Legislativo

Lei Vini Jr: CLDF aprova projeto que interrompe partidas após atos racistas

O projeto foi enviado ao governador Ibaneis Rocha (MDB) para sanção. O texto da proposta prevê a interrupção e até encerramento de jogos no Distrito Federal em que forem constatados insultos racistas

Vini Jr. venceu a Champions League e é cotado para ser o melhor jogador do mundo. No DF, a proposta precisa da sanção do governador para entrar em vigor -  (crédito: Ina Fassbender/AFP)
Vini Jr. venceu a Champions League e é cotado para ser o melhor jogador do mundo. No DF, a proposta precisa da sanção do governador para entrar em vigor - (crédito: Ina Fassbender/AFP)

A Câmara Legislativa (CLDF) aprovou, em sessão nesta terça-feira (11/6), o Projeto de Lei 429/2023 que institui a política distrital “Vinicius Júnior” nos estádios e arenas desportivas no Distrito Federal. O texto, de autoria do deputado Max Maciel (PSol), prevê a interrupção e até o encerramento de jogos em que forem registrados insultos racistas.

A aprovação do PL foi comemorado entre os distritais, principalmente por Maciel. Para ele, a proposta visa garantir que o combate ao racismo e à discriminação ocorra nos estádios da capital federal. “A aprovação deste projeto de lei é um marco na luta contra o racismo no esporte. Nosso objetivo é transformar arenas e estádios em espaços seguros e inclusivos, onde todos possam desfrutar do esporte sem medo de discriminação”, salientou Max.

O projeto foi proposto em junho do ano passado, quando o atacante do Real Madrid, Vini Jr., foi vítima de ataques racistas durante a temporada passada. Um dos episódios ocorreu em 21 de maio de 2023, quando torcedores do Valencia chamaram o craque brasileiro de “macaco”, no Estádio Mestalla. 

A partida foi interrompida aos 24 minutos do segundo tempo pelo árbitro Ricardo de Burgos. Vini Jr. partiu pela esquerda, quando uma segunda bola entrou em campo e causou irritação dos madrilenhos. Os donos da casa não gostaram da reclamação e dispararam insultos preconceituosos contra o jovem brasileiro.

A paralisação durou cerca de oito minutos. Enquanto os delegados da partida tentavam solucionar a situação, o sistema de som da arena avisava que a partida estava interrompida devido ao mau comportamento da torcida. Como a advertência contra os ataques racistas foram desrespeitados, foi necessário um segundo recado no alto-falante do estádio.

Inconformado, Vinicius Junior começou a discutir com torcedores do Valencia. O técnico Carlo Ancelotti tentou acalmar o brasileiro, mas não teve êxito. Envolvido em uma confusão com o goleiro Mamardashvili na sequência da partida, o melhor jogador do Real Madrid na temporada foi expulso com intervenção do VAR. O atacante acertou a mão no rosto do georgiano.

Para o projeto entrar em vigor, é necessário que o governador Ibaneis Rocha (MDB) sancione.

Punição

Nessa semana, a Justiça espanhola condenou três torcedores do Valencia, a oito meses de prisão pelos insultos contra o jogador. É a primeira condenação na Espanha por um caso de racismo no futebol.

A sentença também proíbe que os torcedores voltem a entrar em um estádio por dois anos. No X (antigo Twitter), o atleta disse que a ação é "por todos os pretos", e agradeceu a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem na condenação. 

"Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas 'jogar futebol'. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos", escreveu.

 "Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí", completou. 

 

 

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postado em 11/06/2024 21:21 / atualizado em 11/06/2024 21:27
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