LAGO PARANOÁ

Cachorros são atacados por capivaras na orla do Lago Paranoá

Os cães da raça american staffordshire terrier estavam na companhia da tutora, nas imediações da Ermida Dom Bosco. Um deles ficou gravemente ferido

O caso ocorreu na tarde de sábado (8/6), na orla do Lago Paranoá -  (crédito: material cedido ao Correio)
O caso ocorreu na tarde de sábado (8/6), na orla do Lago Paranoá - (crédito: material cedido ao Correio)

Dois cachorros ficaram feridos depois de serem atacados por capivaras na orla do Lago Paranoá. O episódio deixou um dos animais em estado grave.

De acordo com a empresária e tutora dos animais, Cristhiani Oliveira, 33 anos, o caso ocorreu por volta das 15h de sábado (8/6), quando ela, o irmão, 38, e a sobrinha, 9, foram passear com os cães Panda, 10 anos, e Trovão, 5, ambos da raça american staffordshire terrier, nas imediações da Ermida Dom Bosco.

“Nós saímos de casa, na 28 do Lago Sul e fomos para lá aproveitar um pouco. O local é bem reservado e nunca tivemos problemas com animais, tampouco com pessoas. Dessa vez, quando chegamos, a Panda foi para a água e, logo em seguida, uma capivara atacou ela”, relata.

Cristhiani disse que os cães estavam sem guia, mas reiterou que quem começou os ataques foram as capivaras. Ao notar que Panda havia sido machucada pelos roedores, Trovão pulou na água para tentar salvar a cadela, mas teve as costas dilaceradas pelo grupo de capivaras. “Quando conseguimos tirar a Panda da água, uma capivara acabou atacando o Trovão. Depois de muito sofrimento, conseguimos tirar ele, mas bastante machucado”, relembra.

“A minha sobrinha ficou muito assustada. A gente imaginava que as capivaras não eram assim, porque sempre pareceram fofas, bonitas, mas, depois desse caso, tenho a concepção de que elas são totalmente agressivas, territorialistas”, diz. 

A tutora explicou que Trovão foi levado às pressas para um veterinário, que o internou. Inicialmente em estado grave, o animal está, agora, estável, sem risco de morte. Ela decidiu procurar a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e pretende entrar na Justiça contra o Governo do Distrito Federal (GDF).

“Ali na orla, vão várias pessoas, famílias. No sábado, foi o meu cachorro, mas, amanhã, pode ser uma criança. É necessário que o governo crie providências, porque ali é uma área de convivência”, alerta.

O Correio procurou o Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Em nota, o órgão informou que é fundamental abordar o ocorrido com a devida cautela antes de imputar a responsabilidade dos ataques diretamente às capivaras. "É crucial entender que tais episódios geralmente ocorrem quando o animal se sente acuado ou quando há filhotes envolvidos, não sendo um comportamento habitual da espécie atacar outros animais sem provocação", informou o órgão (leia a nota completa abaixo).

Capivaras no Lago Paranoá

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram), em maio, discutiu sobre o manejo das capivaras que vivem na orla do Lago Paranoá. O encontro serviu para que participantes analisassem a situação desses roedores — os maiores do mundo —, que têm se envolvido em ataques a frequentadores desse ponto turístico e são apontados como causadores da proliferação de carrapatos na área.

"Estamos abertos a sugestões (da população) para abordar essa questão complexa (das capivaras). Ter conhecimento nos permite tomar decisões fundadas em políticas públicas para proteger a biodiversidade e as populações humanas contra possíveis zoonoses", disse o gerente de Fauna Silvestre do Brasília Ambiental, Rodrigo Santos, à época.

Leia a nota do Ibram

O Instituto Brasília Ambiental, por meio de sua Superintendência de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água, sendo de responsabilidade da gerência de fauna sobre o tema abordado, informa que é fundamental abordar o ocorrido com a devida cautela antes de imputar a responsabilidade dos "ataques" diretamente às capivaras. É crucial entender que tais episódios geralmente ocorrem quando o animal se sente acuado ou quando há filhotes envolvidos, não sendo um comportamento habitual da espécie atacar outros animais sem provocação.

Neste contexto, também é importante averiguar o papel dos tutores dos cães, verificando se os animais estavam soltos e sem coleira, o que poderia ter contribuído para a situação. O Brasília Ambiental, juntamente com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e outras pastas do GDF, está elaborando um edital de chamamento para dar continuidade ao monitoramento da população de capivaras, iniciado em 2022. Esse novo edital pretende expandir as vertentes de pesquisa, incluindo possíveis estratégias de manejo dos animais, caso seja identificada tal necessidade. Inclusive, recentemente, o Brasília Ambiental realizou uma consulta pública aberta a população para debater o tema, em 17/4/2024 (Participe da Consulta Pública sobre Projeto de Monitoramento das Capivaras no DF – Brasília Ambiental (ibram.df.gov.br).

É importante destacar os resultados do estudo anterior, que indicaram a ausência de superpopulação de capivaras na orla do Lago Paranoá. Outro dado relevante foi que as análises realizadas mostraram uma relação fraca entre a abundância de carrapatos e a presença de capivaras na região (Fonte - IBRAM). Isso sugere que as capivaras não são os principais vetores de pragas ou doenças na área.

A política pública do GDF para qualquer tipo de controle dessa população será baseada no monitoramento e na pesquisa, garantindo um equilíbrio ecológico e a convivência entre os animais e os moradores. Medidas para evitar novos incidentes consistem basicamente na conscientização dos residentes em evitar espaços com esses animais e seus pets. Retirar um animal do seu ambiente natural não deve ser a principal medida a ser adotada em situações de conflitos pontuais, mas, sim, a compatibilização harmoniosa entre as partes. Este tema é de extrema relevância para a comunidade e estamos comprometidos em garantir a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos.

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postado em 10/06/2024 23:37 / atualizado em 11/06/2024 16:28
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