No coração da cidade, as bancas e tendas conversam entre si. Pessoas indo e voltando, sacolas cheias e muito bate-papo. Na Praça do Bicalho, em Taguatinga Norte, as ruas são tomadas pelo comércio. Produtos diversos, que atraem de maneira forte os moradores locais e de outras regiões. De fato, se olhar bem, o ambiente inteiro pulsa, não para por nem um segundo. Tem música, pastel com caldo de cana e tudo o que uma boa feira pode proporcionar. Dos 66 anos da cidade, boa parte deles são contados ali.
Mesmo sendo aposentado, a vontade de se manter ativo falou mais alto. José Belarmino, 68 anos, trabalha como feirante há menos de uma década. Antes, funcionário público, hoje, marceneiro e vendedor de quase tudo o que envolve madeira. "Isso é minha terapia, me faz bem. É um passatempo, não é só o fato de ser um serviço. Enquanto Deus me der saúde, vou continuar por aqui", ressalta.
Dentro de casa, leva de três a quatro horas para criar suas peças. Cadeira, gaiola para passarinhos, mesas e outros itens, todos desenhados por Belarmino. E, segundo ele, não se prende muito na hora de fazer. Deixa a criatividade guiá-lo e para confeccionar o melhor objeto. "Tenho minha oficina na garagem. O trabalho vai ensinando a produzir as coisas, tudo depende do tamanho e do design", conta. Sobre a feira, se diz feliz pela oportunidade de conhecer bons amigos, que vão de clientes a colegas de profissão. "Esse lugar é excelente", completa.
Diversidade é a palavra que define o carinho de Carla Monte, 46, com o espaço localizado na Praça do Bicalho. Presença constante aos domingos, procura qualidade e preço em conta. Virtudes que, segundo ela, são marcas registradas do local. "Gosto de comprar de tudo. Verduras, frutas e legumes. Além, é claro, de temperos em geral", acrescenta. Para Carla, a feira é praticamente um evento. Ambiente que reúne conhecidos e garante sempre uma boa experiência.
Paixão matinal
"Eu gosto de vender e amo a feira. Entre nós (feirantes), somos praticamente uma família". Juciel Lima, 35, trabalha como feirante desde 2009. O afeto pela profissão, de acordo com ele, apenas cresceu com o passar dos anos. Atualmente, não se vê fazendo outra coisa da vida. Na banca, oferece todas as frutas que o cliente desejar. Banana, manga, maçã, caqui e muito mais. Em relação às vendas, afirma que os domingos são sempre muito bons. "Todas as feiras de Taguatinga são boas. Não temos do que reclamar."
Por morar perto e conhecer todos os feirantes, Magda Regina Araújo, 69, sente muita confiança em fazer compras na feira da cidade. Pela qualidade, em especial das frutas e verduras, acredita que o espaço é um polo popular da região. Com isso, o ambiente torna-se muito visitado, até mesmo por pessoas que moram em outros pontos de Brasília. "Sou mineira, mas os meus filhos nasceram aqui (Taguatinga). Um deles, inclusive, nasceu no aniversário da cidade. Aqui é excelente, gostamos muito", destaca a aposentada.
Uma tradição que veio do Amapá para o Distrito Federal. Mayk Lima, 27, sempre gostou de passear pela feira aos domingos. Rotina que permanece intacta no quadradinho. Morador de Taguatinga, confessa que os finais de semana na praça são sagrados. É levantar cedo e comprar os produtos que precisa, em especial para o almoço de domingo. "Gosto de adquirir as verduras que vendem aqui, sobretudo pelos preços, que são bem acessíveis. A mercadoria é muito boa", finaliza.