqui, na minha amada Taguatinga", encerra Arimateia.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira