Entrevista

PSB busca protagonismo e superar 8/1 nas eleições, avisa Valdir Oliveira

Ao CB.Poder, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do DF e atual gerente de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, Valdir Oliveira, afirmou que o PSB, ao qual é filiado, está construindo uma ampla frente democrata para 2026

As articulações políticas que têm como foco as eleições de 2026 no Distrito Federal foram debatidas pelo gerente de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, Valdir Oliveira, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do DF e filiado ao PSB, durante o programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta segunda-feira (20/5). Às jornalistas Ana Maria Campos e Adriana Bernardes, ele também comentou sobre a vitória do ex-deputado distrital Leandro Grass (PV), que teve a inegibilidade derrubada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é um nome forte para o campo progressista.

As dívidas geradas aos pequenos empreendedores após terem obtido créditos financeiros com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), durante a pandemia da Covid-19, também foram debatidas pelo gerente de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional.

Quais são os projetos destinados principalmente aos pequenos e microempreendedores que estão endividados?

Construímos um modelo através de garantia de crédito e queremos fazer um grande impacto nos pequenos negócios nos próximos três anos. Temos o fundo de aval Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), que é para micro e pequenas empresas. Nos últimos 28 anos, esse fundo de aval conseguiu alavancar 30 bilhões em crédito. Queremos fazer nos próximos três anos tudo o que foi feito nos últimos 28. É uma ousadia, mas é necessária para o momento em que estamos vivendo e se encaixou muito bem na construção do governo em relação ao programa Acredita.

As pessoas ainda estão sofrendo muito com os impactos da pandemia?

A grande solução dada pelo governo passado foi crédito, e aí cometeram o erro. Crédito deve ser dado da forma certa. Quando ofereceram o crédito com incertezas sobre como ficaria a economia, e um crédito barato, através do Pronampe, as pessoas pegaram, e aquilo foi um grande cavalo de Tróia. O Pronampe apresentou um presente para os pequenos empreendedores, mas dentro dele havia uma surpresinha chamada Selic, que saiu de 2% para 13,75%, e uma taxa de juros que saiu de 1,25% para 6%. Aqueles pequenos empreendedores que pegaram crédito pensando que iriam pagar 3,25% ao ano, acabaram pagando quase 20%. Hoje, temos 6,5 milhões de pequenos negócios que estão inadimplentes.

Você é filiado ao PSB e, além das funções no Sebrae, tem feito um trabalho político de conversar, reunir e construir uma frente para o partido disputar as eleições de 2026. Como estão as conversas e para onde elas estão avançando?

Essa liderança na interlocução tem sido feita pelo nosso presidente Rodrigo Dias que, apesar de muito jovem, é um político experiente, com sensibilidade, bom trânsito, e tem feito isso institucionalmente, numa conversa mais ampla com os partidos do campo democrático, como o Progressista. Eu, particularmente, entendo que precisamos ampliar mais essas conversas. Acredito que precisamos fazer no DF uma grande preparação para 2026, para um novo momento econômico e cenário político que vamos ter em 2026. Se, antes, tínhamos uma polarização muito forte entre esquerda e direita — que hoje ainda existe, mas que passou desse campo —, em 2026, teremos um embate entre golpistas e democratas. Temos democratas em todos os campos e precisamos conversar com todos. O PSB vai ser protagonista na eleição de 2026, pelo menos estamos construindo esse protagonismo. Sabemos que precisamos ter uma grande união desse campo, que tem grandes nomes e partidos importantes. Precisamos ampliar para aqueles que tenham o princípio democrático e esse valor. O que não podemos aceitar é que Brasília seja lembrada pelo 8 de janeiro, onde, em pleno século 21, tivemos um movimento golpista em um país de extensões continentais como o nosso e com importância para o mundo como o Brasil. É inadmissível imaginar que alguém possa pensar em uma ruptura democrática. O nosso desafio é a nossa construção, para que, em 2026, consigamos fazer um grande embate entre democratas e golpistas.

Acha que Leandro Grass vai ser protagonista nas eleições ou estão trabalhando para que o PSB seja uma cabeça de chave?

Leandro Grass mostrou-se um grande político e uma pessoa de sensibilidade social muito grande. Além de grande habilidade, enfrentou uma eleição difícil, foi vítima de uma grande injustiça e uma grande construção de bastidor, na minha opinião, e conseguiu desmontar isso. A justiça foi feita e, de forma unânime, o TSE deu a ele a condição de protagonismo em 2026. Acho que ele tem condições de fazer uma bela história e ajudar bastante. Agora, não é hora de nomes. Porque identificar um candidato três anos antes de uma eleição tem duas consequências: ou você não quer esse candidato, e isso me lembra muito a questão do boi de piranha, que de repente você coloca alguém lá e põe um alvo nas costas dessa pessoa; ou você está com tanta certeza de vitória que as brigas internas são tão grandes que precisamos resolver o problema. Acho que devemos fazer essa construção com muita conversa, de forma mais humilde. Leandro é muito importante, Rodrigo Rollemberg é muito importante e mostrou-se com seriedade e sensibilidade, como um gestor público deve ter, que é essa empatia. Ricardo Cappelli mostrou, em 8 de janeiro, uma competência e um equilíbrio. O PT tem grandes nomes. Acho que temos tudo para construir uma grande frente, que possa enxergar Cristovam Buarque, o PSD e outros partidos que possam vir para compor essa frente. O PSB tem um grande trunfo e mostrou, tanto com Rodrigo Rollemberg, Ricardo Cappelli e Valdir Oliveira, que temos competência e equilíbrio, fundamental equilíbrio, porque um gestor desequilibrado tem tudo para criar problemas para sua população.

O seu nome também está colocado?

Todos os nomes que estão aí estão colocados, mas não é importante para nós quem será, hoje. Não discutimos nomes, o que discutimos, agora, é ter um projeto forte que possa trazer Brasília de novo para se orgulhar das suas políticas e não se envergonhar daquilo que aconteceu em 8 de janeiro.

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti



 

Mais Lidas