Junho Vermelho

Campanha conscientiza população sobre importância da doação de sangue

Durante este mês, o Junho Vermelho conscientiza para a ação solidária de doação de sangue. Hemocentro está com estoques baixos dos tipos O , O- e B. Conheça relatos de pessoas que tiveram vidas salvas e saiba quem pode, como e onde doar sangue

Responsável por abastecer com sangue toda a rede pública de saúde, além de instituições conveniadas — como o Hospital da Criança, o Instituto de Cardiologia e o Hospital das Forças Armadas —, a Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) opera, atualmente, abaixo do adequado com os tipos O , O- e B. Para manter o estoque sanguíneo, é necessário o mínimo de 180 bolsas coletadas diariamente e que a corrente de doações se mantenha constante. E, para marcar o Junho Vermelho, o Correio abraça a campanha de conscientização sobre a importância dessa ação solidária que salva vidas.

Uma única doação de sangue pode alcançar até quatro pessoas. "É um ato que salva desde paciente urgentes e pontuais que vão precisar de uma doação na vida ou pacientes crônicos, como pessoas com a doença falciforme, que vão precisar de transfusões com frequência", explica a assistente social Kelly Barbi, gerente de captação de doadores do FHB. "E não há um substituto oficial para o sangue. A ciência ainda não conseguiu produzir um sangue artificial, então é um insumo, uma matéria-prima essencialmente humana, e precisamos que as pessoas se engajem na causa", alerta. 

Sobrevivência

O produtor de vídeos Igor Comorg, 25 anos, foi salvo pela transfusão de sangue quando precisou passar três vezes pela remoção de um cisto na base da coluna, uma cirurgia considerada delicada. "É um problema que acaba voltando. O primeiro procedimento foi feito em 2013, e o segundo, em 2015. A última, mais recente, foi em 2021. Em todas as vezes, eu precisei passar por transfusão de sangue, por serem cirurgias longas, de cerca de quatro horas, e com muita perda sanguínea. Na cirurgia feita em 2015, por conta de uma infecção, o médico chegou a usar três bolsas", conta. "As pessoas não pensam que vão precisar. Mas, se não tivesse o sangue lá, eu poderia morrer. Doar sangue representa vida, é a possibilidade de uma pessoa sobreviver", defende. 

Há seis anos, a moradora de Sobradinho Júlia Gonçalves, 19, precisou fazer uma cirurgia devido ao surgimento de um cisto no ovário esquerdo. Ainda hoje, o ciclo menstrual apresenta alterações hormonais, e o fluxo é intenso, com duração maior do que o normal. Em janeiro deste ano, após uma hemorragia excessiva, acabou desenvolvendo anemia, e precisou repor com duas bolsas de sangue.

"Me sentia muito fraca, como se pudesse desmaiar a qualquer hora. Hoje, sei que poderia ter perdido a consciência se não tivesse recebido a doação", relata. Júlia conta, ainda, que o problema estava prejudicando o estilo de vida dela. "Eu ficava limitada a não fazer atividades que exigiam muito da minha energia", completa.

Kayo Magalhaes/CB -
Kayo Magalhaes/CB -
Kayo Magalhaes/CB -
Kayo Magalhaes/CB -
Kayo Magalhaes/CB -

Doenças crônicas

A motorista de aplicativo Poliana Faustino, 37, é doadora do tipo O-, conhecido por ser universal, e integra o grupo de doadores fenotipados, ou seja, o sangue vai para um paciente específico, que só pode receber determinados marcadores sanguíneos, como pessoas que recebem transfusões por causa de doenças crônicas. "Precisei de doação depois de uma hemorragia causada por queimadura. Essa foi a principal motivação para fazer o que eu faço há 19 anos", conta.

A doença falciforme acomete cerca de 1,5 mil brasilienses que precisam de transfusão para sobreviver. De acordo com o presidente da Associação Brasiliense de Pessoas com Doença Falciforme (Abradfal), Elvis Magalhães, essa é uma situação genética e hereditária, identificada ainda no teste do pezinho, onde o glóbulo vermelho tem forma de foice e, por ter esse defeito, elas são mais frágeis e morrem mais cedo. Assim, as pessoas acometidas ficam anêmicas, com dor e mais propensas a ter infecções.  

"Tem pacientes em que a transfusão de sangue precisa ser feita a cada 40 dias ou dois meses. O sangue para as pessoas com essa doença é uma necessidade para sobrevivência", explica Elvis.

Unidades móveis

Como parte da campanha Junho Vermelho, o Hemocentro de Brasília realizará três coletas externas com a unidade móvel neste mês. Nesta sexta-feira (7/6), a ação ocorrerá na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Gama, das 9h às 16h. Em 14 de junho, o Dia Mundial do Doador de Sangue, a FHB promoverá uma coleta de sangue no Palácio do Buriti, como parte da campanha “Mulheres no Poder Doando Sangue e Salvando Vidas 2024”, liderada pela vice-governadora do DF, Celina Leão. No dia 27, a Presidência da República receberá a unidade móvel de coleta externa, no Palácio do Planalto. 

Condições básicas para doar

» Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente, a recomendação é consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.

» Para respeitar a saúde do doador, homens podem doar a cada dois meses e mulheres a cada três meses, sendo que, no período de 12 meses, homens podem fazer quatro doações e mulheres três.

» Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas. Quem teve covid-19, deve aguardar 10 dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame. Pacientes diagnosticados com dengue clássica devem aguardar 30 dias para se candidatar à doação de sangue. Para a dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses.

» O agendamento individual pode ser feito pelo site ou pelos telefones 160 opção 2, ou 0800 644 0160.

*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti

 

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