Por mais que pareça inofensivo, o descarte de pequenos resíduos de lixo, como copos descartáveis, canudos e chiclete, pode causar grandes impactos ambientais. O Correio conversou com especialistas que comentaram quais problemas esses costumes podem gerar para a natureza, como, por exemplo, a destruição das nascentes quando os itens chegam até elas, além da morte de muitos animais ao confundirem os rejeitos com alimentos.
A doutora em Desenvolvimento Sustentável Izabel Zaneti comenta que, por mais que as pessoas acreditem que descartar pequenos resíduos, como canudos, copos plásticos e sacolas nas ruas, possa ser inofensivo, o efeito é bastante problemático. "O impacto do descarte irregular dos pequenos resíduos tem o mesmo efeito que os maiores", descreve.
Uma solução destacada pela especialista seria a criação de campanhas para conscientizar as pessoas. "Falando sobre o prejuízo que isso gera para nossas vidas. Ensinando a separar os resíduos para a coleta seletiva e a fazer uma reflexão sobre as mudanças climáticas, falar sobre os resíduos, pois todos esses objetos — canudos, sacolas e copos — podem ser reciclados. Existe uma infinidade de cartilhas", explicou.
De cara nova
O Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU-DF) informa que realiza diversas ações de conscientização ambiental junto à população do DF, exatamente para evitar que essas pequenas atitudes de descarte irregular de resíduos gerem grandes impactos para o meio ambiente. Um deles é o projeto De Cara Nova, que visa acabar com os maiores pontos de descarte irregular. Essa ação, segundo a instituição, é realizada em todo o DF com a limpeza, cercamento e revitalização de áreas que têm esses problemas recorrentes.
O SLU informa que, em relação à reciclagem, existe o Mobilização em Ação. A iniciativa percorre as ruas do DF com vários mobilizadores ensinando sobre o descarte correto e a separação do lixo, assim como seu condicionamento. Tudo isso para evitar o descarte incorreto do lixo, pois isso pode determinar se os resíduos podem ser reciclados ou não. De acordo com o levantamento da SLU, foram recolhidas cerca de 711 mil toneladas de resíduos no ano passado, mas apenas 53 mil foram encaminhadas para a reciclagem, ou seja, 7,45%. Dentro desta porcentagem, há aproveitamento de cerca de 42% a 87% dos resíduos.
A coordenadora de gestão das águas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal (Sema-DF), Elisa Meirelles, reforça o pedido da separação correta dos resíduos e comenta que o descarte irregular de plásticos, canudos e copos descartáveis representam um problema ambiental, pois se acumulam no meio ambiente e provocam poluição ambiental e visual. "Podem parar em bueiros, nascentes, córregos, rios, lagos e mares, causando poluição e afetando a biota terrestre e aquática", pontuou.
Danos aos animais
Os animais também sofrem bastante com esse descarte irregular. Ana Cristina de Castro, médica veterinária do Zoológico de Brasília, comentou que o chiclete representa sérios riscos para as aves. "Elas confundem chiclete com alimentos. Quando engolem, ele pode ficar preso na garganta, bloqueando a passagem de ar, água e alimentos. Isso pode resultar em asfixia e morte delas", alertou. Além disso, outros materiais também podem ser maléficos para os pássaros, como tampas metálicas de garrafas, que podem causar lesões internas e intoxicações ao serem ingeridas.
De acordo com a especialista, além das aves, outros animais também sofrem ao confundirem resíduos plásticos com alimento. "Tartarugas podem ingerir plástico que se assemelha a alguns alimentos naturais. Isso pode causar bloqueios intestinais e morte por desnutrição ou sufocamento. Além disso, plásticos e outros resíduos descartados ajudam a disseminar doenças e prejudicam a sobrevivência da fauna", finaliza.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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