Brasília é uma das três capitais brasileiras reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Cidade Criativa do Design, por ser capaz de inspirar a criatividade e a inovação em segmentos como cultura, moda, artesanato e design gráfico. Por isso, designers conhecidos mundialmente irão desembarcar na capital federal para palestras, workshops, exposições e mesas redondas, visando o desenvolvimento urbano sustentável das cidades.
Ao Podcast do Correio, a designer Alessandra Pinheiro e o arquiteto Danilo Barbosa falaram sobre a expectativa para o Fórum Cidades Criativas, que será realizado pela primeira vez no Brasil, de 4 a 7 de junho.
O encontro será um espaço onde haverá propostas de ações concretas para Brasília, Fortaleza (CE) e Curitiba (PR) — também reconhecidas pela Unesco como Cidades Criativas do Design. É o que explica Alessandra, que é diretora de Comunicação do evento, aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Ronayre Nunes.
"É em termos de escala de economia criativa, proposições de negócios e network. Ou seja, é uma área de trabalho e entregas de como vamos realizar ações futuras (para as cidades)", diz. "Para a população, o fórum é um convite aberto. Nele, haverá debates e palestras. Por sermos os anfitriões, no primeiro dia falaremos sobre Brasília. Vamos discutir sobre o que está acontecendo na cena do design brasiliense", adianta.
Alessandra salienta que Brasília é monumental e avalia que as pessoas que moram na cidade se acostumaram a ela e, talvez, tenham perdido a perplexidade de todas as belezas que só a capital do país tem. "Vivemos em um lugar onde a escala monumental nos dá essa sensação de que a escala humana é menor. O design é uma proposição de soluções criativas, mas o próprio desenho também é. Se pararmos para pensar, a própria concepção de Niemeyer e de Lúcio Costa é um desenho. A solução de design para pessoas está em todos os cantos", enfatiza.
Homenagem
O arquiteto Danilo Barbosa é um dos palestrantes confirmados para o primeiro dia de programação. Criador das inconfundíveis placas de sinalização em tons de verde, azul e marrom espalhadas pela área central da capital federal, ele será homenageado no fórum. "Tive a felicidade de chegar a Brasília em 1968. Eu sempre brinco que a cidade me recebeu de asas abertas. Vim para cursar arquitetura na Universidade de Brasília (UnB) e descobri um lado meu, que era o design gráfico", relembra, citando que teve um mestre que, posteriormente, se tornou um grande amigo, o professor Charles Maia. "Depois de alguns anos, em 1979, fui dar aula na universidade com ele. De aluno, tornei-me colega", conta.
Barbosa recorda que quando a capital federal recebeu o título de cidade criativa, em outubro de 2018, recepcionistas de um hotel onde ocorreram as comemorações receberam os convidados com as placas de sinalização criadas por ele, localizadas no Plano Piloto.
"Isso foi uma surpresa muito grande para mim, porque esse trabalho foi muito importante para a concessão do título para cidade. Além disso, tenho tido a oportunidade de conviver com essa nova geração que está produzindo design em várias modalidades, como o urbano e o de arquitetura. Podemos dizer que em tudo há design, porque necessita de planejamento. Exemplos são os designs de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Athos Bulcão", ressaltou.