Além dos tratamentos da medicina convencional, pacientes da rede pública de saúde do Distrito Federal também podem aderir às práticas integrativas em saúde (PIS) oferecidas pela Secretaria de Saúde (SES-DF). As PIS são entendidas como formas de cuidado que abordam a saúde do ser humano em sua multidimensionalidade, atuando nos aspectos físico, mental, psíquico, afetivo e espiritual e objetivam promover, manter e recuperar a saúde em sua integralidade.
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O gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES, Marcos Trajano, explica que são recursos terapêuticos de racionalidades médicas diferentes da medicina convencional, como as medicinas chinesa, ayurveda, homeopatia (plantas medicinais e fitoterapia) e yoga. "A medicina convencional é excelente em dar diagnósticos e estabelecer tratamentos, mas, em algumas patologias, os tratamentos acabam não sendo suficientes para eliminar totalmente o sofrimento do paciente", esclarece Trajano.
O médico ainda explica que as práticas em questão consistem na ampliação da cultura de cuidados, ampliando a quantidade de recursos terapêuticos e a capacidade de o profissional ver o paciente como um todo, favorecendo a adesão terapêutica e o sucesso do tratamento. Marcelo Trajano dá como exemplo a insônia, cada vez mais prevalente na sociedade. "Chega o momento em que o medicamento já está na dosagem máxima e não surte mais efeito. Nesse caso, é aconselhável que o paciente procure uma dessas práticas", sugere Marcos.
Atualmente, na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, são instituídas 17 práticas: acupuntura, arteterapia, auriculoterapia, automassagem, fitoterapia, homeopatia, Lian Gong em 18 terapias, medicina e terapias antroposóficas, meditação, musicoterapia, Reiki, Shantala, Tai Chi Chuan, terapia comunitária integrativa, Ayurveda, Yoga (Hatha e Laya) e a técnica de redução de estresse.
No entanto, Marcos Trajano alerta que as práticas integrativas não substituem os tratamentos convencionais. "O paciente tem que manter o tratamento passado pelo médico", adverte e acrescenta: "Com as PIS, o sujeito é autônomo, pratica o autocuidado, que é diferente, e automedicação. Ele vai observar o ambiente, o próprio corpo e as suas relações, aspectos difíceis de a medicina convencional englobar, além de também auxiliar na tomada de decisões mais saudáveis. Essas práticas também têm menor custo, portanto são economicamente viáveis, e o fato de estarem no sistema público as tona mais acessíveis".
Reiki
Uma das práticas integrativas oferecidas pela Secretaria de Saúde é o reiki, que é baseado na concepção vitalista de saúde e doença, sem qualquer conotação religiosa. "É uma prática que considera a existência de uma energia universal a ser canalizada pelo terapeuta iniciado em reiki. Essa energia universal atua no equilíbrio da energia vital, harmonizando as condições gerais do corpo, da mente e das emoções", explica Miguelina Maria de Alencar Feitosa, referência técnica distrital de Reiki.
Miguelina explica que a aplicação do reiki é feita por meio da imposição das mãos sobre o corpo (aproximação ou toque), com a finalidade de estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. "O Reiki atua desde a promoção em saúde até a reabilitação, é transversal, podendo ser implementado em todos os níveis de atenção (das UBS aos hospitais). É considerada uma prática de baixo custo de implementação e manutenção com diversos benefícios referenciados pelos que dela se utilizam", detalha.
Os benefícios do Reiki passam pelo equilíbrio da energia vital; auxílio no manejo do estresse, da ansiedade e da dor; desbloqueio e equilíbrio dos centros energéticos; e harmonização entre as dimensões da consciência, do corpo, da mente e das emoções.
A servidora pública Fernanda Lopes, 39 anos, tem ansiedade generalizada. Desde 2022, ela vai às sessões de reiki oferecidas pela secretaria. "Comecei a sentir diferença no meu estado psicológico. Houve um episódio em que consegui relaxar em meio a uma forte crise de ansiedade por causa do Reiki. Salvou o meu dia. Consegui continuar no trabalho", relata Lopes, que também relata melhoras no sono.
Yoga
Outra prática integrativa disponível no sistema público da capital é a yoga, sistema amplo e milenar de conhecimento originário da Índia. "Promove o pleno desenvolvimento do ser humano, harmonizando seus aspectos físico, energético, emocional, mental, espiritual, assim como sua interação com o universo em torno de si. Atua na prevenção de agravos, na promoção e reabilitação da saúde por meio de técnicas de respiração, de concentração, de meditação, de relaxamento e/ou de posturas psicofísicas", explica Cristina Serafim, referência técnica distrital de Yoga.
Flexibilidade, tonificação dos músculos, alongamento e fortalecimento das articulações são alguns dos benefícios da prática enumerados por Serafim. "Todas as posições feitas na Yoga são sincronizadas com uma respiração ritmada, que é o que proporciona a conexão da pessoa consigo mesma, autoconhecimento, auto-observação e mais foco. Idosos relatam melhoras no equilíbrio", conta Cristina, que também aponta melhoras no sono, em dores crônicas e no funcionamento cognitivo e da memória. Não há contraindicação para a prática.
Desde 2017 a servidora pública aposentada Joelma Melo de Sousa, 58, pratica Yoga. A princípio era no modo presencial. Hoje, ela pratica por meio de aulas on-line oferecidas pela secretaria. "Durante a pandemia, os dias que tinha Yoga era o que me dava sustentação para o resto da semana", conta. "As pessoas acham que é algo suave, mas exige força e flexibilidade", revela Sousa, que também conta ter percebido uma melhora no temperamento reativo.
Os interessados em participar de alguma prática integrativa devem ir à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa e fazer o cadastro. No site saude.df.gov.br/praticas-integrativas-em-saude é possível consultar todas as práticas, dias, horários e locais que são feitas.
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