Há 22 anos sem realização no âmbito internacional, desde uma edição no Chile, a Convenção Jovem Maranata foi encerrada, em Brasília, na noite de ontem — com adesão de delegações vindas do Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Argentina e Equador, além do Brasil. O evento mobilizou mais de 20 mil cristãos integrados à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Logo na entrada das atividades, que se estenderam por três dias na Arena BRB Mané Garrincha, o tradicional "bom-dia" era trocado por saudação típica adventista: "feliz sábado".
Estudante e professora de idiomas, Karol Lourenço, uma líder jovem de 26 anos, que veio de Goiânia, celebrou o regresso, depois de "aumento da comunhão com Deus", e ânimo empolgado para aplicar as ideias advindas da experiência casadas com o "compromisso de fazer novos voluntários". Amiga de Karol, Mayara Lourenço, 26 anos, estudante de nutrição, veio de São Paulo, e disse que ficou impressionada com o encontro de tanta gente envolvida em prol da religião no mundo.
"Achei ótimo ver pessoas com semelhanças nos objetivos, mesmo em âmbitos culturais tão diferentes. Há quem busque felicidade apenas nas coisas extraordinárias, aqui, com o mínimo de voluntariado, ela (a felicidade) chega", avaliou. Aos 25 anos, o pastor Leandro Araújo, que acompanhava as moças, contou da experiência no Colégio Adventista de Águas Claras. "O objetivo maior (na convenção) foi ampliar a experiência com Deus e o serviço ao próximo", avaliou.
Jorge Rampogna, diretor de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia para a América do Sul, explicou as etapas da reunião de lideranças jovens: "Fizemos treinamentos em projetos sociais, criamos redes de ajuda humanitária e incentivamos ações relevantes relacionadas a refugiados. Acreditamos que o jovem não seja o futuro, ele é o presente". Jorge ressaltou que o propósito de envolver a juventude foi atingido. "Revemos a ideia de juventude perdida, ao ver 20 mil pessoas, orando, cantando, lendo a Bíblia — vemos que eles, os jovens, são uma oportunidade para a sociedade. Há esperança, com os jovens que abraçaram o conhecimento de Jesus e a esperança", avaliou.
Dedicação
Diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) para a América do Sul, Paulo Lopes conta que, em três semanas, a entidade auxiliou mais de 20 mil pessoas no Rio Grande do Sul, e pretende alcançar mais de 70 mil, nos próximos meses. Em Porto Alegre, os adventistas do sétimo dia mantêm quatro abrigos com capacidade de 2 mil pessoas cada. "Atuamos por lá, na higienização de roupas, na manutenção de cozinha industrial, entrega de produtos de higiene e de limpeza e arrecadamos montantes para compra de medicamentos e mobílias", enumerou
A transversalidade cultural do evento impressionou o agente de trânsito Edson Leda, 42 anos, vindo de Manaus com grupo de amigos. "Saímos (daqui) com mais vontade de levar adiante a assistência social, numa escala física, mental e social. Entoamos muito nossas música doutrinárias, que não mexem só com sentimentos, mas ensinam novas doutrinas", revelou.
A maquiadora Karine Melo, 23 anos, integrante do grupo Manauara, contou dos trabalhos missionários de assistência, e da dedicação de se abster do comércio, aos sábados. "Não perco nada (com isso), pelo contrário: Deus abençoou muito. É um dia de bem-estar. Nós, por exemplo, criamos grupo de ações junto a catadores de lixo, com corte de cabelo, limpeza de pele", disse.
O namorado de Karine, o funcionário público Vitor Angeoles, 25 anos, compareceu com a amiga Tainara de Araújo, 27 anos, administradora, sob a responsabilidade de liderança e de manter a "chama acesa, para ajudar". Também de Manuas, Heloara Passos, 35 anos, assistente social, disse que o momento é de "renovação espiritual, com workshops muito diferenciados". Sobre Brasília, Heloara classificou a visita à Torre de TV como "experiência única". "O trânsito é perfeito, as pessoas, receptivas e hospitaleiras", completou.
Harmonia
Vindas de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), a conselheira de jovens Nelda Fernandez, mãe do pastor Richard Zaconeta, contabilizou ganhos com a exigente viagem de mais de dois dias de ônibus. "A juventude brasileira é fervorosa, dinâmica, uma verdadeira fortaleza", elogiou. Junto com ela, a enfermeira Noemi Gapu, 29 anos, contou do privilégio do primeiro passeio fora do seu país.
"Tudo está perfeito: levo a experiência de liderar melhor e vou mostrar a todos como ser uma pessoa mais sociável", disse. No grupo, Liseth Ardaya, 25, administradora de empresa, enfatizou a descoberta da juventude do Brasil. "Na Bolívia não se vê tanto essa energia, aqui há muita alegria e comunicação", sublinhou.
A harmonia entre as nações foi a meta das orações dos religiosos que se deslocaram até a Praça do Buriti, na Caminhada pela Paz. Orações, redes de solidariedade, multiplicação da fé e a troca de experiências com estrangeiros desse segmento dos protestantes nortearam os cristão seguidores do movimento profético na Maranata. Um dos pontos mais impressionantes foi a completa leitura da Bíblia, em 30 segundos: simultaneamente, os participantes leram (cada) uma média de dois versículos do Livro Sagrado.
Vindo de Conselheiro Lafayete (MG), o pastor Márcio Almeida, 46 anos, faz questão de posar para a fotografia com um gesto extraído de jogador de basquete, mas reforça que se trata de uma "glorificação a Deus". "Aqui, na Maranata, há uma confiança muito grande. Os pertences ficam largados, sob toda a confiança. Imperam princípios, no coração de uma juventude sem igual: jovens que têm Cristo como modelo. Há imensa paz sentida. Se o mundo inteiro fosse como aqui dentro (do estádio), seria outra a vida", conclui.
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