Atordoado pelo prejuízo milionário que sofreu e cercado de fios descascados, paredes destruídas e estragos por toda a loja, Tiago Henrique Nunes, dono da Delta Guns, afirmou com exclusividade ao Correio que, apesar da ação dos bandidos, vai manter o comércio de pé. Porém, o empresário repensa a estratégia de segurança para voltar à ativa, pois em dois anos foram ao menos duas ameaças e uma ação que se efetivou. Em um primeiro momento, o cálculo é que o arsenal de armas furtado na loja de Ceilândia fique em torno de 100 armas longas, revólveres de distintos calibres e pistolas.
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"Jamais imaginei que isso (furto) pudesse ocorrer. Na verdade, quem administra uma loja de armas sabe dos riscos, mas a gente nunca espera. A arma não é um produto barato. Infelizmente, estamos no prejuízo", ressalta. Tiago está à frente do comando de duas unidades da Delta Guns, ambas situadas em Ceilândia. Além disso, gerencia outros empreendimentos, incluindo um clube de tiro.
Com o faturamento mensal em torno de R$ 15 mil a 20 mil, o empresário viu o lucro cair após a troca do governo e o endurecimento das leis impostas para quem quer comprar armamentos. "Antes, tínhamos um ganho de R$ 300 mil a R$ 500 mil. Estamos lutando para sobreviver com nossos estoques", ressaltou.
O Correio entrou na loja Delta Guns, que no fim de semana foi arrombada por criminosos e teve o arsenal de armas furtado. A reportagem verificou que os autores deixaram um verdadeiro rastro de terror no estabelecimento. As fiações do sistema de monitoramento de câmeras foram totalmente retiradas das paredes e danificadas. Para terem acesso à sala-cofre, os bandidos arrombaram duas portas de aço, incluindo uma grade altamente reforçada para a proteção dos produtos. Todas as armas estavam empilhadas em prateleiras e identificadas com o tipo e calibre. Um pequeno cofre também foi arrombado e, de lá, os autores levaram dinheiro.
A contabilização das armas está em andamento. São dezenas, mas ainda não é possível quantificar. Segundo Tiago Nunes, a maioria dos armamentos está em nome da loja e não há fuzis. "Não trabalhamos com fuzis, porque não podemos vender armas de calibre restrito, somente os permitidos. São armas longas, incluindo espingardas e carabinas, revólveres e pistolas. A quantidade não chega a 100", frisou.
Investigação
Dias antes do furto, o bando usou documentos falsos para alugar um imóvel localizado a poucos metros da Delta Guns. O contrato foi firmado com uma imobiliária da região e o objetivo era facilitar o acesso à loja de materiais bélicos. Os criminosos quebraram parte da parede e conseguiram entrar por um buraco.
Tiago ressalta que todo o sistema de câmeras foi retirado pelo grupo. "Os fios do alarme mostram que eles puxaram tudo. Pode ter disparado (o alarme), mas eles arrancaram tudo." Ele afirma que a loja dispõe de vigilância 24 horas e considera ter feito todo o necessário para a proteção do local. "O que eu pude fazer, nós fizemos. Seguimos todas as regras e, por duas vezes, fomos vítimas de tentativas de furto", disse.
Em dois anos, a Delta Guns foi alvo de duas ações criminosas. Em ambas, os autores tentaram invadir o local pelo arrombamento da porta e pelo sistema de ventilação, mas sem sucesso. Meses após a inauguração da loja, Tiago foi vítima de uma quadrilha. Na ocasião, em 2022, bandidos se disfarçaram de policiais civis e, com coletes balísticos, entraram na casa dele e apresentaram um falso mandado de busca e apreensão. "Eles foram direto ao cofre onde eu guardava as armas, mas desistiram de levar e foram embora", completou o empresário.
Apesar do medo, Tiago afirmou que não deixará os clientes na mão. "Pessoas compraram conosco e depositaram confiança em nós. Temos vários clientes e não vamos deixá-los na mão. Vamos abrir um outro ambiente para poder devolver e entregar o que eles confiaram a nós", finalizou.
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