CRIMINALIDADE

Polícia Civil aumenta cerco contra traficantes de drogas

Nos últimos anos, houve significativas apreensões de entorpecentes na capital federal. PCDF aposta na cooperação interestadual

O Distrito Federal é uma das unidades da Federação em que as forças de segurança têm feito grandes apreensões de drogas nos últimos quatro anos, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF). No ano passado, por exemplo, mais de 10 toneladas de maconha e 519kg de cocaína — drogas mais comuns em circulação na região, e contra as que houve seguidas interceptações, em uma linha ascendente por agentes da lei — foram impedidos de chegar às ruas locais. O esforço para evitar que a capital federal perca a guerra contra o narcotráfico é grande e contínuo. Na terça-feira (14/5), a prisão de Thiago Sales dos Santos, um dos principais traficantes da Ceilândia e que tentava dar sequência ao legado ilegal do pai — Marcelo Lourenço dos Santos, o Pantera — é um retrato do combate que se trava em Brasília.

Os números da SSP-DF indicam que o crack é outra preocupação. Em 2021, 121,7kg dessa droga foram recolhidos na capital federal e, no ano seguinte, quase 145kg. Mas, aparentemente, as ações da polícia têm alcançado resultados significativos. Em 2023 foi aprendido 1,1kg do entorpecente com que Santos tentava fazer negócios ilícitos, até ser detido.

A prisão do filho do Pantera era questão de "honra" da operação "Capítulo 1", iniciada em meados de abril. Investigadores da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), chefiada pelo delegado João Ataliba, foram à na casa de Thiago dos Santos, onde encontraram R$ 150 mil em porções de crack, e três pessoas — um homem e duas mulheres — que acabaram acusadas de cumplicidade em crimes previstos na Lei de Drogas. O suposto líder do grupo não foi detido naquela ocasião porque ele não estava no imóvel, localizado na QNN3 da região administrativa.

Cobranças

Sobre o enfrentamento ao tráfico de drogas na capital federal, o delegado titular da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da PCDF, Rogério Henrique Rezende, comentou que há muita expectativa dos moradores do DF quanto a resultados.

"Tratar o tráfico de drogas somente com base no volume do que é apreendido é complicado porque a expectativa da população é que, se há uma grande apreensão em um ano, ainda mais será apreendido no ano seguinte, mas nem sempre isso ocorre. Não podemos esperar um crescimento matemático", explicou.

O titular da Cord cita como exemplo o caso do skunk, uma variação que resulta do cultivo hidropônico da planta Cannabis sativa modificada geneticamente. Em 2021, foram recolhidos 77kg; em 2022, 13kg; e em 2023, menos de um grama. "Neste ano, o que mais tivemos foi apreensão de skunk, que é mais valioso do que a própria maconha. Em 2024, já apreendemos quase 250 quilos de skunk", disse.

Os traficantes, segundo detalhou o policial, utilizam a estratégia de ir para a região do Entorno com o objetivo de que as drogas sejam distribuídas em pequenas quantidades pelo DF.

"À medida que fizemos grandes operações no Entorno, eles passaram a ir se distanciando cada vez mais", enfatizou. "Nossa atuação, tanto no enfrentamento do tráfico local quanto do interestadual se dá pelo monitoramento desses grupos para evitar que as drogas sequer entrem no DF."

Origem

Segundo Rezende, o Mato Grosso do Sul está sob o foco da Polícia Civil do DF devido à articulação de traficantes nesse estado com grupos do crime organizado. "Muita droga vem de Campo Grande, por isso temos cooperação com o Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) de lá", frisou. "Alguns estados da região Norte, como Acre e Pará também nos preocupam."

Para o delegado, a repressão ao tráfico depende da integração entre instituições estaduais.

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública divulgou que está em implementação a Rede Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Entorpecentes. A proposta faz parte do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas.

Mais Lidas