Inaugurado em 1966, o Teatro da Praça foi um importante espaço de fomento cultural por cerca de 53 anos. Nas dependências do espaço, estudantes, artistas e moradores de Taguatinga criavam e consumiam a arte local. Hoje, o teatro está fechado, desde 2019, e militantes culturais que conheceram e viveram a história do lugar lutam por sua reabertura.
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A produtora e ativista cultural Cléria Costa, 58 anos, é taguatinguense e cresceu frequentando o teatro. Cléria reconhece que o espaço contribuiu diretamente para que se tornasse a profissional que é hoje. "Eu tive a oportunidade de crescer em uma cidade que pulsava arte e cultura, em todos os lugares fervilhavam os movimentos culturais, as companhias de teatro, as bandas de música, exposições, saraus e semanas de arte", detalhou.
Considerado um berço cultural, do Teatro da Praça surgiram a companhia de teatro Celeiro das Antas e o grupo Retalhos, nos quais vários integrantes tornaram-se nomes famosos no Brasil. O Hierofante de Humberto Pedrancini e Mamulengo Presepada, de Chico Simões, também tiveram a mesma origem. "Na música, passaram pelo Teatro da Praça o Luiz Melodia, o Arrigo Barnabé, Cássia Eller, Renato Russo e alguns clássicos como Johnny Alf", informou Cléria. Nomes conceituados das artes plásticas, como Omar Franco e Fernando Carpaneda, hoje um dos artistas mais proeminentes de Nova Iorque, estiveram no teatro.
Dos momentos que mais marcaram Cléria durante a juventude vivida no teatro, a ativista citou a Semana de Arte Moderna do local, em que vários artistas taguatinguenses marcaram presença no espaço durante uma semana inteira de programação. "O Temporadas Populares também me marcou, nós recebemos artistas que estavam no início da carreira ou que já eram consagrados da música popular brasileira. Nós pagávamos um valor simbólico para entrar, como se fosse R$ 2 hoje e podíamos ver espetáculos que eu nunca esqueci. Isso tudo aconteceu, mais ou menos, na metade dos anos 1990, foram seis meses bem agitados, de programação de quinta a domingo e eu estava sempre presente", contou.
Para a entrevista, Cléria levou uma publicação de Ivaldo Cavalcante, "Taguatinga: duas décadas de cultura", em que o fotógrafo reúne fotografias da história da cultural e da vida cotidiana de Taguatinga, registradas em sua maioria nos anos 1980. O Teatro da Praça está em diversas páginas da publicação.
Para a aniversariante Taguatinga, Cléria desejou "que o Teatro da Praça volte a ser um centro cultural de múltiplas linguagens, que contribua para a formação e desenvolvimento de crianças e jovens e sirva de entretenimento para os mais velhos. Tenho orgulho dessa cidade e espero que as novas gerações possam desfrutar das oportunidades que eu tive."
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